CAPÍTULO 7 - A Chegada do Filho Mais velho

Enquanto observava o sol se espreguiçar no horizonte, tingindo o céu de tons de laranja e púrpura indicando que a noite chegou.

O aroma de ervas frescas e especiarias flutuava no ar, emanando da cozinha. O som distante de talheres e pratos sendo organizados anunciava o início do jantar. Livy desceu as escadas sem que alguém viesse avisá-la, era tão nostálgico para ela sentir fome. O aroma fazia seu estômago roncar.

Há décadas que não sentia necessidades. Os seus passos ecoaram no silêncio ensurdecedor da mansão.

Ao entrar na sala de jantar, ela encontrou a matriarca, Catarina, sentada à cabeceira da mesa. Ela observou que a mulher tinha um olhar austero em seu rosto e de forma impaciente batia seus dedos sob a mesa. Ao lado dela, uma criança, de mais ou menos 7 anos de idade com cabelos negros e expressão melancólica a observava com timidez.

Livy se sentou à mesa, com seus movimentos rígidos. A sensação era de ser um peixe fora d'água a consumia.

— Oi? - Livy tentou iniciar uma conversar com a mulher, mas ela no que lhe concerne estava desinteressada.

Nenhuma conversa surgiu entre os três mesmo após vários minutos sentados, porém Livy tentou melhorar a situação.

— E o senhor? — Livy perguntou pelo homem no qual a acolheu, hesitante, quebrando o silêncio que pairava no ar.

— Está ocupado com trabalho. — a matriarca respondeu com indiferença. — Como você já deve saber, ele é um CEO muito ocupado.

A resposta cortante da matriarca deixou um gosto amargo na boca de Livy. Ela sentia a hostilidade velada emanando daquela mulher, como se sua presença fosse uma lembrança constante da tragédia que os havia unido.

Os dedos da senhora a sua frente batia em um ritmo mais acelerados agora, na mesa, enquanto ela esperava pela comida.

— Na verdade, não sabia, tudo aconteceu tão de repente. Não acha?

— Talvez para você sim, mas para mim não.

O Silêncio resolveu se instalar novamente. Livy percebeu que não seria tão fácil assim conseguir a ajuda dessa família.

A criança ao lado da matriarca, comovido pela evidente desconforto de Livy, se inclinou em sua direção.

— Não ligue para ela. — ele sussurrou com voz suave.

— Minha mãe pode ser dura às vezes, mas ela se preocupa.

As palavras gentis do garoto trouxeram um raio de sol para a escuridão que tomava conta de Livy.

De repente, a porta da sala de jantar se abriu com força, e um jovem alto e de cabelos castanhos entrou no cômodo. Seus olhos rapidamente se voltaram para Livy.

Uma sensação de déjà vu percorreu o corpo de Livy. Ela sentia que conhecia aquele rosto, aqueles olhos que a encarava com curiosidade.

— Temos visita. - falou o jovem bem humorado entregando seu casaco para um dos funcionários. - Obrigado Agatha.

— Isso é ideia do seu pai. Falei para ele que se a enviassemos para um orfanato e lhe mandassemos dinheiro seria melhor, mas não. - A mulher explicou. - Quando é que ele me escuta.

O comentário de sua mãe fez o jovem rir.

— Então é essa a minha nova irmãzinha. - brincou se sentando a mesa.

— Jamais! - respondeu a mulher.

Ao ouvir os gritos os funcionários se assustam e imediatamente correm para por a comida a mesa.

Parecia um banquete pois havia muitos pratos e todos pareciam saborosos. Assim que terminaram de por a mesa os funcionários se retiraram.

— Certo, me diga. Qual o seu nome? - a simpatia do jovem pegou Livy de surpresa.

— Li...Celine. - distraída pensando de onde o conhecia quase falou seu nome para ele.

— Celine...Line. É um nome bonito. Eu me chamo Ethan, sou o filho mais velho dessa família. Estou perto de fazer 18 anos e eu sou herdeiro do império da minha família então receio que não terei mais tempo para conhecê-la.

— Como assim? - Livy perguntou.

— Irei embora em alguns dias, porque me inscrevi em uma universidade internacional.

— Sério?

— Sim, farei administração e voltarei quando estiver apto para cuidar das nossas empresas no lugar de meu pai.

— Que orgulho do meu filho. - disse a mãe um pouco mais contente. - Falando assim, você até diminuiu a minha dor de cabeça. Espero que o seu irmão seja como você.

O filho mais novo da família parece não estar ouvindo a conversa, está distraído com seu ursinho de pelúcia que leva para todos os cantos da casa e com a babá que sua mãe contratou para ficar de olho nele.

— Enfim, teremos que cuidar dela, a partir de agora. - falou a mulher. - Seu pai até já a colocou na escola do seu irmão.

— Que bom. Eu estudava lá também. Você vai gostar, Celine. - Ethan falou. - Bom, seja bem vinda.

— Obrigada.

— Mas eu e minha mãe já falamos demais. Nos conte sobre você.

— Eu? - Livy ficou confusa, não sabia o que poderia falar pois não tinha as memórias da Celine e não podia nem se lembrar das suas próprias memórias, antes de ser um monstro.

— Sim. Por que tem uma faixa na sua cabeça?

— Na verdade, sofri um acidente recentemente e por isso estou usando uma faixa, além disso, eu estou aqui por causa disso. Entretanto, não consigo lembrar de mim.

— Sinto muito por ter perguntado. - sentiu-se triste. - Eu não sabia. Você está bem agora?

— Estou melhor. - a fala do rapaz a deixou desconfortável mas curiosa por ele estar interessado.

— Mas como um acidente te trouxe até nos? - despreocupado ele riu.

— Isso não é importante, querido. Como eu disse, é ideia do seu pai. - a mulher interrompeu a conversa e falou. - Deixe isso com ele. Apenas se concentre nos estudos por agora.

O rapaz ouviu a mulher falar, pediu licença e logo em seguida se levantou, terminou a sua refeição e voltou para seu quarto pois precisava continuar seus estudos.

Livy já não tinha mais interesse em ficar ali, ela não queria ficar naquele clima estranho, então se retirou do lugar também. Subiu as escadas e foi até o seu novo quarto.

Quando chegou no quarto, se surpreende. O quarto havia mudado como Agatha prometeu, o trabalho foi feito num tempo curto. Algumas das paredes agora estavam pintadas de vermelho, combinando com a roupa de cama. As roupas de Celine, os funcionários colocaram dentro do closet.

Além disso, o quarto agora está com mais decorações, como tapetes quadros, sofá e almofadas, e objetos em cima da cômoda.

A noite caiu, o seu corpo humano deu sinais de cansaço enquanto ela se arrumava. Livy havia se esquecido de como era estar cansada, mas pôde finalmente descansar e dormir na cama que era agora sua.

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