Corri, e quando estava longe o suficiente dele, parei para respirar. Fechei os olhos e pus a mão no meu peito, sinto o coração acelerado.
Não entendo porque Dominic está fazendo isso comigo. Ele sempre foi daquele jeito tosco e sedutor, mas nunca falou aquelas coisas ou nada parecido para mim, Deus.
Aqueles lábios carnudos e rosados quase tocaram os meus. Juro que se não estivesse sendo segurada, dava um tapa naquela cara, arranhava o seu maxilar quadrado, e ele que ia se virar para explicar as marcas de unha pra trouxa da Alana. Que cretino!
Se o meu pai souber que ele falou aquele tipo de coisa pra mim, tudo que pensa do genro ia cair por terra. Dominic se acha a última bolacha do pacote porque tem o respeito e a confiança do meu pai, e Alana parece gostar de verdade daquele otário.
Coitada.
Se ele faz isso comigo, imagina com as marias chuteiras que ficam cercando os caras no futebol.
— Que ódio! — gritei me livrando desse sentimento controverso.
A sua pegada repentina me deixou tão quente, e na altura do campeonato, ele já deve ter percebido que mexe comigo de alguma forma, ou não teria coragem de fazer esse tipo de coisa, numa casa cheia de seguranças e a própria namorada só alguns cômodos de distância.
Quando consegui ficar mais calma, lembrei que tinha visto o Dylan chegando de moto. Olhei ao redor procurando por ele e o vi escorado na própria moto.
— Por que eu vim de salto para uma festa de praia? — arranquei e comecei a correr em direção a ele. — Dylan? — dei um abraço apertado no meu amigo. Deitei a minha cabeça em seu peito e respirei recuperando o ar que perdi ao correr até ele.
— Calma, donzela. — acariciou os meus cabelos, enquanto eu segurava a sua jaqueta jeans. — Está assim só porque correu ou aconteceu alguma coisa?
Tirei o rosto do seu peito para olhá-lo. Seus cabelos meio rebeldes caiam sob a sua testa, os olhos castanhos me olhavam com atenção.
— Aconteceu. Você sabe que eu não curto festas assim. — Comecei a arrastá-lo para dentro.
— Mas hoje é o seu dia, aliás… — cantou os parabéns pra mim.
— Não, pode parar. Deixe esse exame para mais tarde. — Rodeamos a casa e fomos para o fundo, onde ficava o salão de festas.
Eu ainda não tinha visto o quanto estava lindo isso aqui. Tinha bexigas gigantes dentro da piscina. Difícil admitir, mas Alana mandou muito bem, ela pensou em exatamente tudo.
Havia uma foto gigante minha com as palavras “Feliz Aniversário” e o número 18 em balões dourados e pretos. Tinha uma torre de taças no meio do salão e dois barmans numa ilha com bebidas.
Eu falava com o Dylan enquanto puxava pelas mãos, mas notei que ele não fez nenhum comentário, nem sobre a decoração nem sobre o vestido que me deu. Dylan é um tagarela, muito animado, gosta muito de festas, ao contrário de mim.
— O que foi, Dylan? Tá caladão. Aconteceu alguma coisa?
Ele aproveitou que segurava a minha mão e me puxou para uma abraço, deu um beijo no topo da minha cabeça e afastou.
— Queria que usasse. — levantou uma caixa preta aveludada.
— O que é isso? — Parecia chique demais, e como a sua família tem dinheiro, imagino que seja bem caro. — Você segurou isso aqui o tempo todo sem eu ver? — Abri a caixa. Era uma jóia, um colar delicadíssimo com uma única pedra. — Meu Deus, Dylan. É um diamante?
— Uhum. Deixe eu pôr em você. — Me virei, o toque do pequeno diamante frio na minha pele, me fez arrepiar.
Ele jogou os cabelos por cima dos meus ombros, deu uma massageada e deixou um beijo no meu pescoço. Me encolhi, sentindo-me arrepiar.
— Agora você está, definitivamente, perfeita.
Segurei o rosto dele para que não tentasse gracinhas, e dei um beijo na buxexa.
— A propósito, você mandou bem na escolha desse vestido. É o mais bonito que eu já usei.
— Como assim, “mandei bem”?
— Ué…
Escutei vozes vindo do estacionamento.
— Amiga! Aylaaa… Cadê a minha amiga aniversariante da noite? — eram as minhas amigas, Paloma gritava sem parar, as outras duas logo atrás. Corri em direção a elas para um abraço coletivo apertado. — Arrasou, Ayla. Essa festa será coisa de outro mundo.
