Inclinei-me e olhei para ele.
— Droga, seu pescoço vai ficar marcado...
— falei, pensativa.
— Mas eu posso passar uma base, talvez esconda as marcas.
Ele me olhou com espanto, como se duas cabeças tivessem surgido em meu pescoço diante dos seus olhos.
— Você é maluca, porra? — bradou, soltando uma exalação.
— Minhas bolas estão doendo, caralho!
Lancei a ele um olhar reprovador.
— Não seja tão impertinente. Pare de falar desse jeito no quarto de uma senhorita, seu idiota!
Caminhei pelo quarto de um lado para o outro, pensando no que eu faria, ou em como eu anunciaria a presença dele sem deixar evidente que tomou uma surra.
Observei ao redor, procurando algum objeto pesado o suficiente para machucá-lo, mas leve o bastante para que eu pudesse ter levantado, como a garota sensível e desprovida de força que fingia ser.
Com pesar, removi o meu abajur da tomada e o segurei, aproximando-me do homem novamente.
— O que você vai fazer?
— perguntou ele, encarando o objeto em minhas mãos com o cenho franzido.
— Você venceu, sua louca. Minhas bolas foram esmagadas, não vou conseguir me levantar por um bom...
— Calou-se ao ter a cabeça atingida com o objeto.
Os cacos de porcelana se espatifaram pelo chão. O babaca amoleceu e caiu de costas, mas continuou acordado, os olhos fincados em mim com raiva pura e absoluta.
E então não esperei mais, eu gritei.
Alto e forte.
Minha garganta arranhou, dolorida pelo esforço.
— Meu Deus, você é insana! Louca, completamente louca! — disse ele.
A porta foi aberta em um rompante e meu pai entrou no quarto, seguido por Marco, o Capo e outros homens que eu não conhecia. Eles olharam para mim e então para a cena.
— O que está acontecendo aqui?
Corri em direção ao meu pai e me joguei nos braços dele.
— Papà, que bom que o senhor chegou — choraminguei, fingindo tremer de medo.
— Este homem invadiu o meu quarto, mas consegui me esconder a tempo atrás da penteadeira e o golpear com o meu abajur.
Ergui os olhos até Marco e vi a sombra do sorriso que enfeitava o seu rosto. Era nítido para ele o teatro todo que eu tinha armado.
— Está tudo bem, querida — disse papai, afagando os meus cabelos, e se direcionou para Marco.
— Leve ele para a sala de interrogatório.
Soldados invadiram o quarto e arrastaram o imbecil pelos braços.
— Pela porta dos fundos. Não queremos interrupções em uma noite tão agradável — falou Gilliam, que reconheci assim que entrou no quarto.
— Essa garota é louca, completamente insana!
— bradou o intruso antes de levar um soco de um dos homens e desmaiar.
Tive vontade de rir, sentindo-me vingada depois de todas as ofensas que me foram proferidas, mas notei o silêncio na sala e percebi que eles me analisavam.
— Ah, meu Deus. Acho que vou desmaiar — menti, franzindo o nariz em nojo.
— Está tudo bem, querida, tudo bem...
— murmurou papà, consolando-me, mas senti seu peito trepidar em um riso silencioso que ele conseguia esconder bem por debaixo da máscara de preocupação.
— Carmen , deixe-me apresentá-la.
— Limpou a garganta.
— Estes são os irmãos Venturelli .
Afastei-me dele e ajeitei a postura, ficando frente a frente com os homens que fariam parte da minha família em poucas semanas.
Gilliam eu reconhecia de relance e já tinha ouvido muito falar sobre ele, o homem que se casou com uma policial brasileira e a trouxe para o seio da nossa família. As atitudes dele não passavam despercebidas pelos homens, tampouco eram aprovadas, mas ninguém tinha coragem o suficiente para expressar o descontentamento.
Gilliam tinha os cabelos pretos, os olhos castanhos e uma barba rala que cobria o maxilar quadrado. Ele era alto, largo e musculoso por debaixo do terno preto de caimento perfeito. Os olhos me encaravam, analíticos, mas percebi que estava sempre atento, como se esperasse um ataque. Um homem bonito e mortal.
— Este é Gilliam Venturelli , o chefe da famiglia — apresentou papai, seu tom de voz ressoava o respeito que possuía pelo homem.
— E estes são Nery e Dominique.
Tranquei a respiração ao ouvir o nome do noivo desconhecido e meus olhos voaram na direção dele.
Dominique era parecido com o irmão mais velho, no entanto, havia algo singular, mesmo que eu não soubesse identificar o que era. Os cabelos escuros estavam bem escovados e sua barba havia sido aparada. Os olhos castanhos eram frios e curiosos enquanto me encaravam, sua cabeça levemente inclinada para o lado. O nariz reto, boca desenhada e maxilar quadrado.
Ele era bem atraente, precisava confessar.
Vestindo um terno tão escuro quanto o do irmão, Dominique estava sem gravata e a camisa possuía alguns botões abertos no colarinho, revelando um pouco da pele branca do peito duro e definido.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 83
Comments
Flavy Ferreira
vai ter hjstoria deles
2024-04-29
2
Kelly Sartorio
isso é só o começo
2024-04-28
0
Jeanne Christine Bispo
Já gostando esse casal vai ser porreta🙉🙈🙊🤪
2024-04-24
0