CAPÍTULO 12 - Confraternização Indesejada

Exaustos de um dia cansativo Livy e Otto foram finalmente liberados do colégio, chegaram em casa, ambos tinham passos pesados enquanto subiam a longa escadaria em direção ao seus quartos para finalizar os estudos, tomarem um banho e trocarem o uniforme para uma roupa mais confortável. Seria o tempo suficiente para o jantar ficar pronto e a mesa posta.

Os dois desceram, prontos para o jantar. Otto foi sentar-se ao lado direito de sua mãe, que, como de costume estava com seu macacão vermelho vibrante sentada em uma das pontas da mesa de jantar os esperando impacientemente para o jantar.

Livy puxa a cadeira e toma seu lugar ao lado de Otto, assim ficou de frente para Ethan que também os aguardava, porém pacientemente enquanto o jantar ficava pronto.

O silêncio manteve-se enquanto saboreavam a comida que a cozinha havia preparado para a família. O tique-taque do relógio parece ecoar mais alto do que o normal aquela noite, intensificando a sensação de desconforto entre eles. Cada um se concentra em seu prato, evitando contato visual, enquanto pensamentos e dúvidas borbulham em suas mentes.

Até que Ethan tenta quebrar esse silêncio estranho:

— Como foi a escola? - ele perguntou para Otto, logo após uma garfada no macarrão em seu prato.

O garfo de Otto, que até então dançava entre a salada com tomate e o purê de batatas, congelou no ar. Ele encarava  Ethan com um olhar distante mas não falava.

Livy observava a cena com uma mistura de curiosidade e impaciência. O silêncio se estendia, tornando-se cada vez mais constrangedor. Finalmente, ela decidiu intervir.

— Otto teve um dia ótimo na escola. - ela disse, sua voz firme e cortante como uma lâmina. - Ele fez novos amigos, se destacou nas aulas e até mesmo conseguiu uma nota dez na prova de matemática.

— O Otto...esse Otto aqui? - a mulher zombou. - Ele fez muito amigos e se destacou, ha!

Ethan franziu a testa, seus olhos fixos em Livy. Ele também não parecia acreditar em Livy.

— Você parece saber muito sobre o dia do Otto. - ele disse, sua voz carregada de desconfiança.

— Claro que sim, estudamos na mesma escola é fácil ficar sabendo sobre ele. Por que não acredita em mim? - Livy respondeu, com um sorriso frio.

Ethan não se convenceu. Havia algo na voz de Livy, algo falso e artificial, que o deixava desconfortável. Ele se virou para Otto, buscando a verdade em seus olhos.

— É verdade, Otto? - ele perguntou. -Você teve um dia tão bom assim? - No fundo ele queria que fosse verdade.

Otto balançou a cabeça discordandodo que Livy acabou de dizer, com o olhar fixo no prato. Ela olhou para ele não acreditando que ele acabou de ficar contra ela.

— Tudo bem Otto, mas você precisa aprender a se comunicar. - disse Ethan, preocupado.

O garoto se encolheu na cadeira, como se quisesse desaparecer.

— Deixe-o em paz, Ethan. Ele vai falar quando estiver pronto.

— Mas ele já tem 9 anos, não aguento ver ele continuar assim. Ethan odiava ver Otto tão inseguro e retraído. — Tantos anos em terapia, mas ele não mudou nada.

— Mãe, temos que procurar outro médico.

— De novo, já trocamos tantas vezes. - reclamou.

— Talvez ele precise de um incentivo. - Livy sugeriu. - Que tal comecar com você, Ethan, contar alguma coisa sobre o seu dia? Isso pode ajudar o Otto a se abrir.

Ethan ponderou por um momento.

— É uma boa ideia, Hoje na empresa tivemos uma reunião importante...

— O que foi? — Livy falou.

— Isso lembrou-me que tenho que deixar vocês avisados.

— O que, filho? - falou empolgada.

— Este sábado terá uma confraternização, alguns convidados importantes da empresa e colaboradores de fora estarão presentes. Todos estes virão aqui em casa, vocês, estão convidados. Conto com vocês neste dia.

— Seu pai virá também? - a mulher estava esperançosa.

— Não, mãe. Porque depois disso irei me encontrar com ele.

A mulher pareceu triste com a resposta de Ethan.

— Não vou poder comparecer. - de repente interrompeu por uns instantes a triste conversar entre mãe e filho.

A resposta de Livy ecoou na sala de jantar, silenciando os pratos e talheres.

— O que, como não Celine? - soou decepcionado com Livy.

— Por que não quer participar da confraternização? - a mulher perguntou.

— Não vou poder comparecer. - ela repetiu, seus olhos fixos em Ethan. - Tenho um compromisso nesta data.

— Mas... é uma confraternização importante, menina. O que é mais importante? - perguntou curiosa.

— Vou sair com alguém. - Suas palavras foram cortantes.

Ethan observava a cena em silêncio, seus olhos como rachaduras de gelo. Um aperto no peito o consumia, uma mistura de ciúmes e frustração que ele tentava disfarçar com o gole da taça com água que bebia.

— Com quem você vai sair? - ele perguntou, com a voz seca e áspera.

Livy hesitou por um momento, seus olhos se desviando para o lado.

— Um amigo. - ela disse finalmente. - Um colega que conheci no colégio para ser mais exato.

— Um amigo... - Ethan repetiu, as palavras soando como ácido em sua boca. - Que tipo de amigo?

— UM AMIGO, um amigo normal... -Livy respondeu, impaciente. - Qual o problema Ethan?

Ethan não disse mais nada, mas seus olhos escuros transmitiam uma fúria silenciosa. Ele se sentia ignorado por Livy. Como ela ousava escolher um "amigo" qualquer em vez de sua própria família?

— Não se preocupe, filho. Tenho certeza que a menina vai reconsiderar.

Livy balançou a cabeça.

— Desculpe mas não vou, porque combinei isso antes de vocês me falarem da confraternização.

O jantar terminou em um clima frio e tenso. Ethan mal tocou  no restante da sua comida, sua mente ocupada com pensamentos obscuros. O jantar, que antes era o único momento de união entre a familia, se tornou um campo de batalha. As palavras duras e os olhares carregados entre Ethan e Livy pairavam no ar.

No final de tudo, a comida esfriou, os pratos foram tirados e empilhados na pia sem serem terminados. A família se dispersou novamente, cada um buscando refúgio em seus próprios aposentos. Alguns para finalizarem o dia e descansar, outros nem tanto.

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