Episódio 13
"Özgür, seu amigo está aqui!"
Ela exclamou, acomodando-se exuberante no sofá de couro, enquanto Murat permanecia imóvel, observando os móveis adornados com peças de madeira rústica. No ar, pairava o aroma de incenso misturado às notas de tabaco.
Um homem de roupão apareceu no topo da escada, lançando a Murat um sorriso caloroso. Descendo as escadas com tranquilidade, ele trouxe consigo o odor do tabaco, entrelaçado ao perfume amadeirado do ambiente.
"Sentiu minha falta, Murat!Passou um longo tempo desde nossa última conversa, não é?"
Ele disse, com um sorriso cúmplice e descontraído, sua voz suave e calorosa criando uma atmosfera acolhedora.
"Deixe-nos a sós, Ninã. Temos muito a discutir, não é mesmo, Murat?"
Os dois se despediram com um beijo demorado, enquanto Ninã saía lentamente do local. O som da porta fechando-se criava uma sensação de privacidade e confidencialidade no ambiente.
"O que você está fazendo aqui? Deveria estar no caixão!"
Murat murmurou abafadamente, ajeitando seus óculos. Özgür sorria ainda mais, soprando a fumaça que saía de sua boca. O cheiro de tabaco se misturava com o aroma de incenso.
"Mas não estou! Sente-se, por favor!"
Disse Özgür, apontando para o sofá branco. O couro macio e desgastado, exalava um mal aroma de cigarro, disfarçado de uma fragrância doce de perfume.
Os dois se sentaram, e o cheiro do tabaco estava deixando Murat enjoado.
"Pode parar com isso por um minuto?"
Pediu Murat, visivelmente impaciente. Özgür jogou o tabaco no chão, pisando nele com firmeza. O som do tabaco sendo esmagado trouxe um alívio para ele. Odiava cigarros e qualquer tipo de droga.
"Desculpe, Murat. Eu sei que você detesta quando fumo perto de você. Mas vamos ao que interessa!"
Disse Özgür, mostrando um olhar sério e decidido. Seus olhos penetrantes e sérios tinham um brilho determinado, enquanto uma nota de urgência mascarava sua expressão.
"Como você conseguiu sobreviver?"
Murat perguntou, olhando-o com curiosidade.
"Espere um momento, meu amigo! Como está Emet?"
Özgür respondeu, notando a seriedade de Murat.
"Está bem"
Murat disse em um tom mais baixo, aguardando a resposta de sua pergunta.
"Eu me lembro de um momento vago quando eles apareceram, ameaçaram e, depois de me doparem, te levaram para Istambul, deixando um aviso. Disseram que se eu contasse algo ou tentasse interferir, seria um alvo."
"Como soube que eu estava te procurando? Por que não veio até onde eu e minha mãe estávamos?"
Murat indagou, buscando respostas.
Özgür suspirou, levantando-se.
"Esta é a minha área. Sempre sei quem entra e sai. Se eu tivesse ido até lá, seria uma isca fácil."
Ele se ajeitou no roupão ao sentar novamente.
"Então, tudo que sabia até então era uma...mentira?"
Murat murmurou, olhando para Özgür, que confirmou.
"Sim. Todos os documentos, fotos e registros foram destruídos por eles. Se me fizeram de morto, imagine o que fizeram com você!"
Özgür tentou suavizar o clima tenso, mas Murat estava muito abalado para se distrair. O que a ICV fez com ele?
"Quer dizer que me pegaram e me usaram como um rato de laboratório!?"
Murat se levantou, encarando Özgür com desapontamento.
"Por que não me lembro de nada disso?"
Ele se afastou, uma dor de cabeça surgindo.
"Você está me enganando?"
Murat questionou, fitando Özgür, visivelmente pertubado.
"Você me procurou! Estou te contando tudo que sei!"
Özgür respondeu, tentando acalmar as tensões. Ele se levantou e tocou o ombro de Murat.
"Vamos deixar isso para mais tarde, está bem? Vamos aproveitar o dia!"
Ele se afastou, mas Murat exigiu mais respostas, seguindo-o em busca de esclarecimentos.
"Espera aí!"
Murat seguiu Özgür até um salão de basquete.
"Por que me procurou, Murat?"
Özgür pegou uma bola e a arremessou na cesta, desafiando-o.
"Venho até você para corrigir esse problema"
Murat apontou para a própria cabeça, exausto com tudo aquilo.
"Escute, Murat, você é uma criação minha! Tudo que tenho hoje é graças a você! Não há como concertar sua imunidade!"
Özgür encarou Murat nos olhos.
"Tudo que crio não deve ser desperdiçado."
Özgür afirmou, seu tom refletindo determinação e comprometimento.
Murat olhou para Özgür, perplexo. A revelação o atingiu como um soco. A expressão de Murat era um misto de confusão e choque, enquanto ele tentava processar tudo o que acabara de ouvir.
Murat, ainda chocado com a revelação de Özgür, lutava para processar a informação. Ele encarou Özgür por um momento, antes de finalmente balbuciar.
"O que você quer dizer com 'uma criação sua'?"
Özgür suspirou, sentando-se em um dos bancos do salão.
"Eu trabalhava em pesquisas avançadas, Murat. Você...foi o resultado de um projeto. Não posso concertar sua imunidade porque você foi planejado assim, como uma falha de propósito."
A mente de Murat girava. Ele sentiu uma misturava de raiva e confusão.
"Então, eu fui um experimento? Por que?"
Özgür abaixou a cabeça por um momento antes de falar.
