Episódio 12
Murat acordou sobressaltado, sentindo alguém cutucando-o. Rapidamente, agarrou sua mochila, abraçando-a firmemente enquanto ao redor, ainda sonolento, tentando se situar visivelmente assustado por ter dormido por oito horas seguidas no ônibus.
"Chegamos ao nosso destino. Você é a última pessoa no ônibus. Desculpe por não te acordar, estava tirando as pagagens das pessoas lá fora."
O homem se afastava, saindo do ônibus, enquanto Murat se esforçava para se reorganizar. A sonolência ainda pairava sobre ele enquanto se preparavam para descer.
Com um olhar cauteloso pela janela, Murat tentou se situar, observando o ambiente ao seu redor. Ainda meio atordoado pelo sono, ele se levantou, ajustou a mochila nos ombros e desceu do ônibus.
Ao pisar no chão, Murat olhou ao redor, tentando reconhecer o local. A sensação de desorientação momentânea o fez avaliar rapidamente suas opções, tentando recuperar a lucidez após o sono profundo no ônibus.
Enquanto observava as pessoas, Murat notou uma atmosfera de alívio e contentamento entre elas. Sorrisos e expressões de felicidade se espalhavam pelo rosto de cada passageiro conforme desciam.
No entanto, ele se sentia fora desse clima. Ao contrário dos demais, Murat não demonstrava esse sentimento de alívio. Seu semblante carregava uma expressão de preocupação, como se estivesse pesando sobre seus ombros um fardo que os outros passageiros não compartilhavam.
Avistando um hotel próximo, Murat decidiu hospedar-se lá por uma semana. Com algumas moedas no bolso, ele se aproximou e discou o número de sua mãe, já que seu celular estava sem bateria.
A chamada ecoava na linha, mas ninguém atendia do outro lado. Murat sentiu uma pontada de preocupação se misturar à frustração por não conseguir contato. Ele respirou fundo, tentando manter a calma diante da situação, mas a ausência de respostas só aumentava sua inquietação. Incapaz de deixar uma mensagem sem resposta, Murat se dirigiu à recepção do hotel, esperando poder carregar seu celular e tentar novamente mais tarde.
Tentando novamente, Murat ligou para sua mãe, e embora a linha apresentasse algumas interferências, a conversa prosseguiu sem ser prejudicada.
Murat tentou aliviar o clima tenso brincando um pouco com sua mãe, sugerindo que ela poderia se divertir enquanto ele estava fora de casa. No entanto, a resposta dela foi uma reclamação, falando da realidade de estar praticamente confinada em casa.
A voz dela ecoou através da linha, carregada de preocupações e das restrições que enfrentava em casa.
Pessoas corriam desesperadamente na direção oposta de onde Murat estava. Ao virar-se, ele notou uma fumaça expessa atravessando o céu, se aproximando rapidamente do hotel onde se hospedara. Seus olhos se arregalaram em choque enquanto uma dor aguda percorria sua cabeça.
Diante do caos repentino, o silêncio súbito foi interrompido pela voz preocupada de sua mãe.
"Está tudo bem? Murat?"
Sua voz parecia ecoar por uma sala vazia, mas a preocupação era evidente.
Sem conseguir explicar a situação à sua mãe, Murat respondeu rapidamente, tentando acalmá-la.
"Falo com você mais tarde, chtau!"
Ele desligou apressadamente e correu para o seu quarto, fechando todas as portas com pressa, tentando se proteger do que quer que estivesse acontecendo do lado de fora.
Correr na direção do tumulto significaria perder suas preciosas posses e, mais importante ainda, seu objetivo nesta cidade: encontrar os últimos vestígios de seu amigo e buscar uma cura para sua doença.
Enquanto ouvia os tiros ecoarem próximos de onde estava, Murat rapidamente se abrigou embaixo de uma mesa, encolhendo-se para se proteger. Uma mulher batia com força na porta, gritando desesperadamente para ser deixada entrada. Os fones antigos que Murat usava não conseguiam conter o barulho ensurdecedor, pois só funcionavam em ambientes menos estridentes, adequados para caminhadas tranquilas ou momentos de solidão.
Com o coração acelerado e os sentidos em alerta máximo, Murat tentava ignorar os sons ao redor, focando em proteger-se e manter-se longe da confusão que assolava a área.
A batida incessante na porta provocava uma tensão crescente em Murat. Entre a indecisão e o medo do que poderia acontecer, ele saiu cautelosamente de baixo da mesa e se aproximou da porta. Antes que pudesse tomar qualquer decisão, um estrondo alto ecoou pelo local, acompanhado por um tremor que fez Murat paralisar.
Um calor percorreu sua espinha. Ele se afastou rapidamente da porta, com os olhos arregalados de choque e temor. A mulher que batia desesperadamente tinha sido silenciada abruptamente, e o cenário se tornou ainda mais sombrio.
