CAPÍTULO 11 - Beatriz

No colégio, as garotas observavam Livy com uma mistura de admiração e inveja. Elas cochichavam sobre a sua beleza enquanto ela andava pelos corredores procurando por sua sala de aula.

A beleza de Livy era quase inegável. Os seus cabelos longos da cor mais escura, hoje, estavam presos em um coque por causado tamanho, pois o colégio não permitia cabelos soltos. Ela vestia o uniforme azul de verão da escola, que acabou por marcar a sua cintura.

Livy, viu algumas meninas vindo em sua direção conversar com ela e alguns meninos tomaram iniciativa vindo até ela, no entanto, não se importou com a atenção que recebia. Aqueles que tentavam se aproximar eram recebidos com frieza e indiferença.

Entretanto, de certa forma ela sentia algo diferente. Um sorriso tímido se formou em seus lábios. A forma como olhavam eram contrário como olhavam para ela enquanto uma criatura monstruosa, todos os olhares que recebeu nestes últimos anos era de abominação, medo e desespero sempre trazendo a lembrança de ser uma aberração.

Na sua mão, segurava um papel amassado, o mapa da escola que ela havia conseguido com a secretária. Os seus olhos percorriam o desenho confuso, tentando encontrar a sala de aula que lhe fora designada.

Livy finalmente encontrou a sala correta. A placa na porta indicava "1º Ano A", e um burburinho animado emanava do interior.

Ela empurrou a porta, entrou na sala e para sua surpresa todos estavam a encarando.

A sala era ampla e iluminada, com grandes janelas que permitiam facilmente a entrada da luz do sol. As carteiras eram de uma madeira de boa qualidade, Livy pode perceber isso com apenas um olhar, estavam dispostas em duplas, tinha poucos lugares vagos e os alunos que antes conversavam, todos ficaram em silêncio.

Uma garota de cabelos ruivos, olhos azuis veio em sua direção com passos confiantes:

— Quem é você? - perguntou Beatriz, encarando Livy abertamente, seus olhos percorrendo-a dos pés à cabeça.

Livy, habituada a lidar com situações hostis, ignorou a provocação de Beatriz e seguiu em frente, como se ela não existisse. Sentou-se em um lugar vazio perto da porta, desejando evitar qualquer contato com a garota arrogante.

Enfurecida pela indiferença de Livy, Beatriz avançou, seus sapatos com pequenos saltos batiam no piso de madeira com força. Parando a poucos centímetros de Livy, ela cuspiu as palavras:

— Quem você pensa que é para me ignorar? - Não se conteve cruzou seus braços e franziu a testa.— Você não me ouviu? - gritou ela, sua voz ecoando pela sala.

Livy ergueu os olhos para Beatriz, seus olhos verdes ardendo com uma chama.

— Sou Celine. E, ao contrário de você, não preciso me exibir para ser notada.

Um murmúrio percorreu a sala, os alunos intrigados com a troca de farpas entre as duas garotas.

A sala de aula rapidamente se tornou um campo de batalha silencioso. Livy, com postura altiva e olhar impassível, ignorava os olhares curiosos dos alunos. Beatriz, como um leão pronto para atacar, observava-a com fúria.

Beatriz, foi acostumada a ser bajulada e reverenciada no colégio e fora dele. Ficou atordoada com a ousadia de Livy. Ela ser desafiada por uma novata desconhecida? Era inaceitável!

Um sorriso cruel se formou nos lábios de Beatriz.

— Me exibir? É isso que você acha que eu sou?

— É não é? Como você chama a necessidade de se sentir superior rebaixando os outros? Porque eu não fiz nada para você! - ela zombou da garota a sua frente.

O sangue de Beatriz ferveu. Seus punhos se fecharam, as unhas cravando na palma da mão.

— Você vai se arrepender...

Livy deu um passo à frente, sua voz agora um rugido.

— Experimente me tocar, Beatriz, e eu juro que você vai se arrepender pelo resto da vida e até depois dela.

As duas se encararam, seus olhos como brasas incandescentes. A tensão na sala era palpável, o ar vibrando com a fúria contida.

De repente, a porta da sala se abre com um estrondo e o professor entra, interrompendo o confronto.

— O que está acontecendo aqui?!

Beatriz e Livy se olham por um último instante, antes de se virarem para o professor.

— Nada, senhor. Estávamos apenas conversando. - Livy respondeu.

— Isso é verdade Beatriz?

Beatriz se afasta de Livy, lançando olhares fulminantes uma para a outra.

— É… como ela disse, senhor.

— Quem é você? - ele perguntou para Livy.

— Comecei a estudar aqui, hoje.

— Certo, ande logo e sente-se rapidamente em um lugar vago, vou começar a aula. - falou apressando, em seguida começa a anotar no quadro.

A partir daquele dia, uma rivalidade acirrada se instalou entre Livy e Beatriz. Em cada canto da escola, seus olhares se cruzavam, carregados de antipatia.

