Os dias que se seguiram ao acidente de George foram bem difíceis. Acostumado a ser independente, ágil, o chefe provedor da família, saber que não mais andará e ter os movimentos superiores afetados, além de não se lembrar se algumas coisas o deixou depressivo, perdeu a sua vivacidade, sua alegria e disposição.
Sérgio: — Vamos pai! Eu o levo ao escritório.
George: — Não vou. O que um inválido como eu pode fazer lá?
Sílvio: — Você não é inválido. Tem a sua inteligência. Estou-lhe comprando uma cadeira de rodas moderna que vai facilitar a sua locomoção.
George: — Já disse que não volto aquele lugar! Que não quero nenhuma cadeira de rodas!
Dalva: — Querido, então vamos para fazenda? Era seu sonho! Precisa sair desse quarto!
George pensa um pouco: — O quê vou fazer assim no meio do mato?
Sílvio: — Vamos pai, fará bem aos seus pulmões, respirar ar puro, conhecer novas pessoas…
Sérgio: — E eu poderei trabalhar no que sempre quis, na terra.
George: — E a empresa? Vão deixar tudo que construí se acabar? Onde está seu irmão Marcelo? É com aquele irresponsável que vai ficar tudo?
Sérgio: — Posso vir uma vez por semana a empresa e resolver por telefone a maioria das coisas. E tem o tio César…
George solta um suspiro de decepção e cansaço.
Sílvio: — E hoje há a “internet”, pode ficar a par de tudo dê onde estiver pai.
George: - Façam como quiserem... - fecha os olhos fingindo dormir.
George se fecha, não quer sair do quarto, depressivo reclama de tudo. Dalva e os filhos acreditam que a mudança lhe fará bem, preparam tudo para irem o mais rápido possível a fazenda.
Sérgio vai antes para deixar tudo preparado para receber os seus pais. Fica impressionado assim que começa a subir a serra entrando nas terras da fazenda, as plantações café, de banana, laranja e outras frutas estão abandonadas, mais com alguns cuidados voltarão a produzir, antes de chegar a sede passa por um riacho de águas límpidas, para o carro e fica por alguns segundos apreciando a vista, se sente até mais leve longe da correria da cidade.
" Papai vai gostar daqui" - pensa.
Uma fileira de palmeiras embeleza a estrada próxima à sede, Sérgio respira aliviado quando vê que não há escadarias na entrada como na maioria das fazendas, o mato está alto ao redor de tudo, uma varanda imensa ao redor de toda casa, onde seu pai poderá ficar olhando a paisagem, apesar de abandonada, está muito bem conservada, necessitando apenas de uma pintura, a vista do lugar deixa Sérgio extasiado.
Sérgio é recebido por um senhor, João, que já o esperava, ele abre-lhe a casa, Sérgio vai a abrir as janelas uma a uma deixando a luz do Sol entrar por elas iluminando os móveis antigos, muito bem preservados e de bom gosto. Os cômodos bem espaçosos com portas e janelas bem largas. "Papai acertou em cheio na compra desse lugar".
João: — Patrãozinho pretende se mudar pra cá?
Sérgio: — Sim. Vim dar um jeito em tudo, a minha família virá em breve.
João: - O quê Patrãozinho precisá é só falá.
João mostra tudo a Sérgio, a casa, as estufas, a área dos animais, fala-lhe sobre os poucos moradores que não foram embora por falta de serviço e fica de marcar uma reunião com todos para conhecerem os novos donos.
João mostra a Sérgio onde fica a sua morada e lhe apresenta sua esposa, uma senhorinha simpática, quando Marsé chega para saber como a família de João está de saúde.
Marsé: — Boa tarde! Sou agente de saúde, muito prazer em conhecer o novo morador da fazenda "Bela vista". Se precisar de algo em que eu possa ajudar é só me dizer.
Sérgio: — Prazer! Sou Sérgio Prates. A sua vinda foi providencial. A minha família virá em alguns dias e eu vou precisar de algumas pessoas para nos ajudar, como você deve conhecer todos por aqui.
Marsé: — E o que essas pessoas fariam?
Sérgio: — Vamos precisar de uma cozinheira, de uma arrumadeira e de uma pessoa jovem e alegre para nos ajudar com meu pai que está em uma cadeira de rodas.
João: - Minha muie pode cozinhá, ela fazia isso pros antigo dono.
Sérgio: — Certo seu João. Então vamos precisar de uma arrumadeira e uma ajudante. O seu João vai ajudar-me com o pessoal para limpeza dos arredores, o resto vamos ajeitando com o tempo.
Marsé: — E pra quando o senhor quer essas pessoas aqui?
Sérgio: — O quanto antes...temos urgência em nos mudar.
Da fazenda Marsé vai direto para casa da família Cadache onde conversa com Tião e Pitucha, ao sair Tião a acompanha.
Marsé: — Sebastião, não precisa se preocupar com Ana Paula, ela é uma menina ajuizada.
Tião: — Sei disso. — para em frente a Marsé e timidamente toca o braço dela — A senhorita, ocê, não gostaria de ir na quermesse mais eu?
Marsé sorri: — Ficarei muito feliz em o acompanhar.
Tião: — Tá bom então. Até sábado na quermesse. - tira seu chapéu e volta para casa.
Marsé: - Até sábado Sebastião! - " Homem de poucas palavras, mais lindo demais!" - pensa.
Marsé passa novamente na fazenda e avisa Sérgio que lhe conseguiu as pessoas para o ajudar. Telefone é algo raro pela região por esse motivo ela precisa caminhar por longos caminhos para cumprir seu trabalho visitando as famílias, o que faz ora à pé, ora a cavalo, não reclama, pois um trabalho como o seu, remunerado, é difícil de conseguir na região ainda mais para mulheres por isso pensou em Ana Paula quando soube da oportunidade que a família Prates ofereceu.
A maioria das mulheres ou trabalham em casa ou na colheita do café, produto principal da região, uma vida bem difícil para maior parte delas.
Na capital Dalva e Sílvio preparam tudo para viagem, Dalva tem esperanças de que George irá melhorar com a mudança, ele não diz nada, nem mesmo a empolgação de Dalva o faz reagir.
Marcelo, como sempre usa a mudança como motivo para comemorar, sai com Marcos e Mirtes para uma festa na casa de um dos amigos cujos pais viajaram e com certeza não amanhecerá sem uma confusão.
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Atualizado até capítulo 55
Comments
Helena Ribeiro
Esse Marcelo não é homem não, todos se esforçando e ele só quer saber de festas
2024-12-09
0
Lilian De Jesus
espero que Sérgio seja o amor dela
2025-03-18
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Erlete Rodrigues
esse filho dele é um bosta né
2024-09-09
1