CAPÍTULO 13 - Encontro com Tomás

No dia seguinte, Ethan evitou Livy a todo custo. Ele não queria falar com ela, não queria olhar para ela. A presença dela o irritava, o deixava desconfortável. Livy por sua vez, também estava um pouco irritada e não queria vê-lo. Ela foi para o colégio sem vê-lo no café da manhã e no jantar seguinte também não o viu.

— Onde está Ethan? - Livy perguntou com curiosidade para a senhora.

— Como sempre, menina. - a mulher iniciou desapontada. - Está preso no trabalho com o pai dele.

Os dias da semana passaram voando. Chegou sábado, o dia da confraternização. A casa já estava sendo preparada pelos funcionários da família, enquanto Livy em seu quarto se arrumava para sair com Tomás.

Ela não sabia o que vestiria, fazia décadas que era um monstro. Já não se lembrava como se arrumar para a ocasião, então desceu discretamente e pediu ajuda para a Agatha.

Livy vasculhava o closet. Roupas de cores vibrantes, texturas macias e caimentos fluidos – tudo tão diferente do seu estilo sombrio e austero. Agatha, sua fiel escudeira, observava a cena com um sorriso divertido.

— Deixe-me te ajudar. - falou vasculhando a pilha de roupas. - E esse azul?

Livy hesitou. Azul era a cor da paz, da serenidade, não combinava com ela.

— Melhor não, não gosto de azul.

— Uma vez me disse que gostava da cor vermelha. - ela disse empunhando um vestido vermelho como brasa. - Esta noite você será uma Fênix renascendo das cinzas, que tal este aqui?

Livy hesitou novamente. Vermelho era a sua cor favorita como disse Agatha, porém também era da paixão, da vida pulsante, algo que ela considerava inapropriado para a ocasião.

— Eu nem sabia que tinha tal vestido no meu armário.

Agatha deslizou o vestido pelo corpo de Livy, observando a transformação. O tecido acetinado acentuava suas curvas, enquanto o decote em V revelava a alvura de sua pele. Os cabelos negros, antes presos em um coque, foram soltos em ondas sedutoras que emolduravam seu rosto.

— Você está linda, senhorita!

Livy se olhou no espelho, surpresa com a imagem que via. Seus olhos, antes gélidos como gelo, agora brilhavam com uma chama vivaz. Ela ainda lembrara que parecia com uma das pessoas que via em seus pesadelos mais antigos.

— Acho que...

— O que foi senhorita, não gostou?

— Acho que está um pouco demais, eu avisei ao meu amigo que seria um encontro casual.

— Beleza nunca é demais. Além disso, nem sempre temos ocasiões para nos arrumamos e estar tão belas e cheirosas.

Livy ficou parada em frente ao espelho se analisado enquanto pensava.

— Você acha?

— Sim, senhorita! - falou convicta do que disse.

— Vou confiar em você, então.

Ao descer as escadas, Livy se deparou com o jardim banhado pela luz do crepúsculo. O jardim estava em seu dia mais bonito, devidamente decorado. Ethan estava lá, observando as flores com uma taça de vinho na mão, as vezes interagindo com os convidados ao lado da sua mãe que pela primeira vez, Livy observou a sorrir.

Sem que ele percebesse, ela se aproximou, sentindo o perfume de rosas e jasmim lentamente impregnando o ar.

Ethan a viu de relance, e por um breve momento, suas sobrancelhas se arquearam e seus olhosse abriram. A visão de Livy, envolta em um vestido vermelho que realçava sua beleza, o deixou sem fôlego. Ele desviou seu olhar, pois como poderia, a sua irmãzinha?

— Estou saindo Senhora. Volto antes da confraternização acabar.

— Certo menina, pode ir.

— Vou pedir uma carona para Rodrigo, posso?

— Se ele concordar... - a mulher falou.

Livy se virou e partiu, deixando Ethan sozinho com seus pensamentos confusos. Naquele instante, ele percebeu que a sua irmã não era tão menina assim e que ele não era tão importante na vida dela. A possibilidade de ter que dividi-la com outro homem o consumia por dentro, mas por quê?

Livy se encontrou com Tomás no cinema, logo após o filme ele levou-a para um encontro em um restaurante mais chique da cidade.

— Você gostou do filme?

— É diferente.

O maître os acompanharam até quase o terraço do prédio, onde era possível ter uma vista privilegiada da cidade. Os prédios e as luzes cintilantes iluminavam a cidade. Estavam Livy e Tomás com mais umas poucas pessoas.

— Você está deslumbrante esta noite. - disse ajeitando a cadeira para ela se sentar-se.

— Obrigada. - com cuidado sentou-se na cadeira com os talheres postos a mesa.

— Fiz uma reserva no restaurante italiano. Acho que todo mundo gosta de comida italiana, espero que você também. - ele falou  um pouco ansioso.

— Que gentileza.

— Boa noite. O que posso lhes servir? - falou o garçom que se aproximou da mesa deles. Tomás escolheu os pratos e bebidas para ambos já que Livy não parecia tão interessada em escolher.

— Perfeito. Seus pedidos chegarão em breve.

— Então, me conte mais sobre você. O que você gosta de fazer nas horas vagas?

— Não tenho muito tempo livre, mas acho que não dormiria se eu contasse para você.

— Certo...

— Então trocamos para outra pergunta. Qual é a sua comida favorita?

— Não tenho preferências, você tem?

— E sua família? - ele muda de assunto.

— ...

Um silêncio de repente se instaurou na mesa, até que o garçom voltou com os pratos escolhidos por Tomás.

— Aqui estão seus pedidos. Bom apetite!

— Obrigada.

— Obrigado.

— Livy, você está diferente esta noite. Mais... distante.

— Eu estou sempre assim.

—  Não sei. Você parece... tensa.

— Eu não estou tensa. Só estou preocupada com alguém. - confessou.

— Quem?

— Talvez eu tenha chateado alguém em casa.

— Você quer voltar? posso levar-te de volta. - disse quase estendendo o braço para pedir a conta.

— Não precisa.

— Certo, por que nao mudamos de assunto. Me conta sobre você.

— Não há nada para contar.

— Livy, eu estou tentando ter uma conversa com você.

— Eu sei, certo. Mas então porque não mudamos o assunto novamente, contudo para você?

— O que você gostaria de saber, Livy?

— Eu gostaria de saber mais sobre sua família. Me desculpe por ser tão curiosa.

— Não tem problema!

— Meus pais são pessoas muito importantes para mim. Eles sempre me apoiaram em tudo que fiz.

— Vocês são bem diferentes. - ela murmurou.

— Desculpe não ouvi.

— Não é nada. Esquece. - sorriu. - No que eles trabalham?

— Minha mãe é promotora e meu pai delegado.

— Que legal! Eles devem ser muito ocupados.

— Sim, são. Mas sempre fazem questão de ter tempo para mim e minha irmã.

— Você tem irmã?

— Sim, tenho uma irmã mais velha.

A conversa flui por mais algumas horas, até que o motorista veio buscá-los. Antes de ir para a casa de Tomás, ele parou e deixou Livy na mansão dos D'villa.

Ao passar pelo portão viu as luzes já desligadas, não cumpriu com o que disse, a confraternização já havia acabado. Por ela tudo bem, falaria com Ethan no dia seguinte.

Então ela entrou em silêncio, tirou o seu salto para não fazer barulho com o chão de madeira que a casa tinha. Com cuidado foi em direção ao seu quarto, onde se jogou sobre a cama e deu um suspiro aliviada, pois enfim, pode ser que achou alguém que vai ajudar-lhe na sua missão.

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