Episódio 9
Murat, desolado após a briga com sua mãe, saiu de casa para encontrar uma multidão em protesto. Entre os gritos e a confusão, misturando-se aos sentimentos que tinha dentro de si.
Entre os manifestantes, Murat avistou uma mulher com mechas loiras. Ao fitar seu rosto, cerrou o cenho ao reconhecer quem era.
Era ela, aquela que tanto preenchia seus pensamentos. Seus olhos se encontraram diante da multidão. Ela se aproximou, tendo sua atenção.
"Ei! Você!"
Murat fingiu desentendimento, querendo ouvir novamente aquela voz que sempre o acalmava.
"Opa, desculpe. Você me conhece?"
Mentiu
"Não se lembra? Nos encontramos na estação de ônibus uma vez."
Ela dizia radiante
"Desculpe, minha memória anda um pouco confusa ultimamente. Sou Murat e você?"
Murat ouviu cada palavra ser pronunciada pela, então, Aylin.
Enquanto ela expressava sua indignação sobre a ICV e seus abusos, Murat sentiu-se cada vez mais indignado. Ele compartilhou sua própria experiência com a impresa, se sentindo aliviado por se abrir com ela.
"Sinto muito por tudo o que aconteceu"
Murat, em um devaneio momentâneo, sentiu-se observado e se despediu rápidamente.
"Tenho que ir, nos vemos por aí."
Enquanto se afastava da multidão, Murat sentiu o peso da presença fantasmagórica de Sule ao redor. Em sua mente, cada olhar da mulher, Aylin, parecia um julgamento silencioso da sua ex-esposa. Sentiu-se um idiota por ter deixado Aylin pela segunda vez que se encontraram por acaso.
Caminhando pelos becos apertados e sem estrutura da cidade, a ansiedade de Murat crescia. Cada passo parecia acompanhado por um eco dos movimentos difíceis vívidos com Sule, alimentando seus receios e incertezas.
A paisagem que um dia encantou como uma das mais bela da Turquia agora se apresentava como um abismo sombrio, mergulhado na escuridão. Murat observava as antigas casas de madeira, agora envelhecidas e desgastadas pelo tempo. Onde antes havia beleza e charme, restavam apenas vestígios de um passado glorioso, submerso na penumbra da decadência.
Murat continua seu trajeto pelos becos apertados e decadentes da cidade. À medida que avança, percebe detalhes que antes passavam despercebidos: as fachadas desbotadas das casas, as rachaduras nas paredes, o eco vazio nas vielas estreitas. O ambiente ao seu redor parece refletir não apenas o declínio físico, mas também o peso emocional que ele carrega.
Os sons da cidade ecoam de maneira distorcida, misturando-se a vozes indistintas e ao eco ocasional de passos distantes. Murat se sente imerso em um labirinto desolado, um reflexo visual de seu próprio estado emocional tumultuado. Cada esquina parece esconder uma memória, um passado que ele tenta desesperadamente superar.
Murat sentindo um colapso iminente, permitiu que suas pernas cedessem, recostando-se em uma parede próxima. Ofegante, lutava para recuperar o fôlego, respirando com dificuldade, tentando preencher sesu pulmões famintos por ar. Cada respiração era um esforço, suas costas contra a parede forneciam o apoio necessário enquanto ele tentava acalmar sua respiração ofegante.
A presença constante da sensação de ser observado atormentava Murat durante cada momento de sua conversa com Aylin.
Ao compartilhar sua versão dos eventos passados, Murat sentiu-se compelido a ocultar uma parte essencial da história, uma verdade obscura que ele tentava desesperadamente manter escondida.
Havia um receio profundo revelar tudo para Aylin, pois essa verdade obscura o atormentava e ele ansiava o porquê, o como e a razão por trás do que aconteceu. Estava determinado a encontrar respostas para encerrar esse capítulo sombrio de sua vida.
Murat retornou para casa, pegou algumas de suas coisas com pressa e saiu novamente, determinado a resolver de uma vez por todas o tormento que o consumia. Enquanto caminhava pelas ruas, o bairro parecia estranhamente vazio, envolto em um silêncio pertubador.
Ele estava determinado a encontrar seu antigo amigo, alguém que poderia ajudá-lo a desvendar os segredos que o atormentavam. Era uma busca por respostas, uma tentativa de finalizar seu sofrimento que o consumia há tanto tempo.
A tensão pairava no ar quando Murat chegou à estação, ocultando seu rosto apertando o capuz da blusa. A presença policial era evidente por toda parte, e uma sensação de inquietude pairava o ambiente. Com seu bilhete em mãos, ele aguardava pacientemente na fila, observando cautelosamente cada movimento ao seu redor.
À medida que a fila diminuía, restava apenas Murat e o policial diante dele. Com uma ordem firme, o policial solicitou que ele retirasse o capuz.
"Por favor, tire o capuz para que eu possa ver o seu rosto"
Disse o policial, examinando o que podia ver do rosto de Murat, ainda parcialmente encoberto.
Preparando-se para revelar seu rosto, Murat entregou o bilhete que havia comprado, pronto para comprir o pedido do policial.
No entanto, antes que pudesse obedecer à ordem, um estrondo ensurdecedor interrompeu o ambiente tranquilo. Destroços começaram a cair diante de seus olhos, seguidos rapidamente por uma nuvem de fumaça que se erguia no céu ensolarado.
"Estamos sendo atacados!"
Gritou outro policial que coordenava uma fila próxima, instando os demais a correrem para à base.
A confusão e o caos rapidamente se instalaram na estação, deixando Murat perplexo e atordoado diante do repentino acontecimento. A situação caótica na estação gerou um clima de pânico, algo que Murat menos desejava naquele momento. As pessoas buscavam refúgio nos ônibus, trens e carros próximos, tentando escapar da ameaça eminente.
Com a mochila firmemente agarrada, Murat corria em direção a um ônibus lotado, ansioso por sair dali o mais rápido possível.
Ao alcançar o ônibus e encontrar um assento nos últimos lugares disponíveis, Murat percebeu a pressa do motorista, que fechou as portas rapidamente. O veículo partiu em alta velocidade, deixando algumas pessoas para trás e outras desistindo de acompanhar o percurso.
A tensão dentro do ônibus era palpável, os passageiros expressavam preocupação e nervosismo pela situação que deixaram para trás na estação.
Murat observava pela janela as pessoas tentando encontrar segurança, enquanto os ônibus avançava rápido pelas ruas
A sensação de alívio por ter conseguido entrar no ônibus misturava-se com a preocupação pelo que havia deixado para trás e pela incerteza do que encontraria pela frente. Cada quilômetro percorrido era um afastamento da ameaça iminente, mas também representava um passo mais profundo no desconhecido.
Uma senhora, visivelmente irritada com a situação, desabafava com um rapaz ao seu lado, expressando seu descontentamento em meio a reclamações.
O rapaz, pouco interessado no desabafo da senhora, simplesmente concordava com tudo o que ela dizia, monstrando-se alheio ao falatório. Enquanto isso, outros passageiros trocavam palavras em conversas preocupadas, enquanto alguns trocavam olhares apreensivos.
Murat, abraçando firmemente sua mochila, descansava sua cabeça no vidro da janela, absorvendo a paisagem ao redor. Sabia que seriam longas 8 horas até a cidade de destino. Sentindo-se cansado demais para interagir com alguém naquele momento, ele simplesmente fechou os olhos, desejando estar no seu destino quando despertasse.
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Atualizado até capítulo 24
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