Soquei o saco de pancadas com tanta força que os vincos das minhas mãos ficaram doloridos. Mas eu não me importei. Queria extravasar a raiva que sentia com tudo o que estava acontecendo.
Aceitar o fato de que, em breve, eu seria uma mulher casada era uma coisa, mas outra, totalmente diferente, era ter os meus planos realinhados e ser obrigada a mudar todo o rumo da minha vida da noite para o dia.
Graças aos malditos da ‘Ndrangheta, Dominique e eu fomos obrigados a antecipar o casamento, o que aconteceria em quatro dias. Eu não teria tempo nem mesmo de escolher um vestido de noiva decente. Não que eu me importasse, mas... eu queria pelo menos ter uma escolha.
Eu não sabia o que estava acontecendo, mas a máfia tinha se tornado caótica. Papà comparecia a reuniões quase todos os dias e nunca tocava no assunto comigo. Ele vinha se mostrando calado e pensativo, o que não era nada bom.
Dei outro soco e o saco crispou para frente, tremendo diante da força que fora empunhada.
— O que ele fez a você? — A voz de Marco soou às minhas costas.
O saco voltou e eu o soquei de novo, dessa vez mais forte. Meus dedos estalaram, dor e adrenalina se misturando.
— Ele não fez nada.
Marco segurou o saco e me encarou com o cenho franzido. — Qual é o problema?
Suspirei e abri as luvas com os dentes, jogando-as no chão. Recolhi uma garrafa de água do canto e virei longos goles para molhar a minha garganta seca, deixando o líquido gelado respingar em meu pescoço e peito.
— Ficou sabendo que o meu casamento foi adiantado? — perguntei, puxando a minha franja suada para trás.
Marco suspirou e os olhos dele assumiram um brilho triste.
— Sim, e eu sinto muito por isso.
Joguei a garrafa longe e me sentei no chão, cruzando as pernas. Minha respiração estava ofegante e meu peito subia e descia em rápidas sucessões.
— Pois é. Este é o verdadeiro problema.
O casamento com Dominique já era uma condição aceitável desde que o conheci e descobri que ele era gato, gostoso e tinha um ótimo senso de humor. Mas... droga, eu gostava tanto da minha liberdade, de viver a minha vida sem a máscara.
Marco se agachou na minha frente e acariciou o meu braço com a ponta dos dedos.
— Nós ainda podemos tentar encontrar uma solução, Pi. Não precisamos ceder aos caprichos de Gilliam Venturelli — disse, raiva exalando em cada poro dele.
Neguei com a cabeça.
— Gilliam é nosso Capo. Nada do que fizermos mudará a decisão dele.
— Então vamos fugir — objetou.
Eu não poderia mudar o meu destino, não importaria o que fizesse. Gilliam havia decidido sobre o casamento, assim como decidiu antecipar a cerimônia. E papà concordou, pela minha segurança, temendo o perigo que eu estava correndo desde que fui declarada como a noiva de Dominique Venturelli.
— Sou a herdeira da casa Romano, Marco. Acredita mesmo que eu fugiria e abandonaria o meu sobrenome? — refutei com as sobrancelhas arqueadas.
— Jamais faria isso.
Por fora, meu corpo estava quente, ofegante e suado. Minhas bochechas estavam coradas, suor escorria pelo meu pescoço e eu deveria estar parecendo uma bagunça; por dentro, estava coberta de raiva e cheia de energia para gastar. Queria esganar o pescoço de cada membro da ‘Ndrangheta com as minhas próprias mãos, estripá-los e enterrá-los como se fossem sacos de lixo que não valiam o transtorno.
Não julgava Gilliam pelas suas escolhas, esse não era o meu papel.
— Que droga, Carmen. Queria encontrar outra solução, mas... não consigo — lamentou ele.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Dione Cabral
Com certeza Marco é apaixonado por Carmem, só nunca teve coragem de se declarar pra ela. Só que o amor que Carmem tem por Marco é de irmão mais velho.
2024-04-13
12
Ana Marta Antonio Santos
vejo mais problemas pela frente, e dos grandes.
2024-05-09
0
Kelly Sartorio
Marco desiste ela ja e comprometida
2024-04-29
0