Em cinco segundos: o tempo que levou para ele curvar e pedir a minha irmã em casamento, foi o suficiente para lembrar de tudo que aconteceu entre a gente horas atrás nessa praia.
Todos aplaudiam e sorriam, menos eu.
— Claro, claro que aceito ser a sua noiva, Dominic Sullivan.
Todos abraçaram o casal, menos eu.
Aproveitei a felicidade e a comemoração, dei meia volta e subi para o meu quarto. Joguei as chaves do meu carro novo na escrivaninha e afundei o rosto no meu travesseiro, garantindo que ninguém pudesse ouvir meu lamento desesperado caso se aproximassem da porta.
Soluçava.
Ficaria devastada, com toda a certeza, mas depois do que aconteceu hoje na praia, "devastada" é um eufemismo para a dor que estou sentindo. Senti meu coração querendo sair pela boca, é uma dor terrível, difícil de suportar.
“Você venceu, Ayla”.
Ele planejava pedir Alana em casamento hoje, e mesmo assim deixou que tudo aquilo acontecesse.
E aquela pergunta que ele me fez sobre terminar com a Alana, na verdade, foi retórica; ele nunca ia terminar com ela. Dominic é pior do que eu imaginava. Pensava que ele não considerava os sentimentos da minha irmã, mas agora vejo que ele também não considerou os meus.
Prendi o choro ao me afastar do travesseiro para pegar meu celular, que acabara de sinalizar uma nova mensagem.
“Ayla, meu amor. Eu não queria te magoar.”
— Não queria me magoar, seu imbecil. — Devolvi o celular para a cama, mas quando começou a tocar, peguei novamente e vi Dominic me ligando. Rejeitei a chamada e pus o celular no modo avião.
— Ayla, tudo bem? Você desapareceu. — Samantha bateu a porta.
Funguei, abri a boca e balancei as mãos na frente do rosto, tentando respirar e desfazer a voz de choro para respondê-la.
— Ayla?
— Tô descendo.
— O almoço será servido.
— Tá. — Entrei para o banheiro e joguei água no meu rosto. Quando me vi no espelho, as lágrimas escaparam novamente. A minha garganta doía; tentava segurar as minhas emoções ao máximo para não ficar com os olhos vermelhos e inchados.
Queria poder chorar por horas, mas nem isso eu podia. Amarrei os meus cabelos, andei até as minhas maquiagens e passei uma base em volta dos meus olhos e rosto. Passei um gloss também para disfarçar a minha palidez. Tentava pensar em outra coisa, enquanto abanava o travesseiro na frente do meu rosto na tentativa de que os meus olhos voltariam ao normal o mais rápido possível.
Aproximei-me da janela e ouvi vozes cruzadas e sorridentes. Decidi descer para que ninguém percebesse nada. Abri a porta e dei de cara com o Alan.
— O quê que tá pegando?
— N-nada.
— Nada?
— Nada, Alan, nossa. — afastei o seu corpo para sair do quarto.
— Pensei que ficaria feliz com o carro.
— Eu tô feliz.
— Não parece.
— E você não enche.
— Hey. — Ao descer as escadas o meu pai tentou interferir na nossa discussão. — O que foi?
— Deve ser TPM.
— Vai se ferrar, Alan.
— Ayla?
— Desculpa, papai. É que estou morrendo de fome. — ele me deu abraço. Escondi o rosto no seu paletó controlando a minha respiração.
— Vamos almoçar. Chame os outros lá fora e aproveite para parabenizar o casal.
Eu queria sumir daqui. Não consigo suportar olhar para a cara dos dois. Agora, serei obrigada a parabenizá-los por essa palhaçada que ele fez.
E ainda por cima nem me contou sobre os seus planos de noivado. Seria mais fácil para mim entender se não fosse pega de surpresa. Ouvi a voz da Alana vindo dos fundos, na área da piscina, e fui até lá. Parei quando a vi sentada no colo dele, ao lado da Samantha. Alguns empregados estavam terminando de organizar a bagunça da festa. Dominic estava concentrado em algo no celular e guardou quando me viu aproximar. Peguei o pulso da Alana e puxei-a para um abraço, fechando os olhos para não ter que encarar Dominic sentado ali.
— Parabéns, Alana.
— Obrigada, mana. Hoje é o dia mais feliz da minha vida. — segurei as suas mãos e forcei um sorriso.
— Parabéns, noivo. — inclinei para o lado e disse. Dominic apenas gesticulou com a cabeça em agradecimento. — Estão chamando para o almoço, vamos.
— Vamos.
Como eu pude deixar que tudo isso acontecesse? Que rolasse algo tão íntimo entre nós dois, que mancada eu dei. Entrei me martirizando. Se pudesse voltar no tempo, teria ido morar com a mamãe. Nada dessa droga estaria acontecendo.
