CAPÍTULO 4 - Sussurros do Passado

Livy observava o fogo consumir a barraca de frutas, uma chama de satisfação ardendo em seu interior. O caos e o terror nos olhos das pessoas eram um deleite para seus sentidos. Ela se virou e foi embora, um sorriso cruel em seus lábios.

De repente, um carro surgiu naquela avenida em alta velocidade, freando bruscamente para evitar atropelá-la. O impacto a jogou no chão novamente, atordoada e com a visão embaçada.

Por um momento, o mundo ao seu redor se dissolveu. Seus ouvidos tinham um zumbido, o som dos pneus cantando no asfalto, o cheiro de borracha queimada a fizeram ficar desorientada por alguns instantes.

Então, a realidade voltou a bater à sua porta quando observou o rosto do motorista, pálido e assustado, pairando sobre ela. Livy via o homem mexer os lábios indicando tentar se comunicar com ela, mas não podia escutá-lo.

Calor das chamas nas costas. Uma onda de náusea a dominou. Ela se viu tremendo.

O terror nos olhos das pessoas, a dor em seu próprio corpo, a fragilidade da vida humana...

De repente lembrou-se que era humana.

Que sensação ruim. Foi a última coisa que pensou antes de perder a consciência.

...ΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩΩ...

Seu corpo tremia, Livy acordou com uma estranha sensação.

Os móveis empoeirados, as paredes rachadas e a luz fraca que entrava pelas janelas sujas confirmavam que ela não estava mais entre humanos.

Quando abriu os olhos, viu que estava certa, o ambiente era familiar. Livy estava de volta ao seu mundo caótico e com a sua antiga aparência monstruosa.

Na sua frente, seu mestre.

— Livy? - ele perguntou com voz grave.

— Estou aqui mestre.

— Quantas almas recolhemos hoje? - ele questionou, com impaciência em sua voz.

— 265 no total.

— Seu monstro de quinta, você já foi melhor. - ele gritou, jogando um vaso contra a parede.

— Eu sei. - falou chateada.

— Não recolhe mais almas inocentes, você mudou e isso me preocupa. Volte ser aquela máquina que você sempre foi! - ele ordenou, encarando Livy nos olhos com um olhar feroz.

— Estou de férias destes tempos, não quero assumir os seus negócios. - Ela debochou. - Deixo que você cuide disso e não me peça para voltar ao que eu era!

Livy retrucou, desafiando-o pela primeira vez.

De repente, o chão começou a tremer violentamente, o suficiente para fazer Livy se desequilibrar. O tremor durou apenas alguns segundos, mas deixou um rastro de destruição.

Seu mestre se aproximou de Livy, com um olhar sombrio em seus olhos. Livy sentiu medo do seu mestre, foi a primeira vez que viu um rosto em meio a toda aquela escuridão. Era pálido e assustador.

— Em algum momento terá que fazer, querendo ou não você voltará a ser o que era, por que essa é a sua natureza. Aceite isso! — ele reclamou, com um tom ameaçador em sua voz.

Livy se virou e saiu do quarto, deixando seu mestre furioso para trás. Ela também estava furiosa mas seu mestre não era alguém com quem se pode falar de qualquer jeito.

Ela para se acalmar, foi para o mundo humano. Era noite quando chegou. Do alto de um arranha-céu, seus longos cabelos balançavam contra o vento enquanto ela observava a cidade que estava cintilante por causa das luzes noturnas.

Em sua forma monstruosa os humanos não a viam, para eles ela era uma lenda, uma miragem, um vulto e as vezes um pesadelo. Apesar do seu grande poder destrutivo contra os humanos decidiu ir atrás daqueles que julgava merecedores de toda sua ira.

Livy fechou os olhos pois o que era importante, era a sua audição.

Procurava por um humano no qual poderia descontar a raiva que sentia de seu mestre. Então, os sons das vozes se intensificaram por um breve momento e assim conseguiu encontrar sua próxima vítima. Era um homem na casa dos 40.

Rapidamente desceu do arranha-céu e foi em direção em que a voz estava. Não era tão longe

Em poucos minutos, Livy encontrou o homem. Ele estava sozinho, caminhando num beco escuro, o homem se encontrava um pouco bêbado, ela podia sentir as sombras ao redor caminhando com ele.

— Este homem é um criminoso, aqui neste mundo. Ele selou o próprio destino, não me culpe. - pensou consigo mesma.

Sem hesitar, ela o atacou com fúria. Jogando o homem contra o chão de forma violenta.

— Quem é você? - perguntou assustado, tentando se afastar dela.

— Não lhe importa. - sorriu o jogando contra a parede próxima a eles e o segurando ali.

— Socorro! - o homem tentou gritar por ajuda.

— Isso grita, quero vê-lo gritar. - sorriu novamente mas de forma maligna.

O homem na tentativa de sobreviver, empurra Livy e ele consegue deixá-la para trás.

Eram 4 da manhã, as ruas  ainda estavam vazias, mesmo que ele gritasse ninguém viria ajudá-lo. Ruas depois do beco em que estava, encontrou uma casa que ele sabia que estava abandonada e entrou.

Empoeirada, com alguns móveis e papeis de parede antigo, velha foi o que viu ao entrar dentro da casa. Em silêncio subiu as escadas de madeira podre e entrou em um dos quartos.

Colocou um dos móveis para tapar a entrada  e seguiu para a janela. Sua respiração estava ofegante, sentia que a mulher poderia aparecer a qualquer momento mas não via nem sinal dela na janela, poderia se tranquilizar momentaneamente.

Sentou-se  na cama, ele iria passar a noite ali. Não tinha lugar melhor para ir mesmo.

— Oi. - Livy de repente apareceu aos pés da cama, fazendo ele se assustar.

— Como entrou aqui?

— Cale a boca! - gritou.

— O que você quer de mim!?

— Não sei também. - riu sarcásticamente. - O que devo fazer com você?

— Sua maluca, me deixa em paz! - disse enquanto procurava algo em volta para atacar Livy.

— Penso que farei com você, o mesmo que fez com as suas vítimas.

— Do que está falando sua maluca, me solte! - O homem levantou se e foi para cima de Livy, conseguindo dar lhe um tapa.

— Maluca? Esse apelido é tão deselegante. - disse colocando a mão sob o rosto.

Cordas apareceram e se entrelaçaram nos pulsos e pés do homem.

— Você verdadeiramente me irritou. - olhou ferozmente para ele.

Um objeto afiado parou em um dos joelhos do homem, o fazendo gritar de dor.

— Minha perna! - o homem gemia e se contorcia.

— Agora, você não irá mais correr!

— Me mate de uma vez! - gritou o moço.

Os poderes sombrios de Livy o consumiram em segundos, deixando apenas um rastro de sangue e terror.

A raiva de Livy se dissipou, foi embora para seu reino deixando o que sobrou para ser achado no dia seguinte, haveria notícias.

Após todo o alvoroço que criou, Livy voltou para seu mundo. A sua casa era tão distante dos outros monstros, nem as criaturas que habitavam ali se aproximava da casa, era um lugar grande, porém vazio e frio decorado com rochas e grama seca.

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