Através da janela, observei os veículos de luxo que estacionavam em nosso jardim, as famílias mais importantes da máfia. De braços cruzados, soltei um suspiro trêmulo, preparando- me para assumir minhas responsabilidades como uma filha da máfia.
Eu não sabia dizer se Dominique e os irmãos Venturelli já haviam chegado. Não os reconheceria com tanta facilidade sem uma apresentação formal, pois há anos eu não via nenhum deles, exceto por Gilliam, que era mais fácil de identificar pela fama que carregava.
Papà me deixava de fora dos eventos, permitindo que eu comparecesse apenas aos que eram organizados para as mulheres. Assim, evitava uma exposição desnecessária da minha parte.
Me afastei do parapeito, caminhei até o espelho da penteadeira e encarei o meu reflexo por longos segundos, em completo silêncio.
Meus cabelos castanhos estavam presos em um coque frouxo e a minha franja cobria parte das minhas sobrancelhas. Meus olhos verdes estavam destacados por uma camada espessa de máscara de cílios e os lábios volumosos estavam cobertos por um batom nude.
Inclinei-me sobre o móvel e espalmei as mãos em cima da superfície, bufando.
O corpete do meu vestido branco sem alças acentuava os meus seios, a saia descia até acima dos joelhos e eu usava saltos claros nos pés. Era uma roupa simples, mas me deixava sexy e atraente.
Corri meus dedos pelo meu corpo e soltei uma risada sem humor.
— O bendito dia nem chegou e eu já estou vestindo branco — murmurei, baixinho.
Ajeitei a minha postura e inspirei fundo, preparando-me para deixar o conforto do meu quarto e enfrentar os demônios da máfia.
Para piorar a situação, eu estava proibida de sair de casa, porque, segundo o meu pai, os inimigos sabiam do casamento e minha cabeça estava valendo ouro. Ou seja, corria risco de vida a cada maldito segundo do dia.
— Vamos, Carmen. Você consegue...
— ciciei, controlando a minha respiração.
Eu seria uma noiva ingênua, delicada e prestativa. Ao menos era assim que deveria me portar na frente deles.
Um ruído fraco soou em uma das portas-janelas que dava acesso à sacada da piscina. Franzi os olhos em direção ao local, sentindo o coração bater inconstantemente em um ritmo frenético.
Esperei, em absoluto silêncio.
Poderia ser apenas um inseto ou um pássaro. Talvez, uma coruja.
Com a visão aguçada pela iminente desconfiança, vi o momento em que a maçaneta girou e a porta foi empurrada para dentro.
Prendi a respiração.
Um homem vestido de preto apareceu em meu campo de visão no momento que eu me agachei ao lado da penteadeira, escondendo-me do criminoso imbecil.
Era um sinal de que esse casamento seria um desastre caótico? Só poderia ser.
— Estou dentro do quarto dela, mas parece estar vazio — sussurrou ele.
O idiota perambulou pelo meu quarto, procurando algum sinal da minha presença. Encostei-me contra a parede ao vê-lo se aproximar, os olhos varrendo por cada canto.
— Ela deve ter descido instantes antes de eu chegar, mas posso ficar esperando. Em algum momento, essa palhaçada vai terminar e a noivinha vai voltar para dormir — anunciou.
Oh, meu Deus!
Então era verdade que a minha cabeça valia ouro atualmente. Eles tinham até mesmo enviado um homem para dentro da minha casa para me matar! E a nossa casa nunca havia sido invadida antes, nunca!
Ok, eu estava mesmo irritada.
Não bastava o casamento forçado, eu ainda precisaria aguentar esses babacas me perseguindo?
Ah, não mesmo!
Me levantei em um movimento ligeiro e me aproximei do idiota. Ao detectar a minha presença, ele girou em minha direção, mas não rápido o suficiente para intervir no chute de salto quinze que disparei em sua coxa.
Ele urrou e deu dois passos para trás, levando as mãos à perna atingida.
— Sua vadiazinha, eu vou...
— Engoliu as palavras ao ter a traqueia atingida. Ele arregalou os olhos e abriu a boca, desesperado em busca de ar para alimentar os pulmões.
— Como ousa me ofender na minha própria casa? — sibilei, terminando os golpes com um chute certeiro no meio das pernas, esmagando os testículos dele.
— E ainda invade o meu quarto? Onde estão os seus bons modos com uma dama da sociedade?
Ele caiu de joelhos. Não havia mãos o suficiente para pressionar todos os lugares que foram atingidos.
Agora eu entendia o motivo de ter tido as minhas habilidades escondidas, o elemento surpresa era o melhor de todos. Ninguém esperava que eu soubesse revidar. Eles pensavam que eu seria um alvo fácil, o que acabava dificultando as coisas para eles e facilitando-as para mim. Se todos os inimigos fossem imbecis como esse, eu me divertiria muito.
— Eu vou matar você — grunhiu, entredentes.
Fiz menção de socar o nariz dele, mas parei o golpe no meio do caminho com minha mão suspensa no ar. Eu não podia deixar marcas. Ele estava no território da Camorra e tinha derrubado as barreiras de um dos chefes de família mais importantes. Iriam querer interrogá-lo, afinal era nítido que, para conseguir todo esse feito, havia um informante na nossa família.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Kelly Sartorio
mandou bem Carmem
2024-04-28
4
Margarida
Youssef 🤷🏾♀️.
2024-04-19
0
Dione Cabral
Estou amando a Carmem...
2024-04-13
4