Acordei com vozes no quarto ao lado. Era Alana e suas amigas conversando animadamente. Ao verificar as horas no celular, vi que ainda eram oito da manhã de um sábado. Percebi algumas chamadas perdidas do Dylan e de outras colegas, provavelmente querendo me parabenizar pelos meus dezoito anos.
Finalmente.
Entrei para o banheiro e escovei os dentes, passei uma água no rosto e fui pro outro quarto ver o que tanto elas riam e conversavam.
— A aniversariante acordou. — Kamilla foi a primeira a se levantar e me abraçar. Havia outra garota no quarto, mas essa não era tão próxima da minha irmã.
— Ainda faltam três anos para beber, maninha. Mas relaxa, hoje você está liberada. — começaram a gritar histéricas.
Eu não estava nem um pouco animada para essa festa na casa da praia, mas parece que todas elas estavam por mim. Sentei na cama da Alana e dei uma olhada para o seu celular.
— O que isso? — perguntei ao ver um vídeo de uns homens uniformizados, pareciam montar alguma coisa na nossa casa.
— A boate que eu pedi, Ayla. — Alana respondeu. Olhei melhor e vi que era um salão com globos no teto, várias luzes sendo montadas, um equipamento de fumaça, a pista de dança já piscava. Eles pareciam estar fazendo o teste final nos equipamentos. — Vai ser a festa de aniversário mais top que toda a faculdade já viu.
— O quê? Todo mundo já está comentando nos grupos. — A sua amiga completou.
Alana conseguiu convencer o papai a liberar essa casa para a festa, mas tenho certeza que ele não está sabendo de nada disso, que haverá até mesmo uma boate lá. E como se não bastasse, ela disse que a festa seria só para os mais jovens e que depois, a nossa família daria um jantar mais íntimo comemorando o meu aniversário, ou seja, o nosso pai não vai participar.
Dylan me convenceu que essa festa me faria bem. Como não gosto muito dessas coisas, de sair e ir para festas, concordei que seria legal comemorar a minha maioridade de um jeito diferente do qual estou acostumada.
— Hoje a minha irmãzinha perderá a virgindade, meninas.
— ALANA? — tentei tampar a boca dela.
— Você ainda é virgem, Ayla?
— Mentira da Alana, essa fofoqueira do caramba. — nossa discussão foi interrompida pela presença do nosso pai batendo a porta para nos chamar para o café da manhã.
— A gente se vê na praia, amiga. Ainda tenho depilação marcada para hoje. — Kamilla se despediu e as duas foram embora.
Sentamos à mesa e o silêncio reinou. O medo de meu pai ter ouvido o que ela disse estava sendo grande. Ele comia calado com toda a sua imponência. Apesar de meu pai ser um velho muito de boa, dava medo olhar para ele com sua postura rígida e a cara sempre fechada. A barba grande e branca também não ajudava muito.
— Falou com a sua mãe, Ayla? — balancei a cabeça negando a sua pergunta. — Ela sempre liga cedo no dia do seu aniversário.
— Hoje não ligou.
— Ligou pra você, Alana?
— Eu nem atenderia, pai. — a minha irmã estava com medo, comia caladinha só esperando a bronca chegar. Mas pelo que conheço do papai, se ele tivesse ouvido a nossa conversa, teria chamado a atenção no quarto mesmo.
— Prestem atenção, as duas. Olhem para mim. — paramos de comer para olhá-lo. — Se alguma coisa sair fora de controle naquela casa de praia…
— Não se preocupe, senhor Mark. Nada vai sair do controle. — Alana acalmou. — Vai passar a noite na casa da interesseira? — engoli seco com a sua pergunta. Ele olhou para Alana, mas decidiu prosseguir com o assunto, ignorando a sua provocação.
— Eu acho bom. Como já havia dito, eu não vou pra sua festa, filha. — olhou para mim. — Terá só crianças naquele lugar, por isso contratei alguns profissionais para manter a festa segura, mas amanhã eu estarei lá, bem cedo. Sabem se o irmão de vocês vai?
