Ele deu outro passo em minha direção, retirou a mão do bolso e a levou ao meu rosto, acariciando a minha bochecha.
— Agora eu entendo o motivo pelo qual o seu pai te manteve cativa por todos esses anos...
— murmurou, os olhos assumiram um brilho que me desconcertou.
Minha garganta estava seca, a língua colada no céu da boca como se meu corpo não visse água há semanas.
— Por quê? — arfei.
Dominique me causava umas sensações estranhas. Fazia o meu corpo colapsar, como se entrasse em êxtase e em um estado letárgico ao mesmo tempo.
— Porque você é linda, Carmen— disse, os olhos se desviando para a minha boca.
— E ele sabia quais riscos correria se a deixasse visível para todos.
Coloquei a língua para fora, lambendo os lábios ressecados. O movimento não passou despercebido por Dominique.
— Os mesmos riscos que estou correndo com você?
Ele contraiu a boca em um sorriso.
— Sim, esses mesmos — confirmou, inclinando-se para sussurrar em meu ouvido.
— E sabe o que é mais engraçado? —
Neguei com a cabeça.
— Eu estava hoje mesmo lamentando que teria uma coleira sobre o meu pescoço, e agora não poderia me sentir mais animado.
— O que você quer dizer com isso?
— Minha voz não passou de um bramido rouco e fraco.
Ele se afastou, colocando espaço o suficiente entre nós para que o meu cérebro pudesse voltar a funcionar.
— Ainda é casta e inocente demais para essa conversa. Só saiba que eu não sou um homem bondoso, jamais jogarei os meus demônios sobre você, no entanto.
Encarei-o através dos cílios.
— Por que eu acho que tem um “mas” no que está dizendo? Ele riu.
— Mas você foi uma doce e adorável surpresa esta noite, Carmen, e não vejo a hora de corrompê-la — disse, sorrindo com indiferença.
Eu revidei o sorriso, ansiosa pelo impasse que teríamos no casamento.
— Talvez eu seja inocente demais para compreender o que está falando. Lamento por isso — ciciei.
— Vamos voltar para dentro, noiva, ainda não é o momento de ter essa conversa — falou, deixando evidente a condescendência depreciativa com a qual me chamou.
O casamento não me assustava mais, pelo contrário, me deixava em êxtase. Seria o maior desafio que enfrentaria em minha vida.
— Tudo bem — confirmei com a voz mais doce do mundo.
Estava na hora de assumir uma personalidade que não me pertencia, de reafirmar a cada momento o que Dominique pensava sobre mim, mesmo que fosse uma completa mentira.
Nós retornamos para o salão e meu pai se aproximou, depositando a mão em minha lombar. Ele puxou uma taça de um garçom e a estendeu para mim antes de chamar a atenção de todos para nós, e então ergueu o copo em um brinde ao acordo entre as famílias, ao pacto que estávamos fazendo pela máfia.
Eles aplaudiram e sorriram, comemorando a nova fase que se iniciaria. Não importava que estivessem mexendo com a vida de duas pessoas, sempre seria pela máfia e em nome dela.
Ergui a taça aos lábios, selando o brinde que meu pai havia começado. Meus olhos atravessaram o salão e se fincaram em Dominique, que me encarava.
Ele estendeu um copo de uísque, um brinde silencioso a nós dois.
Com a taça em frente aos lábios, eu sorri, prometendo em silêncio ser o seu inferno pessoal, a garota que dividiria a cama com ele sem que ele soubesse quem era de verdade.
Ele franziu a testa, mas retribuiu o meu sorriso, entrando, sem perceber, em uma guerra da qual não sairia vencedor, pois sempre estaria em desvantagem.
Os jogos começaram.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Kelly Sartorio
então vamos lê esse jogo
2024-04-28
1
Neide Lima
e os Jogos começam 🤭mais Ele vai ficar de ,,4 por Ela 🤔e Ela por Ele 😂😂😂😂
2024-04-23
6
Margarida
Seeeeei 🤭. Estado letárgico, Uuuhuuum, ups Sorry Carmenzita 🫣🤭.
2024-04-19
0