Eu não sei o que seria pior. Se ninguém tivesse aberto essa porta, não sei se conseguiria parar. Tantas noites já sonhei com isso, tantas vezes fantasiei o nosso beijo, esse homem me agarrando como exatamente agora, e foi melhor do que eu imaginava.
Mas alguém apareceu, fazendo a porta ranger, e isso fez com que nos afastássemos assustados. Eu não tive coragem de olhar para o lado. Estava esperando Alana gritar, talvez correr até nós, nos excomungar. Ainda me olhando, Dominic passou os dedos pelos lábios, acredito que ele esperava a mesma coisa, que fosse Alana naquela porta.
Ele girou o rosto, e pude ver a expressão em seu rosto suavizar. Passando a mão pelos cabelos, deu alguns passos para trás. Eu ainda estava colada naquela parede, tentando ficar de pé depois do beijo delicioso que acabou de rolar.
— Acho que atrapalhei alguma coisa. — ouvindo a voz da Paloma, olhei para a porta e vi a minha amiga em choque, encarando o rosto do Dominic como se tentasse entender o que acabou de ver. Como se visse um fantasma.
— Te vejo no salão, cunhadinha. — Dominic deu uma piscadela e saiu apressado. Paloma olhava para ele com os olhos bem abertos, parecia chocada demais. Eu ainda estava em êxtase pelo beijo. Sentia os lábios dele nos meus, o gosto daquela língua dançando com a minha. Sentei na cama olhando para o chão. — O que acabou de acontecer aqui? — ela fechou a porta e sentou ao meu lado.
— Nós… eu e o Dominic…
— Ok. Eu vou ter um ataque. Você transa com o seu cunhado, meu Deus. Meu Deus.
A minha amiga é muito dramática. Olhei para ela e segurei os seus ombros. A sua fala acabou me tirando daquela bolha excitante que ainda tomava conta de mim.
— Não, Paloma. Nunca mais repita isso. Esse foi o nosso primeiro beijo, eu nem sei o que aconteceu direito. E…
— Amiga, ele estava te engolindo, você agarrada no pescoço dele. Juro que se eu não tivesse aparecido, vocês teriam ido pra cama.
— Ah, credo. Vira essa boca pra lá. — sentei mais perto da Paloma. — Ninguém pode saber disso, amiga, ninguém.
— Até porque não quero que aconteça uma terceira guerra mundial. — ela levantou apressada. — Fiquei tão assustada que tinha esquecido, os seguranças estão barrando o Dylan lá embaixo.
— Barrando? — também levantei da cama, ajeitando o meu vestido e cabelo.
— Não ia tirar esse vestido, Ayla? Ele te convenceu direitinho a ficar, hein? — brincou enquanto me ajeitava olhando no espelho.
Revirei os olhos para ela ao balançar a cabeça negativamente. Notei a minha pele do rosto completamente avermelhada. A minha boca tá mais rosada que o normal. Estou dando graças ao bom Deus que foi a minha amiga que abriu aquela porta. Se fosse Alana, Kamilla ou quem quer que seja, seria uma catástrofe total essa festa de aniversário.
Confio tanto na minha amiga quanto confio no Dylan e sei que por ela, ninguém nunca saberá de nada. Entretanto, ela nos pegar logo no nosso primeiro beijo, mostra o quanto vacilamos naquele momento, numa casa cheia de conhecidos.
A atmosfera foi tão forte, como se um magnetismo me chamasse para ele. A sua mão me acariciando, a sua voz baixa no meu ouvido, o seu cheiro de homem cretino, aquele maxilar quadrado, a pele lisa do seu rosto, a boca perfeitamente desenhada, tudo contribuiu para que eu traísse a minha própria irmã.
Ainda extasiada saí do quarto.
— Onde eles estão? — perguntei ao descer as escadas.
— Lá fora.
Passei pela porta na imensa sala rústica, Dylan discutia com dois seguranças. Corri em direção a eles:
— O que está acontecendo aqui?
— Não estão querendo me deixar entrar nessa casa, Ayla. Alegam que a festa tá rolando no salão. — retrucou Dylan, visivelmente irritado.
— Dylan é da família, senhores seguranças. E a casa está liberada pra qualquer um.
— Tudo bem, senhorita, nos perdoe. — soltaram a jaqueta do Dylan.
Percebi muitas conversas cruzadas, então olhei para os lados; a praia já estava bastante movimentada. No salão, tocava uma música eletrônica.
Segurei a mão de Dylan, e fomos para os fundos, onde a festa se concentrava. As pulseiras no pulso do pessoal destacavam-se de longe, devido à escuridão da noite. Os copos em neon de drinks também deixavam tudo muito bonito. No entanto, notei que eu não conhecia quase ninguém na minha própria festa de aniversário.
— Quem são essas pessoas? — Paloma perguntou.
Os meus olhos buscaram o Dominic, sem sucesso. Mas encontraram Alana conversando e rindo com um bando de gente.
— Essa festa é para a Alana. — Dylan resmungou ao meu lado. Paloma chamou a atenção dele, repreendendo essa fala.
Percebi, naquele momento, que Alana não havia preparado tudo isso para mim, mas para ela. Esse mundo é dela, essas pessoas são amigos dela. Isso foi apenas uma desculpa para que papai deixasse a gente passar a noite enchendo a cara na nossa casa de praia. Alana sempre gostou de se destacar, adora status, e nada melhor para sua popularidade do que mostrar o quão rica é nossa família.