— Acho que não.
— Mas pelo menos o Dominic estará lá, isso me deixa mais tranquilo.
Quando o meu pai disse isso, meu coração bateu acelerado. Lembrei da nossa conversa de ontem à noite, na qual ele disse que eu era como uma irmã para ele. Talvez seja melhor assim, eu deveria olhar para ele como um irmão também. Nesse momento, o celular da Alana tocou, e era ele.
O safado do meu cunhado.
Percebi só pelo sorriso que ela esboçou. Papai deu uma olhada nela e logo direcionou a palavra a mim:
— E você, Ayla? Como vão as coisas com o Dylan?
— Ele é meu amigo. — continuei dando uma mordida na torrada.
— Filha, se tiver com vergonha…
— Não começa, pai.
— Só queria dizer que eu aprovo o seu namoro com o garoto. — dei um sorriso ao balançar a cabeça.
O meu pai sempre se deu bem com o Dylan e o Dominic. Os dois que nunca bateram de frente. Claramente Dylan detesta o Dominic, e o namorado da minha irmã demonstra o mesmo sentimento pelo meu amigo.
— Dominic vai pro treino agora, mas disse que vem mais tarde nos buscar. Alan vai só amanhã pra casa de praia. — Alana falou assim que desligou o celular.
— Eu vou com o Dylan. — disse, não seria bom os dois juntos, ainda mais dentro de um carro.
— De moto? — Mark largou o garfo. — Ou vai com o seu cunhado ou nada feito.
— Ayla quer namorar, pai.
— Cale-se, Alana. — alterou a voz. — Estou falando sério, não é hora para brincadeiras.
— Quem disse que eu estou brincando?
— Por acaso eu me chamo Alana? Que fica… — a minha irmã fez uma careta, apontando os olhos pro papai e fazendo com que eu me calasse.
— Continue, Ayla. O que a sua irmã faz?
Ia dizer que ao contrário da Alana, eu não transava na cama dos outros e não andava praticamente nua pela casa com o namorado gostoso e cretino, mas decidi me calar. Disse que não era nada e dei um gole no iogurte, Mark ficou desconfiado, mas deixou passar.
Por sorte, alguém tocou a campainha de casa. Levantei e saí para ver quem era. Olhei pela câmera e parecia ser um entregador; vi também o caminhão estacionado na rua. Aproximei-me da porta e abri:
— Ayla Jefferson. — leu o nome na folha. Respondi que era eu, então me entregou uma caixa grande e rosa, linda, com um laço por cima.
Agradeci e entrei.
Os dois já estavam em cima de mim, querendo ver o que tinha dentro da caixa. Coloquei-a sob a mesa de canto e tirei o laço. Envolvi as mãos naquele tecido macio e fino para retirar da caixa.
— Que lindo, Ayla. Dylan arrasou.
Concordei com a minha irmã. O vestido era simplesmente perfeito. Um vermelho cor sangue, tinha um brilho discreto. Um decote grande e uma fenda na perna direita. O meu pai aproximou-me para tocar o tecido e também elogiou o Dylan pelo bom gosto. Havia separado um vestido para usar na festa, mas esse é incrivelmente lindo.
Dobrei com cuidado para não amassar e devolver para a caixa, foi quando vi um cartão. Peguei e comecei a ler em voz alta: “Espero que goste. É perfeito, assim como você. Use na sua festa de aniversário.”
Um cartão sem assinatura.
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Atualizado até capítulo 111
Comments
Maria Pinheiro
Será que é do Dominic ? mas ele não é um duro que vive contando moedas pra viver !? como teria dinheiro para comprar um vestido caro pra ela ? 🤔
2025-01-22
0
Jacque gil
Acho que o presente e do Domi,ela e muito bobinha,tinha que ser impor mais 🙈
2025-02-22
0
Maria Do Carmo Silva
será do Domi?!?!?!🤔🤔
2025-02-06
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