Fechei a mão em punho e soquei o rosto do idiota que estava amarrado na cadeira à minha frente. O golpe forte e preciso o fez balançar para o lado e cuspir sangue, junto a alguns dentes, no chão.
— Desgraçado! — sibilou, esfregando a língua no lábio inferior partido.
Não era um bom momento para me irritar. Eu andava no meu limite nos últimos dias, desde que Gilliam e os velhos desgraçados me colocaram em uma maldita coleira como se eu fosse um cachorro a ser adestrado.
Moral da história: estava noivo e, dentro de algumas horas, conheceria a mulher que foi escolhida para ser minha.
Me inclinei sobre o idiota e o cheiro de urina, suor e sangue flutuou até o meu nariz.
— Eu vou arrancar cada dente dessa sua boca suja, e então vou arrancar cada uma das unhas e esmagar os seus ossos até que eles virem pó.
— Soltei uma gargalhada diante da piada que passou pela minha cabeça.
— Você adora cheirar, não é mesmo, Camilo? Veja bem, posso dar o pó dos seus ossos para suprir o seu vício, o que acha?
Olhei para Camilo, para suas mãos presas em cima da mesa e então de novo para o rosto dele.
— Você não vai fazer isso, seu desgraça... — gorgolejou, e arregalou os olhos ao ter os quatro dedos da mão arrancados.
Em um movimento rápido e brusco, puxei o machado da mesa e o abaixei sobre a mão de Camilo, amputando os quatro dedos da mão direita. O sangue respingou para todos os lados, manchando meu rosto e roupas.
— Puta merda! Maldito! Desgraçado! — gritou, batendo as costas na cadeira para diminuir a dor.
Juntei os dedos e me virei para um dos meus homens.
— Queime e faça o pó. Rápido, antes que ele morra — ordenei.
Como um bando de babacas inúteis, eles se entreolharam, sem coragem de pegar os dedos decapitados.
— Se ninguém pegar isso daqui, vou acrescentar os de vocês ao pó — sibilei, entredentes.
Romeo deu um passo à frente e finalmente recolheu os dedos da minha palma aberta, escondendo o nojo que sentia, antes de sumir na direção de uma das salas em seguida.
Puxei uma cadeira e me sentei de frente para Camilo. Removi um lenço do bolso e limpei os respingos de sangue do meu rosto.
— Você vai cheirar o melhor pó da sua vida — zombei, sorrindo friamente.
— Mas... posso ter piedade, se me disser os nomes.
O maldito tinha entrado em nosso território, estuprado uma das mulheres dos nossos clubes e detonado uma carga de cocaína. Ele não estava sozinho, mas apenas ele foi burro e lento o suficiente para ser pego.
Gilliam queria os nomes dos comparsas, e eu faria dos últimos momentos de vida de Camilo um inferno até conseguir as respostas.
Ele não disse nada, seus olhos escuros apenas me encaravam cobertos de ódio.
Recolhi a faca da mesa e girei a ponta, brincando com o instrumento.
— Sabe... eu vou contar um segredo.
— Sorri, inclinando-me para sussurrar.
— Eu vou me casar — anunciei.
Camilo arregalou os olhos e demonstrou, pela primeira vez desde que havia sido pego, verdadeiro interesse no assunto.
— Como é? — questionou em um bramido.
Confirmei com um aceno de mãos.
— Ah, você sabe, me atrelar a uma única mulher, ser o de terno no meio do corredor vermelho.
— Revirei os olhos e descansei os pés em cima da mesa.
— Parece que, graças a vocês, malditos traiçoeiros, meu querido irmão decidiu que eu preciso de uma bela coleira para enfeitar o meu pescoço.
Camilo abriu a boca em um “o” perfeito.
— Vocês...
— Engoliu em seco.
O sangue que jorrava dos dedos cortados o deixava enfraquecido a cada segundo.
— Vocês vão unir as famílias? Seus malditos! Balbino não vai gostar nem um pouco disso.
Espalmei as mãos no peito e arqueei as sobrancelhas, comprimindo os lábios.
— Ah, que pena! Eu enviaria um convite para ele, mas não quero incomodar este bom homem, então o deixarei de fora do casamento.
— Esfreguei o maxilar com a ponta do indicador.
— Se bem que... ele foi comunicado sobre o meu jantar de noivado que ocorrerá hoje. Poxa, me sinto culpado por isso.
Camilo balançou a cabeça e sorriu sem humor.
— Você se acha tanto, Dominique, mas não passa de um imbecil. É um idiota medroso que faz o que o irmão mais velho ordena.
Suspirei e joguei a faca na direção dele, perfurando seu braço enquanto o prendia contra o assento de madeira. Ele gritou ao ter pele, músculos e osso rompidos.
— Existe algo na Camorra que a ‘Ndrangheta desconhece, Camilo, e isso se chama irmandade. Mas não me admira que não saibam o que é, não passam de animais.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 83
Comments
sther💋🐞
gostando
2024-05-10
0
Kelly Sartorio
interessante
2024-04-28
4
Margarida
Eu não me queria rir, mas foi impossível 🤭.
2024-04-19
1