CAPÍTULO 14 - Sentimentos Ocultos

...💮 6 anos depois 💮...

^^^...*Anotações de Livy*...^^^

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Já faz algum tempo desde que me mudei da mansão dos D'Avilla. Perdi as contas, mas acho que fazem 2 anos. A missão que meu mestre me confiou, também não avançou. Não imaginei que seria tão difícil encontrar um humano, mas devo encontrar, é preciso! O fim do meu mundo pode estar chegando.

Na verdade, estou surpresa pelo fato dele não estar me perturbando através dos meus sonhos. Será que ele me abandonou aqui? Impossível! Mas quero acreditar que não falhei. A cada dia que passo neste mundo sinto-me mais presa a ele e a este corpo.

As vezes, me pego fazendo coisas humanas, na quais antes me negaria fazer. Eu aprendi novamente a viver entre eles.

Eu e Tomás, o colega do meu antigo colégio ainda nos falamos. Embora a busca tenha sido frustrante, a sua amizade me deu a oportunidade de pedir ajuda aos seus pais, algo que jamais poderia fazer com a "família" de Celine. Eles, com seus recursos e contatos, podem ser a chave que falta para finalmente encontrar o que procuro.

Certo dia, com um sorriso gentil, teci uma teia de mentiras para os pais de Tomás, lhes contei uma história fictícia sobre um familiar perdido há muito tempo.

Os D'Avilla, outrora apresentados como a minha família, agora, eu apenas os pintei como estranhos, e eu, me tornei uma mera órfã acolhida por sua benevolência. Mas na verdade, quem eles procuram é o humano que devo matar.

Dei a eles quase todas as informações que meu mestre me entregou.

Mas a culpa me acompanha como uma sombra. Sei que estou brincando com fogo, manipulando aqueles que me acolheram com gentileza. A cada dia que passa, a teia de mentiras se torna mais complexa. Até quando conseguirei manter esse segredo?

...💮💮💮💮💮...

Hoje, sonhei que tinha os meus 7 anos de idade, escalando uma árvore. Eu vi uma parte do céu esperando pacientemente por mim. Como se fosse algo vívido.

Ou talvez seja um sonho de Celine, entrelaçada comigo em um emaranhado de memórias já não sei mais separar nossas memórias, fica tudo tão confuso quando sonho.

No sonho, estava correndo para algum lugar, eu cairia do mundo algum dia? Ninguém sabe.

Isso me deixou pensativa, talvez significasse que a verdadeira Celine, se foi... Ela talvez morreu? Pois como eu poderia habitar em seu corpo, se duas almas não conseguem coexistir em um mesmo espaço?

Meu mestre a matou apenas para que pudesse fazer essa missão? Se isso for verdade, terei que carregar o peso da morte de um inocente novamente em meus ombros. Não deixarei que sua morte seja em vão.

A lembrança da família D'Avilla paira sobre mim, como será que eles estão?

Ao término dos meus estudos, a Madame D'Avilla, com a frieza de um iceberg, ordenou que meu tempo na mansão havia chegado ao fim. Segundo ela, o dever que eles tinham comigo estava cumprido. Aos meus dezoito anos, era supostamente capaz de cuidar de mim mesma. De certa forma é verdade, a final eu possuo o conhecimento de 100 anos de uma vida.

Sei que por ela seria jogada ao mundo há muito tempo mas legalmente ela não podia fazer isso, então precisou me aturar em sua casa durante três anos.

Seu marido, o senhor D'Avilla, homem de coração mais benevolente, interveio em minha defesa. Ao saber da decisão implacável da Madame, ele veio para a sua casa e os dois entraram em um embate, ele concedeu-me mais um ano sob o teto da mansão, um oásis de paz que logo se tornaria sufocante. A Madame, com sua amargura e ressentimento, tornava cada dia uma batalha de nervos.

Finalmente, aos vinte anos, fui arrancada da mansão pela madame. O homem que me permitiu chamá-lo de pai porém mesmo assim não o fiz, mesmo longe providenciou para mim um pequeno apartamento afastado do centro da cidade.

Era um refúgio afastado do centro da cidade, moderno e aconchegante. Dentro estava decorado com alguns móveis, a casa estava dividida em um quarto e um banheiro com sala e cozinha em conceito aberto. Depois disso precisei procurar um trabalho, para atender as necessidades básicas que esse corpo humano exigia.

O único trabalho que consegui foi em uma loja de conveniência perto do apartamento. Após a minha mudança a distância se tornou evidente, não pude me aproximar mais da família.

Mesmo distante, o senhor D'Avilla demonstrava sua compaixão enviando-me dinheiro pelo correio, assegurando-se de que eu não passasse necessidade. Seus gestos eram como migalhas de pão jogadas para um pássaro.

O pai de Otto parecia uma figura mais mítica do que eu. Raro em casa, ele apenas aparecia em datas importantes como aniversários, como um cometa que risca o céu noturno e logo desaparece. Seus dias em casa eram contados, e logo ele partia novamente, muitas vezes para outro continente, a trabalho.

Sua ausência constante enfurecia a Madame  D'Avilla que transformava sua frustração em explosões de raiva. Eu presenciava cenas dela onde objetos eram estilhaçados e a porcelana se fragmentava no chão do seu quarto como um furacão devastando tudo em seu caminho. Foram anos difíceis para ela.

Confesso que sinto saudades do pequeno Otto, mesmo que ele fosse um enigma para mim. O Otto que me seguia na escola e me observava pelos cantos da mansão com seus olhos penetrantes, agora deve estar na adolescência.

Uma criança estranha, marcada por uma tragédia. Sua voz era rara, sua interação com o mundo, limitada. Agatha me contou, certa vez, sobre o evento que o silenciou, o isolou em uma redoma de tristeza. Antes disso, ele era ainda mais introvertido, um fantasma que vagava pelos corredores da mansão. A terapia proporcionou uma pequena melhora, mas os detalhes da sua dor permaneciam um segredo bem guardado.

Nunca pude saber mais detalhes, pois os assuntos da família eram como um livro fechado para mim. Eles não confiavam em mim.

Quanto à Madame Catarina, não sei como ela está e nem me preocupo em saber. Ela foi a primeira a sugerir que eu fosse embora da mansão, me descartando como um objeto inútil e não sinto a menor falta de sua presença em minha vida.

Em relação ao filho mais velho deles...o Ethan, não o vejo há um pouco mais que cinco anos. Um adeus silencioso que jamais poderia imaginar ser o último. Não sabia que a última vez que o veria seria aquele dia... Se eu soubesse não teria me encontrado com Tomás aquele dia e teria me despedido de maneira correta na confraternização como ele me pediu.

Confesso que sinto saudades da forma como me olhava com curiosidade e admiração quando nos conhecemos. Agora estamos separados por um oceano, mas sabia que em algum momento estaria de volta. Quando o verei novamente? Será que ele ainda se lembrará de mim?

Ele havia conseguido a tão desejada vaga na universidade internacional, um passo crucial para ingressar no império empresarial da família. Seu pai o acompanharia nessa jornada, dividindo a família por um tempo, até a formatura de Ethan.

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