— Parabéns, Ayla. Cuide dessas meninas, volto meia-noite para buscar vocês. — disse a mãe da Paloma que estava dentro do carro.
— Meia-noite é osso, mãe. Combinados cinco.
— Três tá bom. Cinco da manhã quero tá no décimo sono. — brinquei, a mãe concordou e foi embora.
As três não pararam de tecer elogios à festa. Falei que teriam que parabenizar a Alana, que preparou tudo sozinha. Três meses cuidando dessa festa.
— O senhor Meritíssimo deixou? Que milagre. — brincaram.
— Alana antecipou. Um ano implorando pro meu pai. — Elas caíram na gargalhada.
Chegaram mais dois carros, foi a vez das amigas dela: kamilla e suas seguidoras.
— E aí, gata. Alana mandou bem na festa, hein?
— Mandou, admito. Podem ficar à vontade.
— Parabéns. — levantou uma sacola com presente.
— Obrigada. Podem deixar na copa.
— Cadê a sua irmã?
— Deve tá lá dentro com safa… com o namorado.
— Vou lá.
— Vai lá.
As nossas conversas eram assim: monótonas. O meu santo nunca bateu com o delas. Todas mais velhas, mesma idade da Alana.
— Dylan? — a minha amiga sussurrou. Olhei na direção que ela olhava e vi o Dylan sentado numa cadeira, de cabeça baixa mexendo no celular. — Por que ele tá assim?
— Também não sei. Chegou desse jeito.
— Impossível. Mais cedo ele não via a hora de chegar aqui. Vamos aproveitar que ninguém chegou ainda, e beber antes de todos.
— Mas vocês nem bebem.
— Hoje nós vamos nos permitir, hoje não seremos as nerds da faculdade, Ayla. A propósito, lembra do meu amigo tatuador?
— Lembro. Aquele com o corpo todo tatuado?
— Então… ele soube que é o seu aniversário e ofereceu uma tatuagem de presente pra você. — Pamela deu pulinhos de alegria.
— Tatuagem? Tá doida? O meu pai nunca vai deixar.
— E se ele deixar?
— O que eu duvido.
— Mas e se deixar, Ayla?
— Aí eu posso pensar.
A chegada dos meus amigos me fez animar. Puxei o braço do Dylan e pedi bebida para todos, um drink mais fraco, claro. Não estou acostumada a beber e não quero dar vexame na frente de toda a faculdade.
Chegou mais dois caras, notei que eram mais velhos, devem ser amigos do Dominic, já que o porte físico é bem atlético e na faculdade eu nunca os vi. Chegaram cedo por sinal, a festa no convite estava marcada para começar às 21:30hs, e ainda são oito.
Me sentia bem e segura, ver os seguranças andando ao redor da casa, me dava mais tranquilidade. E o que impedia os penetras de entrar, eram as pulseiras que foram nos convites. Que por sinal, brilhavam no escuro.
Senti a mão do Dylan segurar a minha cintura e puxar para um canto.
— Estou intrigado. Por que me agradeceu pelo vestido?
— Não foi você que mandou entregar hoje cedo lá em casa?
— Eu? — apontou para si mesmo. — Eu não, Ayla.
— Você tem certeza? — A animação que eu sentia acabou no mesmo segundo.
— Ainda não fiquei maluco. Claro que eu tenho. — ouvir a sua afirmação me fez pensar. Olhei para o chão tentando adivinhar quem me daria um vestido desses.
— Se não foi você… — comecei a correr para dentro da casa. Ouvi eles vindo atrás de mim.
— Vai fazer o quê? — Dylan gritou.
— Tirar essa droga de vestido.
Se o Dominic acha que pode fazer isso, está redondamente enganado. Vou arrancar essa merda do meu corpo e contar pra Alana que o seu namorado tá me presenteando com um vestido tão sexy quando o que ela está usando.
— Espera aí, Ayla. Vai mais devagar!
Dominic tá ferrado comigo. Eu não tenho coragem de repetir o que ele me disse mais cedo, mas contar que ganhei esse vestido…
Ah, isso eu tenho.
Cheguei na sala e ouvi conversas no andar de cima. Junto com os meus amigos, subi como uma leoa. Vou acabar com o teatro que Dominic está tentando criar.
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Atualizado até capítulo 111
Comments
Sonia Bezerra
Ele não tem dinheiro Ayla,como te daria um vestido tão caro.
2025-01-20
0
Vilma Teixeira Roquete
Tô achando que foi a mãe dela que mandou o vestido...seeraaa.??!!!
2024-06-01
5
Adiji Abdallah
Acho ainda que não foi ele 😕
2024-05-20
2