Capítulo 6

O vestido me serviu perfeitamente. Parei na frente do espelho e dei uma voltinha. Achei um pouco chamativo por deixar o meu decote bem à mostra. A fenda, que vai do meu calcanhar até a coxa, me deixou extremamente sexy. Eu nem sabia que o Dylan conhecia tanto o meu corpo; acertou o tamanho em cheio. Ficou bem colado na cintura, mas o tecido é tão confortável que consigo me mexer sem qualquer incômodo.

Alana entrou no quarto sem bater com o celular em mãos:

— Alan e o Domi acabaram de sair de lá.

— De lá, onde?

— Da casa de praia. Pedi que eles fossem verificar o buffet e o DJ. — bateu uma foto minha pelo seu celular. — Você tá bonita, Ayla. Envia essa foto pro Dylan. — me enviou a imagem.

Eu deveria agradecê-lo por esse presente. Encaminhei a foto para ele, mesmo que Alana tenha focado a imagem na minha bunda. Tirei as presilhas do meu cabelo enquanto ela terminava de se arrumar. O quarto estava uma bagunça, roupas, maquiagens e sapatos jogados por todo lado.

Recebi o áudio do Dylan minutos depois: “Eu falo que você é uma gata e nunca acredita em mim.”

— Caramba, Ayla. — Alana zombou, pois escutei em volume alto.

Notei que estava quase na hora de sairmos e liguei pro Dylan. Ele sumiu o dia todo e só me mandou esse áudio.

— Tá vindo? — perguntei assim que me atendeu.

— Acho que a gente tem que falar primeiro sobre a foto que eu acabei de receber.

— Acho que uma pessoa aí tem muito bom gosto, além de me conhecer muito bem. Eu simplesmente amei o vestido.

— Eu simplesmente amei o que está dentro dele. — Comecei a rir com a sua cantada.

Dylan sempre foi assim. No início era desconfortável, mas acabei me acostumando. O pior é que ele nunca fala brincando, é sempre sério. Alana me olhava pelo reflexo do espelho, prestando atenção na conversa com o meu amigo.

— Me fala, como você vai de moto com esse vestido?

— Então, Dylan. O papai não deixou que eu fosse de moto.

— Fala sério.

— Estou falando. — sentei na cama e comecei a calçar os saltos. Perguntei se ia de carro com a gente, já que fui proibida de ir com ele. Então Dylan preferiu nos encontrar na festa. Ele já entendeu que o Dominic ia nos levar, por isso preferiu ir de moto.

O que me fez lembrar desse detalhe: eu ia ficar de vela naquele carro, sozinha com os dois.

— Merda! Me empresta o seu perfume? — Alana pediu já pegando. — O meu acabou. — deu duas borrifadas, uma em cada pulso, depois mais duas atrás da orelha, e por fim, borrifou no ar jogando os cabelos para que as gotículas pegassem nos fios.

Eu fiquei vendo aquilo, porém não decidi dizer nada. Alana cuidou da festa sozinha e parece que estava tudo indo bem. O pessoal da faculdade estava animado. O nosso pai permitiu que passássemos a noite em nossa mansão à beira-mar.

Recebi algumas mensagens das minhas amigas dizendo que já estavam prontas para a “festa épica” que seria o meu aniversário.

Ouvimos uma buzina de carro. Alana correu para a janela e gritou:

— É o Domi! — passou por mim correndo que nem uma louca e saiu do quarto. Eu me aproximei da janela e vi o meu cunhado lá embaixo.

Lindo.

Os cabelos negros meticulosamente penteados para trás. Usava uma camiseta branca e calça jeans preta. No pulso tinha um cordão preto, dando aquele charme de bad boy.

Finalmente tirou o bermudão de futebol.

Quando Dominic levantou o rosto, me vendo parada na janela, olhando para ele. Um choque atingiu o meu corpo, mas para não demonstrar qualquer sentimento, continuei da mesma forma.

Encarando-o.

Dominic deu um sorriso, pôs as mãos no bolso na calça e escorou no carro, pondo uma perna na frente da outra.

Alana correu em direção a ele e agarrou seu pescoço. Engoli seco e senti o meu coração apertar quando começou a beijá-lo como se tivesse dias sem vê-lo. O seu braço forte e tatuado envolveu o corpo magro e definido da Alana, trazendo-a para perto de si.

