Pitucha se levanta bem cedo e vai realizar as suas tarefas. Faz o café, prepara a mesa para seus irmãos. Todos se levantam muito cedo, a vida no campo exige que sejam madrugadores. Os irmãos se sentam a mesa e Pitucha os serve.
Tião: — O quê ocês acha de nois compra uma caminhoneta pra carrega a banana?
Toninho: — Já não era sem tempo! Tô cansado de carrega tudo no lombo.
Juca: - O pai de Rita tem uma e qué vende.
Tião: — Pede pra ele traze pra nois vê, se dé ainda hoje. Consegui uma entrega grande de banana pra manhã na cidade.
Pitucha: — Eu vô pode dirigi?
Os irmãos riem da alegria da irmã por algo tão simples.
Juca: — Pode dexa que eu insino ocê! A tarde vou lá busca.
Pitucha o abraça dando um beijo em seu rosto, Juca lhe bagunça o cabelo e Toninho ri dos irmãos.
É visível o carinho e cuidado que um tem com o outro, homens "rudes" mais dos seus jeitos carinhosos e leais uns com os outros.
Os irmãos vão para roça e Pitucha cuida de seus afazeres, recolher os ovos, tratar dos animais e dar um jeito na casa, sendo ainda muito cedo para fazer o almoço resolve ir à fazenda conhecer onde irá trabalhar. Monta o seu cavalo, "Chico", em pelo mesmo e vai até lá, a sua curiosidade em conhecer a fazenda é imensa, já andou a cavalo pelas redondezas, mais ficou com medo de se aproximar, ainda são frequentes brigas por invasão de terras onde moram. Agora com autorização pode ir sem medo conhecer o local que já fez parte das suas aventuras imaginárias.
Sérgio se empolga com a limpeza do local, sempre quis trabalhar com a terra, com plantações, com a natureza. O seu João e mais dois camaradas o ajudam a roçar e carpir, Sérgio tira a sua camisa polo e vai os ajudar, o seu João arrumou-lhe um par de botas, chapéu, roupas e uma foice para que não estrague as suas, com uma hora de trabalho já está a suar, cansado mais realizado ao ver o resultado do que fizeram.
Dona Cida, mulher de João, aparece com uma forma de bolo e uma limonada bem fresquinha, se sentam a sombra de uma árvore para lanchar e descansar, depois de comer se deitam para "fazer o quilo".
Pitucha vê os homens descansando e vai até eles, ao ouvir o cavalo alguns olham na sua direção sob o chapéu, sem se moverem. A primeira vista Sérgio pensa ser mais um garoto a procura de serviço na fazenda não lhe dando atenção, puxando o chapéu sobre os olhos novamente.
Pitucha desce do cavalo e se dirige até senhor João por saber que é ele que toma conta da fazenda.
Pitucha: — Senhor João, Maria José pediu-me para vir até aqui, vou ajudar os novos moradores e gostaria de conhecer o local antes de começar.
Seu João olha para o Patrãozinho que parece estar a tirar uma soneca, não querendo o incomodar pede a Pitucha que procure por Cida que ela lhe mostrará a casa.
Sérgio, ouvindo a voz doce de uma garota tira o chapéu dos olhos e olha em direção deles, pelas costas ainda parece ser um garoto com roupas largas e um imenso chapéu na cabeça.
Sérgio: — O quê há Senhor João??
João: — Essa menina veio vê a casa pra trabaia nela, Dona Maria José qui mando.
Pitucha se vira, ao se deparar com os belos olhos claros, um rosto marcante com o sorriso mais lindo que já viu, lábios grossos e rosados, Sérgio se levanta num pulo.
Sérgio: — Senhor João, se me permite eu mostro a casa pra moça.
O seu João não entende direito o que o Patrãozinho quer mais concorda com a cabeça.
Pitucha: — Não precisa. Pode continuar no seu trabalho, eu procuro por Dona Cida.
Sérgio percebe que a garota o está a confundir com um dos trabalhadores, resolve se aproveitar disso.
Sérgio: — Eu preciso ir até lá ver o encanamento de um dos banheiros.(o que não deixa de ser verdade).
Pitucha fica meio desconfiada, olha para senhor João que concorda com cabeça. Ela espera o homem passar por eles e o segue em silêncio.
Sérgio: — Sou Sérgio…
Pitucha está distraída admirando as costas largas e os braços fortes do homem alto a sua frente.
Sérgio: — A menina não tem nome?
Pitucha gagueja: — Sou Ana! Ana Paula. Os meus irmãos chamam-me Pitucha.Trabalha aqui há muito tempo? Não o tinha visto ainda.
Sérgio olha-lhe e sorri, deixando Pitucha encabulada: - Faz pouco tempo. O que vai fazer aqui?
Pitucha: — Maria José disse-me que iria ajudar um senhor numa cadeira de rodas.
Sérgio: — Senhor George.
Chegam a entrada da casa, Pitucha tira o chapéu e as botas para entrar, Sérgio vendo o que ela faz, faz o mesmo. Fica deslumbrado ao ver os seus cabelos soltos emoldurando o seu belo rosto e os pés, pequeninos e perfeitos.
Pitucha: - Vamos!?
Sérgio sai do transe, uma onda magnética percorre-lhe o corpo, um sentimento novo para ele, diferente e bom. Pitucha passa por ele que sente o perfume de jasmim que emana dos seus cabelos, Sérgio tenta imaginar o seu corpo escondido sobre as roupas largas e masculinas.
Pitucha abre um sorriso de admiração ao ver o interior da imensa sala, toca as cortinas e alguns móveis com delicadeza. Sérgio observa os seus movimentos, suas mãos, seus dedos… Ela sente-se estranhamente analisada.
Pitucha: - Você conhece os novos donos? Será que são boas pessoas?
Sérgio: — Tenho certeza que são.
Pitucha: — Espero que sim, senão os meus irmãos não me deixaram trabalhar aqui.
Sérgio: — Irmãos?!
Pitucha: — Sim, três. Por falar neles preciso ir…
Pitucha sai apressada: — Quando você acha que vão precisar de mim?
Sérgio precisa correr para alcançá-la: — Chegam em dois dias!, Pode voltar antes se quiser…
Pitucha não ouve a sua última frase, monta no cavalo e sai em disparada deixando o seu chapéu para trás.
Sérgio sorri, recolhe o chapéu " Que garota diferente".
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 55
Comments
Helena Ribeiro
Tomara que o senhor volte a lembrar das coisas acho que vai lembrar que foi empurrado
2024-12-09
1
Erlete Rodrigues
torcendo para ela conseguir que o seu esqueci o nome do homem sinta prazer de viver novamente e consiga lembrar que foi empurrado
2024-09-09
1
Marcia 🌻
Autora já tô torcendo pelo dois 😊 mas ele devia falar a verdade 😊😊🥰🥰
2024-04-30
5