Murat mal conseguia processar o que acabara de acontecer. O medo e a confusão se misturavam em seus pensamentos enquanto ele tentava compreender a brutalidade da situação. O que ele poderia fazer agora?
Murat, ainda trêmulo pelo estrondo e pelo assassinato repentino da mulher do lado de fora, decidiu abrir a porta com certa apreensão. Ao girar a maçaneta e empurrar a porta entreaberta, ele se deparou com uma visão aterrorizante.
A mulher estava caída no chão, olhos fixos nele, transmitindo um sentimento de horror e desconcerto. Seu olhar vazio, mas penetrante, deixou Murat arrepiado até a alma. O ambiente estava repleto de sangue, o líquido vermelho se espalhava pelo chão e começava a infiltrar-se em seu quarto.
O coração de Murat acelerou ainda mais diante da cena macabra diante de seus olhos. Ele recuou instintivamente, sem saber como reagir à situação. Estava paralisado pelo medo e pelo choque, sem conseguir processar completamente o que estava acontecendo à sua volta.
O terror havia se instalado no quarto, e Murat se via em meio a uma situação que ultrapassava qualquer compreensão ou lógica. Sua mente se agitava, buscando uma forma de lidar com aquela terrível cena que se desdobrava diante dele.
Com o coração ainda acelerado e a mente repleta de medo e choque, Murat olhou ao redor, esperando encontrar alguma reação semelhante à sua, mas ninguém parecia tão alarmado quanto ele. A cena do assassinato brutal parecia não ter pertubado os outros presentes no local.
Sentindo-se agitado e temendo por sua própria segurança, Murat pegou suas coisas às pressas e saiu do quarto o mais rápido que pôde. Ao chegar à recepção, notou que não havia ninguém ali além dele. Uma sensação de inquietação tomou conta dele quando avistou um bilhete manchado de sangue na bancada.
O coração de Murat batia forte, suas mãos tremiam enquanto ele tentava ler o conteúdo do bilhete. As palavras escritas ali estavam parcialmente borradas pelo sangue, tornando difícil a leitura, mas ele conseguiu decifrar algumas palavras:
"Não confie....saia....perigo...."
A mensagem era um emanherado de alertas confusos e ameaçadores, deixando Murat ainda mais nervoso e desconcertado. Ele se sentia cada vez mais vulnerável e perdido naquele ambiente hostil e sinistro.
Caminhando por uma estrada longa e desolada, o peso da mochila parecia aumentar a cada passo de Murat. O sol impiedoso castigava seus olhos, obrigando-o a cerrá-los com força. Seus braços, sobrecarregados pelo peso das lembranças e das incertezas, pareciam enfraquecer a cada instante.
Em meio a exaustão física, uma sensação de esgotamento emocional tomava conta de Murat. Já não se importava tanto se a ICV o encontraria naquele momento, tampouco se preocupava com sua própria vida. As vivências e os desafios enfrentados até então o levavam a um ponto de exaustão, um estado de espírito onde a vontade de desistir parecia quase irresistível.
Com a mente sobrecarregada pelas lembranças, ele se permitia mergulhar num estado de desânimo e desesperança. A estrada à sua frente se estendia sem fim, um reflexo sombrio de seus próprios sentimentos.
Um som de motor se aproximando chamou sua atenção. Ele virou-se para ver o carro preto diminuindo a velocidade ao seu lado. A porta se abriu e uma mulher de cabelos curtos, envolta em fumaça de um cachimbo, saiu do veículo.
"Murat! Entre no carro!"
A voz da mulher soava firme e urgente.
Murat, surpreso e confuso, hesitou. Antes que pudesse reagir, a mulher já estava puxando-o com força pelo braço, empurrando-o para dentro do carro.
"O que está acontecendo? Quem é você?
Murat tentava resistir, sua mente turbulenta com perguntas e medo do desconhecido.
"Sem tempo para explicações agora! Irá reencontrar seu querido e amável amigo!"
A mulher empurrou Murat para o banco do passageiro e entrou rapidamente no carro.
O carro avançava pela estrada, a paisagem passando rapidamente pela janela. Murat sentia um turbilhão de emoções: surpresa, incredulidade e um medo crescente. Era quase inimaginável para ele que seu amigo pudesse estar vivo após tudo o que passaram juntos.
O silêncio no carro era pertubador, apenas quebrado pelos sons do motor e pelos risos ocasionais da mulher ao lado dele. A fumaça do cachimbo exalava um cheiro peculiar, o que incomodava Murat ainda mais.
"Como....como ele está vivo?
Murat tentou reunir forças para perguntar, sua voz soando trêmula e incerta.
A mulher lançou um olhar de soslaio para ele, soltando uma risada irônica.
"Oh, ele está vivo e bem, acredite em mim."
A resposta dela só aumentou a confusão de Murat. Ele se sentia completamente desorientado e, ao mesmo tempo, cheio de esperança. Mas algo ainda não parecia certo naquela situação.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 24
Comments