Ao passar pelo hall, ouvimos um carro estacionar lá fora.
— Quem é?
— Não faço ideia. — Alana me respondeu, passando na minha frente e correndo até a varanda. — Ah, não. — resmungou assim que olhou para fora.
— Quem é? — também corri em direção a ela.
— É a mamãe.
— O que ela tá fazendo aqui? — Vi a nossa mãe sair do seu carro. Acenou para nós e tirou a bolsa.
— Você vai mandar ela embora, Ayla. — Alana disse.
— Pelo menos hoje, Alana. Você não pode agir naturalmente?
— Agir naturalmente, depois do que ela fez com o nosso pai? Admira você, irmãzinha, querer que ela esteja em nossa família.
— Ela é a nossa mãe, Alana. Alan também está aqui, a nossa família está aqui. Para de ser mesquinha! — gritei, aproveitei toda a situação de raiva e deixei-me levar.
— As duas, podem parar? — Dominic finalmente abriu a boca para dizer algo. A minha vontade era mandar ele para o inferno. Estava a ponto de explodir, dessa vez de raiva.
O meu pai e o Alan também apareceram.
— O que a mãe de vocês está fazendo aqui?
Ignorei o meu pai e corri em direção a ela.
— Filha. — Abriu os braços para me receber. Notei o quão jovem ela aparentava, como se tivesse feito mais plásticas. Estava magra, os cabelos bem loiros, muito parecidos com os meus. Porém curtos, na altura dos ombros.
— Mamãe, melhor ir embora.
— Eu só quero passar um tempo com os meus filhos. Com você. — deslizou os dedos no meu rosto. — É o seu aniversário, meu amor.
— O meu aniversário foi ontem, e não vi nenhuma ligação sua no meu celular.
— Olha, prometo que não vou demorar. — desisti de argumentar e deixei que ela se aproximasse da varanda, onde estavam todos parados e olhando para ela.
Mamãe abriu os braços chamando Alan e Alana. Alan se aproximou para abraçar, mas Alana continuou onde estava.
— Como a senhora tá?
— Bem, meu filho. Deu um beijo na sua testa e limpou o batom. — mais uma vez ela acenou para Alana. — Não vem me dar um abraço, estava morrendo de saudade de vocês.
— Vai embora, mãe. — sabia que Alana nunca aceitaria a nossa mãe aqui, só não pensei que as coisas fossem sair fora de controle tão repentinamente.
— Eu só quero passar um tempo com vocês.
— Passar um tempo, depois do que a senhora fez?
— Calma aí, Alana. — Dominic tentou contê-la. Enquanto Samantha era abraçada pelo nosso pai.
— Ayla deixou que eu ficasse.
— Sabe por que ela deixou que a senhora ficasse? Porque era nova demais pra entender o que estava acontecendo.
— Talvez, Alana. Porque eu sou um pouco mais madura que você? Que quer que seja tudo do seu jeito sempre. A nossa mãe não está pedindo para voltar, ela só quer passar um tempo com a gente, que mal tem nisso?
— Isso, filha. — mamãe sussurrou, abraçou a minha cabeça e deu um beijo.
— Ela traiu o nosso pai, Ayla. Se vocês perdoam traições, eu não consigo. — correu para dentro.
Dominic e eu trocamos um olhar, certamente relembrando de tudo o que fizemos. Eu estava a ponto de correr atrás dela e contar toda a verdade, nem que isso destruísse nossa família. Eu precisava ao menos tentar consertar as coisas, ou acabar de vez com tudo, pois sentia meu coração partido em mil pedaços.
Sei que vê-lo se casando com ela, esperando Alana com o seu vestido branco adentrar a igreja, seria para mim como o enterro da minha felicidade.
Eu teria que fazer algo.
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Atualizado até capítulo 111
Comments
Maria Pinheiro
Pra começar eu não acredito nesse amor de Alana e Dominic como pode um casal estar juntos a um ano e não conversarem sobre nada ? um não sabe os gostos do outro , um não sabe qual é a pespectiva de futuro do outro , só ficam juntos pra se exibir como casal top da faculdade e transar
me desculpem mais isso não é amor , no dia da confusão da festa a única preocupação da Alana era tomar um pé na bunda e passar vergonha pública do namorado escolher a irmã e não ela Dominic é um nome importante no futebol da universidade pra ela ser namorada dele dá status e é só nisso que ela pensa . 😡
2025-01-22
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Rosiane Alves
Vai pra longe Ayla, porque esse triângulo amoroso só vai te machucar.
2024-09-14
1
mourisco supservicos
ele não deve casar com a irmã errada
2024-08-21
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