Episódio 5

Episódio 5

"Mãe!"

Murat chamou desesperado, largando abruptamente o saco sobre a mesa da sala, agitado.

"O que foi? Para que me gritar assim?"

Sua mãe emergiu do quarto, o cigarro entre os dedos, mas ao cruzar olhares com o filho, percebeu imediatamente a que urgência.

"Os policiais estão em todo o bairro! O ICV está atrás de mim!"

Murat falou rapidamente, os tremores evidentes em suas mãos enquanto se sentava no sofá, o rosto pálido de medo. Sem hesitar, sua mãe segurou suas mãos, buscando acalmá-lo.

"Eu não quero ser caçado como um animal selvagem!"

Sua respiração se tornava irregular a cada frase dita. Estava com muito medo em relação ao ICV pegá-lo para torná-lo uma cobaia. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas não as sentia cair.

"Murat..."

Suas mãe chamava seu nome calma, apertando as suas duas mãos. Olhando para ela, ele via seu olhar preocupado, afetuoso e de pena.

"Se não fosse por esses malditos sabões

Ele retirou as mãos entrelaçadas da mãe e se aproximou da mesa, pegando o pacote lacrado que logo escorregou de seus dedos trêmulos.

Por que eu não consigo pegar uma merda qualquer?!"

Olhou para as suas mãos, marcadas por machucados recentes, cerrando os olhos, sentindo-os marejados. Não queria chorar agora, sentia-se fraco e indefeso naquele momento.

"Eu os vi mais cedo. Estavam perto do prédio. O que você fez para estarem aqui?"

A mulher observava pela janela, questionando Murat. Ele se questionou se ela ao menos se preocupava com ele, porque não parecia.

Suspirou cansado, exausto de tudo isso. Por que eles simplesmente não o econtram e o matam logo?

"Alguém disparatou e uma mulher com uma criança estavam próximas. Dei meus fones a ele e os ajudei. Peguei o que precisava e estava a caminho para casa"

Explicou Murat, tentando ser breve, mas sentindo uma pontada dolorosa na cabeça. Por um momento, fechou os olhos, apoiando-se no sofá.

"Você está louco? Deu seus fones a uma criança em meio a todos. O que pensaram de você?"

Ela se virou, apagando o cigarro no cinzeiro, cruzando os braços, lançando um olhar raivoso para ele.

"Acha que eu me importaria, naquele momento, se uma criança estava em risco? Importar-me com o que os outros pensariam de mim?

Ele soltou um riso sarcástico, erguendo-se com força.

"Você é simplesmente INACREDITÁVEL, mãe!"

Murat bufou, dirigindo-se ao quarto, ouvindo-a ir atrás, batendo o pé.

"Isso só confirma a pessoa egoísta que você é! Por favor, me deixe em paz!"

Ele lançou um último olhar desapontado e bateu a porta, trancando-a. O som dos sapatos saltitantes ecoou à distância. Ela esperava que ele se acalmasse e mudasse de ideia após conversarem? Talvez sim.

Sentado na cama, Murat suspirou profundamente, olhando para o porta retrato. Segurando a fotografia, Murat viu a imagem, que aos seus olhos, parecia antiga, registrada no primeiro encontro dos dois. Naquele dia, estava tão feliz por conhecer a linda moça mais popular da universidade que não percebeu o quão desajeitado estava naquela foto. O sorriso dela era tão bonito, radiante, contagiante....

Ele esboçou um pequeno sorriso nostálgico, sentindo-se preso em num ciclo ao ver aquela imagem. Temia não parecer desrespeitoso com sua esposa ao lembrar-se da mulher com quem acabara de conversar.

Ele se jogou na cama, abraçando a foto deles dois, asiando por estar ao lado dela naquele momento. Murat fechou os olhos lentamente, relembrando os momentos mais incríveis que compartilhou ao lado de Sule. Fitou pela última vez a fotografia antes de mergulhar por completo no sono.

Sule surgiu diante dele em um cenário vívido, um bosque repleto de cores vívidas. O céu claro e radiante constratava com o aroma de hortelã e mel das flores ao redor. No entanto, risos dispersos ao longe distraíram sua atenção por um instante, enquanto se aproximava dela, admirando sua beleza impressionante naquele momento.

Ele esperava se desculpar por toda a eternidade. Sentia-se radiante por vê-la novamente.

"Sule"

Mas, ao virar-se, Sule desferiu-lhe um tapa com olhos cheios de fúria, aquecendo a pele onde o toque aterrizou. Murat contorceu-se, confuso.

"Sule, me desculpe por tudo. Estou tão feliz em te ver!"

Avançou em sua direção, sentindo-se como se estivesse flutuando nas nuvens.

No entanto, o olhar dela expressava desconfiança.

"O que está dizendo? Eu te vi me trair com aquela mulher!"

O quê? Por que ela está me dizendo essas coisas? Eu nunca......

Interrompeu seus pensamentos ao vê-la erguer a mão novamente, pronta para outro tapa.

"Sule!"

Agarrou seu braço, abraçando-a independente de sua reação.

"Não sei do que está falando. Eu nunca te trai. Durante todos esses anos juntos, apesar das brigas, fui e sempre serei fiel a você."

Beijou o topo de sua cabeça, desejando que aquele momento durasse para sempre.

"Não!"

Sule afastou seus braços e seus cabelos estavam levemente desalinhados. O vento começava a soprar forte, as nuvens se dispersando no céu, prenunciando uma tempestade.

"Eu não vou te perdoar! Nunca entendeu?!"

Afirmou antes de se distanciar. Murat tentou mover as pernas para alcançá-la, mas elas permaneciam imóveis, incapazes de se mover. Observou-a se dissipar nos ventos que se tornavam violentos, enquanto os trovões ecoavam assustadoramente. O bosque tremia com a intensificação da tempestade.

As pessoas ao redor gritavam, e, ao olhá-las de perto, seus rostos estavam borrados. Todos gritavam ao ver Murat se aproximar. Estavam com medo dele?

As ondas atingiram o pequeno bosque, que sucumbiu à força das águas, todos imersos no oceano escuro e profundo. Parecia que o destino ansiava pela morte de todos ali. Murat tinha a sensação de que tudo aquilo acabaria acontecendo, de uma maneira ou de outra.

Ele dispertou abruptamente de seu pesadelo, respirando rapidamente. Sua cama estava completamente encharcada, lágrimas escorriam descontroladamente por suas bochechas. Tremia, segurando o porta-retratos.

Sule estaria tentando enviar-lhe alguma mensagem? Por que esse sonho repentino? Certamente, preferia morrer e revê-la. Durante muito tempo, desejara ter sonhado com ela antes, então porquê agora?

Sabia que não conseguiria dormir mais naquela noite.

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Comments

Iranilde Lima

Iranilde Lima

bom demais!

2024-03-19

0

Iranilde Lima

Iranilde Lima

gostei muito da escrita

2024-03-19

0

Kuroi tenshi

Kuroi tenshi

Ansiosa por mais! Não nos deixe esperando muito tempo!

2024-02-25

0

Ver todos

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