Beatriz, usando sua popularidade e influência, começou a difamar Livy, espalhando boatos e fofocas maldosas. Livy, por sua vez, ignorava as provocações pois achava Beatriz uma oponente fraca e desinteressante.

O sinal toca, ecoando pelos corredores da escola como um grito de liberdade. Livy, com seus livros apertados contra o peito, caminha em direção à cantina.

Enquanto Livy se senta à mesa, preferindo se isolar à fazer amizades com seus colegas. Um sorriso tímido surge no rosto de Tomás, um garoto do ano seguinte que está sentado à mesa ao lado, ele observava Livy há algum tempo. Tomás decide tomar coragem e puxar assunto:

— Oi, Celine, certo? - disse o menino, seus olhos castanhos brilhando com admiração.

Livy o ignora, concentrando-se no saboroso prato picante que Agatha preparou para ela.

— Parece ocupada, só queria dar os parabéns pela nota na prova. - Insistiu sem se intimidar.

Beatriz observa a cena com uma mistura de ciúmes e raiva, Livy percebeu isso e não hesita em provocar Beatriz. Decide então, conversar com o garoto.

— Como se chama? - Livy perguntou.

— Tomás. Prazer em te conhecer.

— Como sabe da minha nota, se estudamos em turmas diferentes?

— Se me permite, confesso que te admiro há algum tempo e meus amigos tem falado sobre você. - seus olhos sinceros conseguiram capturar a atenção de Livy.

Livy fica surpresa e cora levemente com a resposta de Tomás.

— Obrigada, Tomás. - Com um sorriso e olhos gentis, seus dedos tocam o braço dele por um instante.

Os olhos de Livy se desviaram para Tomás, mas sua atenção logo voltou-se para Beatriz. Através dos ombros do garoto, ela observava o ciúme crescendo nos olhos cerrados dela. A cada movimento de Livy, a fúria de Beatriz se intensificava, culminando em um golpe violento do seu talher contra o pedaço de frango em seu prato. Livy riu, ela sentia-se satisfeita com o efeito que causou.

— Você a conhece? - Olhou em direção à Beatriz.

— Sim, é minha ex. - se virou para ver quem é.

As sobrancelhas de Livy foram arqueadas com a resposta de Tomás.

— E como foi que terminaram?

— Não foi nada bonito. Digamos que as coisas não deram certo.

— Da para imaginar.

Enquanto isso, na mesa a sua frente Beatriz não conseguia acreditar que Livy, com seu comportamento impulsivo, tenha conseguido chamar a atenção de Tomás. Ela, que se considera tão elegante e sofisticada, se sente ignorada e diminuída.

Antes que outro atrito direto entre as duas pudesse acontecer o sinal toca e os alunos voltam para suas classes.

A noite se aproximava, o sinal do colégio tocou indicando o fim das aulas daquele dia. Os alunos finalmente poderiam ir para suas casas. Livy saiu do prédio e foi para o pátio junto a Otto, irmão mais novo de Ethan esperar por Rodrigo.

Após alguns minutos ali parados Livy vê Tomás vindo em sua direção.

— Livy! Que bom que ainda está aqui. Oi, Otto – ele cumprimentou o irmão de Ethan rapidamente, antes de voltar sua atenção para Livy novamente.

— Aconteceu algo?

— Eu estava pensando... você gostaria de sair comigo este final de semana.

— Sair?

— Sabe, um encontro. Podemos ir ao cinema, tomar um sorvete, ou o que você quiser.

O que eu devo dizer? - pensou ela. - Devo aceitar?

Enquanto isso, Otto observava a cena com interesse e curiosidade.

Antes que Livy pudesse responder, Rodrigo chegou, interrompendo a conversa.

— Oi, senhorzinho e senhorita! – Rodrigo disse, animado. – Prontos para ir embora?

Livy olhou para Tomás, ainda incerta do que dizer.

— Então, o que você acha? – Tomás insistiu, seus olhos cheios de esperança.

— Tomás, agradeço o convite. Não sou muito fã de encontros tradicionais.

Livy o encarou por um momento, seus olhos frios como gelo. A ideia de um encontro com Tomás, um ser humano era quase cômica para ela.

— Por que você quer sair comigo, nós não acabamos de nos conhecer? - ela perguntou.

Tomás se encolheu sob o olhar dela.

— Você é forte, inteligente e bonita. Acho que gosto de você.

Livy ergueu uma sobrancelha, um sorriso cruel se formando em seus lábios. Tomás pôde escutar um riso baixo escapar dos lábios de livy, ele já estava preparado para ser rejeitado quando ela o surpreende:

— Tudo bem, Tomás. Eu vou sair com você. – Ela disse, finalmente tomando sua decisão.

Os olhos de Tomás se iluminaram.

— Ótimo! Combinado então!

Ele se despediu e foi embora, deixando Livy, Otto e Rodrigo sozinhos. Em seguida, Rodrigo abriu a porta para as crianças entrarem no carro. Ele sentou-se no banco do motorista e dirigiu para a mansão da família  D'Avilla.

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