Observei aquele beijo, encarando seus olhos que permaneciam fixos em mim através da janela. Novamente, as sensações se misturam em meu peito. Parece que o que sinto só aumenta, e o fato dele ser da Alana não altera o sentimento dentro de mim. No entanto, apenas intensifica minha dor e angústia.

— Ayla Jefferson?

Dei um pulo pondo a mão no coração e me virando para ver o meu pai parado na porta do quarto.

— Que susto, pai. — fechei a janela, puxando as cortinas brancas. Dessa vez me contive e não olhei para baixo.

Meu pai veio até mim e me abraçou repentinamente.

— Parabéns, filha. Chegou aos seus dezoito anos sempre me dando orgulho.

— Te amo, papai.

— Eu também te amo, Ayla. Vou ficar com o meu celular o tempo todo, para caso você precise me ligar. Amanhã de manhã estarei lá com o Alan. Divirtam-se, viu? Eu sei que isso é mais a cara da sua irmã, mas não deixe de aproveitar. — deu um beijo na minha testa.

— Eu vou me divertir. Alana está empolgadíssima.

— Fique de olho nela. Vamos descer?

Aceno com um sim e pego uma pequena mala enquanto o meu pai arrasta a de Alana escada abaixo.

Quando ele abre as duas portas do hall, que dão para a rua, os olhos de Dominic se erguem para o meu corpo. Antes mesmo de Mark abrir as portas, eu já esperava ansiosa pelo olhar dele sobre mim. Mesmo que meu ser grite que é errado o que estou sentindo, mesmo estando ao lado dele, lutando para impor algum respeito a Alana, é difícil conter as minhas ânsias.

Eu queria que ele me achasse bonita, especialmente por nunca ter me visto usar uma roupa tão ousada como essa.

Ao nos ver aproximar, apressou para abrir o porta-malas do carro.

— Onde está o Alan? — meu pai perguntou.

— Ficou no apartamento, sogrão. — Os dois trocaram um aperto de mãos. Alan tinha emprestado o seu carro para que Dominic nos levasse.

— Quero falar com você. — Segurando o ombro do Domi, se afastaram do carro para conversar.

Coloquei a minha bolsa e fechei o porta-malas, ao me virar, procurei disfarçar meu nervosismo ao perceber que seus olhos permaneciam fixos em mim. Mesmo respondendo ao meu pai e confirmando suas perguntas com um gesto de cabeça, sua atenção parecia estar inteiramente voltada para mim.

— Licença. — Alana me deu um empurrão. — Esqueceu de pôr a minha mala, aniversariante.

— Precisa me empurrar, Alana?

— Meu Deus, menina. Que drama. Foi um empurrãozinho. — falou ao jogar a sua mala por cima da minha.

— Bipolar. Muda de humor do nada.

— As duas, chega. — Aproveitei que o meu pai terminou o assunto com o Dominic. Dei outro abraço nele e entrei, me sentando no banco traseiro do carro.

— Ah, não. Pode sair daí. — Alana cruzou os braços na frente da porta, batendo com um dos pés.

— Como assim? — perguntei confusa.

— Você vai na frente, quero esticar as minhas pernas.

Dei uma olhada para o Dominic, que já estava passando o cinto no banco da frente.

— Vai, Ayla. — o meu pai acenou para que eu obedecesse sem discussão.

Fingi estar extremamente irritada, enquanto, por dentro, gritava em desespero por viajar uma hora no mesmo carro ao lado do Dominic. Franzindo o cenho, me levantei e atravessei para frente, sem mesmo sair do carro. Sentei e cruzei os braços. Sequer olhei para o Dominic.

O Senhor Mark compartilhou mais algumas palavras, pedindo ao genro que não corresse e prestasse atenção no trânsito. Eu puxei meus fones, aumentei o volume, coloquei no ouvido e fechei os olhos.

Quando senti uma mão quente deslizar pelos meus ombros nus, me assustei.

— Esqueceu o cinto, cunhadinha. — Ele já estava curvado na minha direção. Segurei a respiração enquanto passava o cinto na frente da minha barriga, inclinou-se um pouco mais para travá-lo. Por fim, me fazendo congelar, deslizou a mão na minha cintura certificando se eu estava bem presa.

Permaneci imóvel diante daquela atitude. Meu instinto me fez olhar para trás e ver Alana digitando no celular. Voltei a olhar para Domi, que me mandou um beijo descarado.

