CAPÍTULO 9 - Um Encontro Inesperado

A brisa fria da madrugada os envolveu assim que saíram da casa. O jardim era banhado pela luz da lua, e as flores exóticas que a família tinha exalam um perfume doce e inebriante.

— Não faça essa cara novamente, prefere que eu te chame como? Irmãzinha, talvez?

— Nem Line, nem irmãzinha. Só Celine!

— Somente Celine?

— Isso!

— Não pensa que é muito formal para nós?

— Você me deixa intrigada. - ela confessou o seu pensamento enquanto eles caminhavam lado a lado pelo jardim.

— Isso é bom.

— Já nos conhecíamos antes? Sinto que já nos vimos.

— Impossível! Eu me lembraria - ele falou.

Livy caminhou ao lado de Ethan, em meio ao gramado verde e macio. O silêncio era quase palpável, apenas quebrado pelo canto dos grilos e pelo sussurro das folhas das árvores.

Ele a levou até um banco de madeira nobre que decorava o jardim, e então, se sentaram juntos.

— É bonito, né? — Ethan disse, apontando para o céu estrelado. — As estrelas sempre me fascinaram.

Livy assentiu, seus olhos fixos nas luzes cintilantes no céu.

Ethan a observou por um momento, um brilho de interesse em seus olhos.

Livy inspirou o ar e sentiu o fresco nos seus pulmões, era tranquilizadora aquela sensação.

Ethan a observou por um momento, um brilho de interesse em seus olhos.

— Você se sente melhor? - ele perguntou.

— Como assim? - Se desconectou do seu momento.

— Na cozinha, seu olhar estava diferente. Parecia triste ou preocupada. Agora me parece melhor. - explicou.

— Me sinto melhor. Há décadas que não me sinto assim. - Havia algo em sua voz que revelava uma alma solitária e uma melancolia.

— Sua vida, era muito difícil?

— Minha vida... - gaguejou sem saber o que responder.

— Isso, lá na vila onde você morava. Como você e seus país viviam?

Livy ainda não sabia nada sobre si mesma e se perdeu as memórias de Celine, pensou em misturar as histórias e inventar o que não sabia. Assim, talvez ele pararia de lhe fazer tantas perguntas.

— Minha vida foi muito diferente da sua. - ela finalmente disse, escolhendo suas palavras com cuidado. - Acho que nunca tive pais, ao mesmo, eu não lembro dos meus pais e assim como não lembro de muitas das pessoas que conheci no passado.

— Por causa do seu acidente?

— Acho que sim, na maioria das vezes é uma escuridão quando tento lembrar. As vezes as memórias aparecem e desaparecem rapidamente enquanto estou descansando. Mas não me recordo quem são, onde estão ou se sou eu nesses sonhos. - explicou novamente. - Eu queria descobrir, mas mesmo que eu tente eu não consigo e isso me prende. Não posso confiar na minha própria mente.

— Não entendi muito bem, mas parece ser cansativo.

— Mas realmente é, eu tenho vivido assim por muito tempo.

— Sinto muito por você ter vivido essa vida.

— Não importa. - retrucou. - Quanto a vila, lembro-me de sempre viver com os meus avós. Não tínhamos muitos bens materiais quanto se tem nessa casa, mas eles eram trabalhadores. Saíam cedo para as ruas para venderem as suas mercadorias e levavam-me junto porque não tinha com quem me deixar. Perdi os meus pais ainda muito nova e eles cuidaram sozinhos de mim.

— Deve ter sido difícil para eles.

— Sim, e eu dificultava ainda mais.

— Você?

— Sim, as crianças da vila implicavam comigo mas eu revidava. Uma vez, sem querer atirei fogo na barraca de um dos vendedores.

— Não acredito! - falou chocado. - Você era um monstrinho.

— Que ironia. - Ela riu pela ironia da fala dele.

— Eu me lembro disso, na época eu tinha 11 anos. Nunca vi meu pai tão estressado. O governador ligou e chamou meus pais para resolver o caos que estava acontecendo por lá. Então era você? - riu.

— É verdade, acredite eu ainda sou.

Com o passar das horas, a noite se aproximava do fim. Os primeiros raios de sol surgiram no horizonte, pintando o céu com tons de laranja.

— Acho que está na hora de voltarmos. — Ethan disse, com um sorriso triste nos lábios.

— Mas e você? - ela falou.

— Tem algo de mim que você queira saber?

— Falei tudo sobre mim, é justo que você conte sobre você. - ela sorriu.

Ethan ficou em silêncio por um momento, como se estivesse ponderando o que dizer.

— Você olha-me as vezes com desdém e rancor. Penso que sou exatamente o que pensa que eu sou. - ele começou. - Eu nasci nesta casa, há 18 anos. Sou o filho mais velho dessa família.

— Só isso? - ela ironizou.

— Não! - se preocupou em não parecer um chato. - Tenho o meu irmão mais novo e agora você para cuidar e servir de exemplo. Por isso, passo bastante tempo no trabalho com o meu pai e estudando muito. - explicou.

— Você parece ser bastante correto e rígido consigo mesmo.

— Quero que a nossa família prospere e ser tão importante nessa cidade quanto os meus pais.

— Você tem muita responsabilidade sobre si mesmo.

— É necessário, alguém tem que herdar os empreendimentos da família e saber usá-lo. - explicou. - Gosto do meu irmão, mas ele não está em condições de cuidar de tudo isso.

— Como assim?

— Os médicos não conseguem definir o que ele tem, mas desde quando era um bebê ele se mantém calado e não quer interagir com outras pessoas.

— Mas eu ouvi ele falar. - A convicção estava evidente em sua voz. - Ele falou no jantar.

— Impossível. - a testa franzida em confusão. - Ninguém da família ou funcionários conseguiu escutar a voz dele há anos. Os médicos acreditam que isso venha de um trauma que tenha tido, mas melhore com o passar dos anos. Não se sabe ao certo.

Livy sentiu uma onda de frustração tomar conta de si:

— Eu tenho certeza que eu o escutei falar comigo.

Ethan ficou em silêncio por alguns instantes, ponderando as palavras de Celine:

— Que estranho... - ele murmurou, pensativo. - Acho impossível, ele é tímido para conseguir conversar com alguém que acabou de conhecer.

Um sorriso travesso se formou nos lábios de Livy.

— Olhe bem para meu rosto. - ela apontou para a própria face. - acho que meu rosto é muito amigável, impossível é ele não ter gostado de mim. - Livy brincou.

Ethan riu, contagiado pela leveza de Livy

— É verdade. - ele disse.

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