— Balbino vai acabar com você — urrou.
— Ele está fazendo apostas para descobrir quem será o primeiro a te desonrar quando você for pego, e a lista já está extensa.
Cruzei os braços e revirei os olhos.
— Tenho certeza de que sou muito atraente e um bom partido, mas vocês não fazem o meu tipo — anunciei, apontando com a mão na direção dele.
— Bastardo, idiota... — crispou.
Romeu se aproximou e parou ao meu lado, estendendo um prato com o pó dos ossos de Camilo para mim.
Tínhamos um forno potente, responsável pela cremação de alguns cadáveres, assim como um triturador. Desta forma, sumíamos com os vestígios de algumas das mortes pelas quais éramos responsáveis.
— Olhe, seu prato chegou — gracejei, recolhendo e esfregando o pó entre os meus dedos .
— Hum... como sou um homem redentor, darei a você uma última refeição correspondente ao que gosta.
— Eu vou encontrar você no inferno...
— Sim e, por favor, não se esqueça de guardar o meu lugar ao lado do diabo — retruquei.
Lambi a ponta do dedo, provando o gosto do pó dos ossos de Camilo, e tinha gosto de cinzas. Ele me olhou com nojo e os homens da sala viraram os rostos para o lado.
Levantei-me e fiz a volta na mesa para depositar o prato na frente dele.
— Eu te darei duas opções: a primeira é cheirar cada resquício desse pó e me dar as informações necessárias.
— Ou?
— perguntou, encarando o conteúdo com horror e nojo.
— Ou eu vou te dar uma injeção anticoagulante, postergando a sua morte, e vou cortar seus outros dedos, preparar o prato e te obrigar a comê-los.
— Ponderei por um segundo.
— Hum... e considerando as informações que me deu sobre o quanto Balbino está torcendo e apostando para descobrir quem será o primeiro dos seus homens a me desonrar, farei a mesma coisa com você. Te deixarei disponível para qualquer um dos meus soldados que demonstrarem interesse. E essa é a terceira opção.
Havia algo pior do que a morte para um homem capturado. Nenhuma das torturas se comparava a ser estuprado e ter a honra subjugada. Balbino e os porcos da ‘Ndrangheta sabiam disso e, por esse fato, colocaram minha cabeça em aposta. Ou, mais precisamente, a minha bunda.
Camilo precisava se lembrar do porquê Gilliam escolhia a mim, e não outro, para os interrogatórios. Eu era o melhor de todos no que fazia, o mais mentalmente fértil, o que sempre encontrava maneiras inovadoras de torturar os inimigos até conseguir as minhas respostas.
— Você quer os nomes dos que estavam comigo?
Confirmei com um aceno.
— E o que mais quiser falar, claro. Estou aqui para ouvi-lo. Pode se abrir comigo, meu tempo é todo seu.
— Sorri, e ele grunhiu.
— Vou cheirar o pó — anunciou, exprimindo os olhos.
Esperei, observando cada reação fugaz do rosto machucado. Camilo estava em um conflito interno, mas sabia que essa era a melhor opção. Se ele nem conseguia cheirar o pó dos dedos, que dirá comer a própria pele.
— Eu tenho que ir noivar, então faça o favor de fazer isso logo
— atirei, agarrando seus cabelos loiros e empurrando a cabeça para baixo.
Camilo tentou se manter no lugar, mas não teve força o suficiente e acabou cedendo à minha pressão, colando o rosto no prato de pó.
— Cheire, Camilo. Não preciso ensinar a você como é que faz, ingere cocaína suficiente por dia para saber.
Ele inspirou, engasgando-se e tossindo, e então tentou levantar a cabeça, mas o forcei a deixá-la no lugar.
— Os nomes, agora, e eu liberto você!
— Por favor...
— Tossiu.
— Agora, porra!
— Leone e Tito... — falou, inspirando um pouco mais de pó e se engasgando de novo. Seu rosto estava empalidecendo, o peito arfava, retomando o controle sobre os pulmões, antes de continuar: — Balbino não arriscaria enviar mais dos seus homens importantes, então mandou só nós três.
Lancei um olhar para Romeo, um comando silencioso para que comunicasse Gilliam sobre o que foi descoberto. Ele acenou e deixou a sala.
Soltei a cabeça de Camilo e dei um passo para trás, tempo o suficiente para evitar levar um banho de vômito. O idiota virou para o lado e despejou tudo o que tinha no estômago, misturando-o com o próprio sangue que manchava o chão.
— E onde eles estão? — insisti, estalando os dedos.
Camilo limpou a boca na manga da camisa e me encarou com ódio. O nariz e o queixo estavam manchados pelo pó, e saliva escorria pelos cantos dos lábios.
— Você disse apenas nomes — revidou.
Espalmei as mãos nos cantos da mesa e ergui os lábios em um sorriso malicioso.
— Quer cheirar um pouco mais, Camilo?
Estava no meu limite. Já havia conseguido os nomes e o que eu pudesse recolher de informação extra me seria útil, mas não essencial. Enfiaria a cara do imbecil no prato apenas por prazer, antes de estourar seus miolos.
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Atualizado até capítulo 83
Comments
Jaqueliane Tomaz
E as fotos dos personagens
2024-05-03
1
Kelly Sartorio
esse e louco
2024-04-28
1
Zildete Lopes
eca isso foi nojento.
2024-04-23
0