— Tá bonita. — elogiou ao girar a chave e ligar o carro.

— Foi presente do Dylan. — Alana respondeu, deixando claro que seus olhos não estavam em nós, mas seus ouvidos bem atentos.

— Ah, foi? Bem, pelo menos o garoto tem bom gosto. — Passou as mãos pelos cabelos bem penteados, vendo a sua imagem pelo espelho retrovisor.

— Ayla precisa agradecê-lo por comprar um presente desses. Não acha, Domi? — Dominic respondeu a sua pergunta com uma risadinha.

— Eu vou agradecê-lo, Alana. — Voltei a fechar os olhos e virar o rosto, tudo para não ver a sua reação.

Eram umas 18:00h, e eu já estava ficando apreensiva pela festa. Olhava para a rua como se tivesse com o corpo congelado naquela posição. O cheiro dele era mais presente nesse pequeno espaço do que a quantidade do meu perfume que Alana despejou no corpo. Cada curva que o carro dava era como se ele me tocasse. Tentei ver Alana pelo espelho de fora do carro e não consegui enxergá-la, deveria estar deitada no banco. Verifiquei as horas mais uma vez, faltava uns vinte minutos para chegar.

Tapei os olhos com a mão esperando que essa pequena viagem acabasse logo, mas quando senti o carro desacelerar, os abri de novo. O carro parou no acostamento da rodovia. Alana logo abriu a porta e saiu correndo.

— Onde ela vai?

— Mijar.

— Aqui?

Dominic suspirou ao voltar o corpo na minha direção, mas com uma mão ainda no volante.

— Vai agradecer o garoto pelo presente?

— Qual o problema? Não posso? — revirei os olhos.

— Claro que pode.

— Então…? — Dei de ombros me fazendo de cínica. Ele pegou a minha coxa com força, por dentro da fenda do tecido e segurou. — O que está fazendo? — Tentei tirar a sua mão, o cretino apertou mais um pouco, causando dor na minha perna. — Dominic?

— Simplesmente perfeita, bebezinha. — separei os meus lábios ao ouvi-lo dizer isso. Ele abriu a mão, encaixando melhor na minha perna e voltou a apertar.

Como a minha mão já estava por cima da sua, acabei pressionando mais um pouco. Seus dedos subiram lentamente. Eu encarava sem reação os seus olhos, tão cinzas como um céu nublado, esses olhos que já não estavam nos meus, e sim nas minhas pernas, acompanhado os seus movimentos.

A palma da sua mão estava quente, senti minha perna formigar com o seu toque. Observei a sua mão grande com veias, e notei um anel grande no dedo polegar com um símbolo. O meu vestido estava arredado, deixando a minha coxa de fora..

Quando não havia mais espaço para que ele subisse com a mão, as minhas pernas estavam levemente fechadas. Eu olhei para ele, Domi devolveu o olhar, como se implorasse para que eu as abrisse.

Apertei a sua mão mais um pouco, então abri, devagar. Dando espaço suficiente para que ele continuasse.

Perdi a cabeça. Perdi a noção de tudo. A ponta do seu dedo tocou a minha calcinha.

— Porra, cunhadinha. — gemeu. Eu suspirei levando o ar para os pulmões. O meu coração batia como se tivesse num carnaval.

— Mas que merda! — Alana bateu a porta do carro. Dominic puxou a mão no mesmo segundo se ajeitando no banco e arranhando a garganta.

Mordi meus lábios e apertei os olhos. Ajustei o vestido lentamente e ouvi a voz da Alana no pé do meu ouvido.

— Que merda vocês dois estavam fazendo? — De repente me senti zonza, o meu corpo que antes queimava, se tornou frio. A minha nuca suou.

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Comments

Maria Pinheiro

Maria Pinheiro

Essa desculpa de eu perdi a cabeça já tá meio gasta , ao invés de perder a cabeça tinha que valorizar seu pescoço por que se Alana realmente sabe de alguma coisa vai querer esganar os dois .

2025-01-22

0

Soraya Dias

Soraya Dias

Acho que Alana ja sabe de tudo e vai fazer alguma coisas pra prejudicar a irmã nessa festa 😠

2024-08-03

2

Adiji Abdallah

Adiji Abdallah

Eu desconfio que ela já sabe tbm 🤔

2024-05-20

2

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