Episódio 6
"Visitamos bairros próximos ao local onde ele se encontrava nas últimas filmagems"
Disse um colega de trabalho ao lado de Gaze, observando todos na sala. Todos pareciam tensos. A sala, relativamente pequena, porém confortável, estava preenchida com um grande sofá preto coberto por uma capa marrom, absorvendo o clima tenso deixado pelos homens do esquadrão Bravo. Apenas o som contínuo das hélices se batendo do ventilador podia ser ouvido.
"Como estamos indo?"
Perguntou Fazil, entrando na pequena sala, bem humorado, algo raro. Um suspiro carregado foi a única resposta que recebeu, indicando que a investigação não estava progredindo.
O sorriso de Fazil desapareceu quando ele fechou a porta e se virou para olhar cada membro de seu esquadrão.
"Me passem os depoimentos"
Pediu, sentando-se com um tom sério. Seu rosto normalmente carrancudo encarava o computador.
"Todos os moradores disseram que não escutaram, não viram nada e não suspeitam de ninguém, exceto um idoso"
Disse Afonso, recém-chegado ao esquadrão, enquanto olhava nervosamente para seu caderno. Gaze estava sentado no canto, olhando para o seu próprio caderno desgastados. As folhas estavam cortadas do início ao fim, sua caligrafia inclinada para a esquerda, cheia de rabiscos e falhas de tinta.
"E o que ele lhe disse, rapaz?"
Perguntou Fazil, inclinando a cabeça para olhá-lo, suas olheiras cobrindo boa parte de seus olhos, evidenciando seu cansaço.
"Ele me disse que sofre de amnésia constante. Não sabe se uma memória é real ou não, mas seu depoimento é bem complexo."
Disse Afonso, incerto, entregando seu pequeno caderno para Fazil, que moveu os olhos erguendo as sobrancelhas, inclinando-se mais na cadeira.
Todos olhavam curiosos. Gaze revirou os olhos entediado com tanto mistério, ajeitando sua arma no sofá, posicionando-a no chão.
Fazil folheou o caderno de Afonso, examinando cada página com atenção. Seus olhos se fixaram em algumas anotações específicas, os dedos percorrendo linhas cheias de rabiscos e palavras riscadas.
"Isso é... intrigante"
Murmurou Fazil, os olhos percorrendo as anotações.
"Talvez haja mais nessa história do que inicialmente pensamos"
Gaze, visivelmente entediado com a falta de progresso, se aproximou do grupo com um ar de desdém.
"Amnésia? Parece um enredo clichê de um filme ruim"
Resmungou, observando as anotações de longe.
Fazil levantou os olhos do caderno e fitou Gaze com seriedade
"Às vezes, as peças mais estranhas são as que completam o quebra-cabeça"
Disse, fechando o caderno erguendo-se da cadeira.
"Precisamos ir até o local novamente. Vamos encontrar algo que nos ajude a esclarecer esse mistério"
Os membros do esquadrão Bravo se levantaram, cada um absorvendo a gravidade da situação à sua maneira. Enquanto saíam da sala, um zumbido constante de expectativa pairava no ar.
O vento frio da manhã os recebia quando saíram do prédio. Fazil olhou para o céu sereno, com tons delicados de azul celeste mesclados com nuances suaves de rosa ou laranja.
O grupo se aproximou do local das filmagens. Era um beco estreito, rodeado por prédios antigos e muros cobertos de grafites. A energia estava diferente, como se o lugar guardasse segredos que aguardavam para serem revelados.
Enquanto caminhavam pelo beco, algo capturou a atenção de Fazil. Ele se aproximou de uma parede grafitada, examinando um desenho em particular. Era uma figura enigmática, um símbolo estranho que parecia estar presente em várias partes do bairro.
"Isso está em todos os lugares"
Murmurou Fazil, tocando o desenho com a ponta dos dedos.
"É como se fosse um sinal"
Antes que ele pudesse terminar a frase, um ruído estranho ecoou pelo beco, como se algo se movesse nas sombras. O grupo se pôs em alerta, as mãos alcançando suas armas.
O silêncio pesado envolveu o grupo enquanto cada um avaliava os arredores, tentando identificar a origem do ruído. Uma sombra se movia rapidamente entre os becos estreitos, fugaz como um piscar de olhos. Gazi instintivamente apertou o cabo de sua arma, seu olhar perscrutando as sombras.
"Alguém está nos observando"
Murmurou Afonso, sua voz carregada de tensão
"Não estamos sozinhos aqui"
Fazil olhou para o desenho na parede novamente, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.
"Isso não é coincidência"
Disse ele, quase para si mesmo
"Há algo maior acontendo aqui"
Antes que pudessem explorar mais, um barulho alto cortou o ar. Algo se chocou contra uma lata de lixo próxima, fazendo com que todos se virassem na direção do som. No entanto, não havia nada além do vazio do beco.
"O que está acontecendo aqui?"
Indagou Gaze, sua voz demonstrando irritação e inquietação.