"Os detalhes são complexos, Murat. 'Eles' são uma organização obscura, a ICV. Eles queriam controle e manipulação genética. Você foi o nosso projeto mais promissor, mas algo deu errado....e o resto é história."
A frustração tomou conta de Murat. Ele se levantou, começando a andar de um lado para o outro.
"Então, o que quer que faça agora? Como posso lidar com isso?"
Özgür se aproximou dele.
"Temos que encontrar uma maneira de proteger você. Temos recursos, informações....precisamos nos unir para enfrentá-los."
Murat olhou para Özgür com determinação.
"Eu preciso de respostas. Eu quero justiça."
Se sentou no banco intrigado.
"Exatamente, Murat."
Özgür confirmou, sentando-se ao lado dele.
"Você é uma peça valiosa pra eles, e é por isso que estão tão determinados a encontrá-lo. A sua singularidade seu potencial, tudo isso os interessa."
Murat encarou Özgür, tentando compreender o peso da situação.
"Eu não me lembro de nada antes de Sule morrer e de repente estar na casa da minha mãe."
Murat disse, franzindo o cenho, frustrado por essa lacuna em suas lembranças.
Özgür colocou a mão no ombro de Murat.
"Vou usar todos os recursos que tenho para descobrir o que aconteceu. Eles podem vir atrás de nós a qualquer momento."
Özgür olhou para Murat com seriedade.
"Para testar verdadeiramente sua lealdade e resistência aos efeitos da ICV, proponho um desafio. Você será colocado em um labirinto repleto de infectados. Este será um teste dos seus limites, para ver o quão longe você pode ir."
Ele ficou surpreso com a proposta, sentindo uma mistura de choque e determinação.
"Você quer que eu enfrente um labirinto cheio de infectados? Para testar minha lealdade?"
"Sim, exatamente."
Confirmou Özgür.
"Será uma oportunidade para testar não só sua resistência física, mas também sua coragem e determinação de uma situação extrema."
Murat respirou fundo, consciente dos perigos e desafios que enfrentaria.
"Está bem, eu aceito o desafio."
Com essa decisão, Murat se preparou para enfrentar o desafio proposto por Özgür. Ele sabia que essa experiência seria não apenas um teste físico, mas também uma oportunidade de mostrar sua lealdade e comprometimento.
À medida que se aproximavam, os sons dos gritos e da agitação se tornavam mais audíveis. Murat sentia a tensão aumentar. Ele sentiu um misto de emoções enquanto se aproximava do local do desafio. Uma parte dele ansiava por dar meia volta e voltar para casa, para a segurança de sua mãe.
Contudo, outra parte dele estava curiosa, ansiosa para experimentar uma sensação completamente nova, uma onda de adrenalina correndo por suas veias.
"Por que estou fazendo isso?"
Murat se perguntou em silêncio, enquanto seguia Özgür em direção ao desafio.
"Será pela busca por respostas ou por essa sensação de adrenalina?"
A dúvida pairava em sua mente, mas a curiosidade e o desejo de novas experiências o mantinham avançado.
Murat olhou ao redor, percebendo o local remoto e ouvindo os gritos distantes de um grupo, provavelmente torcendo pelos participantes.
"Já começou? Incrível! Vamos lá, Murat!"
Özgür encorajou-o, confiante.
Murat respirou fundo, focando no desafio à frente.
"Estou pronto"
Disse determinado, seguindo Özgür em direção ao local.
Murat afirmava para si mesmo, pronto para adentrar no labirinto e encarar os infectados, enfrentando os desafios propostos por ele.
Özgür saudou Murat com um sorriso desafiador antes de empurrá-lo para o labirinto, desafiando-o a enfrentar os perigos que o aguardam.
"Vamos, Murat, mostre sua força!"
Ele gritou, observando de cima com um olhar desafiador.
Murat revirou os olhos e, confiando em sua intuição, adentrou o labirinto sombrio e sujo. Logo, os infectados foram soltos, e o desespero tomou conta do ambiente. Gritos ecoaram pelos corredores, e Murat foi assolado por uma enxaqueca insuportável.
Tonto e incerto, Murat esbarrou nas paredes sujas de barro, tentando encontrar uma saída.
Percorrendo o labirinto interminável, avistou um infectado que corria em sua direção, falando palavras desconexas. Seus sentidos estavam confusos e a visão turva, começou a fraquejar, caindo na lama. O infectado se jogou sobre ele, cuspindo palavras sem sentindo em seu rosto. Murat nunca tinha estado tão próximo de infectado antes.
"Sule?"
Murat empurrou o infectado e se levantou com dificuldade, dirigindo-se para a sombra que o encarava. As paredes giravam e estavam distorcidas, dificultando sua passagem.
Quando ele chegou perto da mulher, uma luz ofuscou sua visão e uma mão o agarrou.
Özgür, com um sorriso caloroso, abraçou Murat.
"Você conseguiu, Murat! Parabéns por essa vitória!"
Todos ao redor o aplaudiram, mas os gritos de desespero ainda ecoavam no labirinto.
"Mas, cadê ela?"
Murat perguntou, confuso, observando ao redor.
"Ela quem? De quem está falando?"
Özgür seguiu o olhar de Murat, tentando entender.
"Vamos para casa, lá poderemos comemorar essa vitória!"
Özgür tentou desviar do assunto, puxando Murat em direção ao carro. Não parecia que seu amigo havia passado por uma experimentando quase fatal.
Ainda perplexo, Murat deixou ser levado por Özgür, mas uma sensação de incerteza pairava em sua mente. O que realmente havia acontecido lá dentro? As imagens distorcidas e confusas que ele tinha não se alinhavam com a realidade que Özgür estava apresentando.
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Atualizado até capítulo 24
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