Balancei a cabeça tentando esquecer isso tudo.
— Vamos beber. — avancei para o meio do pessoal.
— Beber, Ayla? — perguntou Pamela.
— Todos disseram que era para eu aproveitar esse dia. Mesmo que essa maldita festa seja para a Alana aparecer. Hoje é o meu dia.
— Pô, é assim que se fala. — Dylan saiu na frente em direção ao barman com uns copos de bebida. Minhas amigas apareceram e começamos a bater um papo descontraído.
Já tinha muita gente aqui, algumas pessoas faziam transmissões ao vivo mostrando a festa. Recebi parabéns de muita gente que nunca tinha visto antes. Elogiavam a festa sem parar. Garçons passavam entre nós com bandejas de petiscos. Enfim, o DJ começou a tocar, apagando as luzes do salão e transformando-o numa boate.
Por um momento, esqueci de tudo, do beijo. Ríamos felizes. Conversei com as amigas da Alana e troquei um breve papo com a Kamilla. Ela não é tão metida como eu achava que fosse; acho que a nossa diferença de idade atrapalhou tudo.
Bebi alguns copos de batida. Como era a primeira vez, já sentia a minha cabeça girar, a minha visão um pouquinho embaçada. Dylan não desgrudava de mim, toda hora agarrando a minha cintura, e por algum motivo eu deixava. Apesar de ser meu amigo, é lindo e cheiroso.
Eu dançava no ritmo da batida, até avistar Dominic cerca de uma hora após aquele beijo. Com um copo de bebida na mão, no meio de uma roda de homens, ele me encarava com uma expressão nada amigável. Parei de dançar imediatamente e tirei as mãos de Dylan da minha cintura.
A lembrança do nosso beijo invadiu minha mente, fazendo-me cambalear.
— Opa! Bebeu demais, minha gata. — Dylan me segurou, enquanto Dominic nos observava com um olhar furioso.
— Preciso ir ao banheiro. — Tirei suas mãos de mim e me dirigi até a casa. Era uma desculpa, apenas precisava me acalmar. A bebida estava subindo rápido demais à minha cabeça.
— Parabéns, Ayla. A festa está incrível. — ouvi alguém falar, mas não dei muita atenção.
Quando entrei no hall, afastei-me imediatamente, dando alguns passos para trás. Alana estava sentada na sala com Kamilla e outra garota. No entanto, o que me fez voltar foi o tom das vozes delas, falando baixo, como se estivessem compartilhando algum segredo. A voz de Alana estava um pouco embargada.
— Para com isso... festa topíssima... você fez. — O som alto da música dificultava ouvir claramente o que estavam dizendo. Algumas palavras eram cortadas, mas percebi que algo estava acontecendo com Alana.
— É muito sexy... me deu um. — Aproximei-me mais um pouco da porta, tentando ouvir melhor.
— É só um presente, Alana. Tá com ciúmes da sua irmã, garota? — Meu coração acelerou quando percebi que o presente do Dominic para mim abalou a estrutura da minha irmã.
— Ciúmes? — Alana aumentou a voz. — Dominic nunca olharia pra Ayla. Ela é uma menina quieta, nerd, não saberia seduzir alguém. Nunca chamaria a atenção de um homem como o meu namorado.
— Concordo. Você é gostosa demais, são o casal 20, todo mundo curte você e o Domi, e tá na cara que ele te ama. Tira essa merda da cabeça, amiga. Esquece aquele vestido, foi só um presente pra sua irmã mais nova. E quer saber, mesmo com aquele vestido, você ainda é a mais gata.
— Está certa, por isso que te amo, Kamilla.
— Você já provou isso. — Começaram a rir.
— Você viu o que ela fez? Queria que eu sentisse ciúmes.
— E não sentiu? — pensei em sair dali; estava ficando mal ouvindo aquilo tudo, a minha irmã dizendo essas coisas de mim.
— Olha, pra te animar, vê o vídeo que a Moranguinho acabou de postar.
Virei-me para sair dali e fui até a cozinha me esconder, já que não dava para subir para o quarto sem ser notada pelas palhaças na sala.
— Tudo bem, moça? — uma mulher de touca branca na cabeça que estava ali perguntou.
— Acho que bebi demais. — Apoiei as mãos no balcão. Ela encheu um copo com água gelada e me entregou.
— A festa só está começando. Você precisa beber água para aliviar a tontura e a enxaqueca que com certeza terá amanhã.
— Obrigada. — ela pegou uma bandeja e saiu. Puxei uma cadeira para sentar e recapitular tudo que a minha irmã disse sobre mim.
Alana acha que um homem como o namorado dela nunca me olharia com desejo. Fingiu não ter ciúmes, ela acabou saindo como a namorada compreensiva na frente do Dominic, e eu fiquei como a estúpida, insinuando que eu queria que eles brigassem.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 111
Comments
Pati 🎀
eu acho que Paloma gosta do Dylan, eles poderiam se acertar depois..... Ayla também deveria ser sincera com ele, acabar com qualquer esperança que ele tenha.
2024-10-31
2
Adiji Abdallah
Acho que Allana não gosta do Dominique como ele falou que não gostou de ir na casa dele 🤔 acho que está só pôr ele ser bonito 😕❤️💯
2024-05-20
6
Vaniza Goncalves
to achando que ela ta com o domínio do pra aparecer
2024-05-13
3