Fazil decidiu seguir um pressentimento e se aproximou do local onde a lata de lixo tinha sido atingida. Agachou-se para examinar o chão e notou pequenas manchas de tinta fresca.
"Isso foi recente"
Disse ele, levantando-se e examinando o grupo.
"Alguém esteve aqui, não faz muito tempo"
Afonso olhou para o desenho na parede e então para as manchas de tinta no chão.
"Há algo estranho nessa arte"
Comentou
"Ela parece estar se movendo ou mudando de alguma forma"
Um ruído próximo ecoou novamente, interrompendo as investigações. Uma figura encapuzada surgiu das sombras, antes de desaparecer na escuridão do beco adjacente.
O grupo se lançou em perseguição à figura encapuzada, correndo pelos becos escuros, o eco dos passos reverberando pelas paredes sombrias. A cada esquina virada, a figura parecia se distanciar ainda mais, desaparecendo habilmente na escuridão.
"Não podemos perdê-lo!"
Gritou Fazil, tentando manter contato visual com a sombra em fuga.
Gaze, com sua agilidade peculiar, conseguiu ganhar terreno. Em um momento de relance, capturou um vislumbre do encapuzado esgueirando por uma passagem estreita entre dois prédios. Sem hesitação, ele seguiu em direção àquela direção apertada, levando o restante do grupo atrás de si.
A passagem os levou a um pátio abandonado, repleto de destroços e entulhos. O encapuzado estava parado ao longe, imerso nas sombras.
"Quem é você?"
Questionou Fazil, cautelosamente se aproximando.
A figura encapuzada permaneceu em silêncio por um momento, antes de lentamente erguer a mão e apontar para a porta enferrujada. Fazil permanecia com a esperança de encontrar aquele homem, o homem que salvaria sua família.
Fazil se aproximou da porta, cauteloso, e com um empurrão firme conseguiu abri-la revelando uma escuridão profunda além da entrada. Um cheiro de mofo e abandono emanava do interior.
"Devemos entrar?"
Perguntou Afonso, olhando incerto para Fazil.
O líder do esquadrão Bravo ponderou por um momento antes de assentir com determinação. Eles trocaram olhares tensos antes de atravessar a entrada escura, mergulhando na desconhecida escuridão que aguardava do outro lado daquela porta.
Nesse momento, um movimento rápido chamou a atenção deles. A figura que fugia do confronto anterior agora se esgueirava para longe, tentando escapar da perseguição do esquadrão Bravo.
"Ele está fugindo novamente!"
Exclamou um dos membros do grupo.
Um dos membros do esquadrão, tomado pelo desespero e pela urgência da situação, disparou um tiro.
O som do disparo ecoou pelo beco, perfurando o ar e, por um instante, o mundo pareceu congelar. O fugitivo cambaleou, o corpo atingido pelo tiro, caindo ao chão em agonia. A expressão de dor e surpresa tomou conta de seu rosto enquanto o choque do impacto se manifestava em seu corpo.
Os membros do esquadrão Bravo, mesmo em meio ao calor da perseguição, ficaram momentaneamente estáticos diante do que acabara de acontece. Uma onda de emoções contraditórias - choque, angústia e incerteza - inundou o ambiente tenso.
Fazil, o líder do grupo, aproximou-se rapidamente do fugitivo caído, os olhos refletindo uma mistura de compaixão e preocupação. Ele ordenou que os demais se mantivessem alerta enquanto tentava prestar assistência ao fugitivo ferido.
O choque do momento deixou todos em um estado de perplexidade, cada um tentando processar o que havia acontecido.
O fugitivo gemia de dor, deitado no chão enquanto Fazil tentava estancar o sangue e prestar os primeiros socorro. A adrenalina da perseguição cedia lugar à urgência de salvar uma vida.
Enquanto Fazil fazia o possível para conter a hemorragia, o membro do esquadrão que efetuara o disparo olhava para o ferido com um misto de choque e remorso. As mãos tremiam enquanto ele tentava absorver a gravidade do que acabava de fazer.
"O que....o que eu fiz?"
Murmurou ele, a voz embargada pela culpa.
Os demais membros embora tensos, mantinham-se vigilantes, preocupados com as consequências da ação. A atmosfera estava carregada de emoções conflitantes.
Fazil ergueu um olhar preocupado perseguição os demais, suas palavras soando firmes.
"Precisamos levá-lo para receber ajuda médica imediatamente. Temos que fazer o que for necessário para salvá-lo."
Com esforço conjunto, eles prepararam uma maca improvisada e carregaram o fugitivo ferido para um local seguro, longe dos becos escuros e da agitação das ruas.
A consciência do membro que efetuara os tiros pesava sobre seus ombro, os olhos marejados refletindo o peso do que tinha feito. Era evidente que ele estava atormentado pela ação impensada.
O esquadrão Bravo agora se encontrava diante de uma situação crítica: um ato que mudaria o rumo da investigação e, possivelmente, das vidas envolvidas.
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Atualizado até capítulo 24
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