— Filha, Ayla. — ouvi a voz do papai me chamar. Ao abrir os olhos, o raio de sol invadia meu quarto. — Ayla, está aí, filha?
— Estou, pai. — soltei um gemido ao segurar minha cabeça.
— Tudo bem aí?
— Tudo, só um pouco de dor de cabeça. — sentei na cama com os olhos fechados. Sentia uma enxaqueca terrível.
— São oito horas, vamos? Tome um banho e venha tomar o medicamento.
— Oito? — reclamei.
— Não tenho culpa se passou a madrugada acordada, quero aproveitar minhas filhas, vamos. Estou te esperando.
— Tá. Não demoro.
Fiquei mais uns cinco minutos segurando a cabeça. Após tomar um bom banho e fazer minhas higienes, vesti uma saia soltinha preta com uma blusa de alça bem fresca e uma rasteirinha.
Peguei meu celular para dar uma olhada na repercussão da festa. Tinha vários áudios das minhas amigas.
“Amigaaaaa.”
O primeiro áudio era da Pamela gritando. Até abaixei o volume para escutar o restante.
“Você precisa entrar no instagram, tá geral falando da festa.”
“Conseguiu falar com o Dylan? Ele não me atende.”
“Menina, acordaaa! A ressaca tá braba, hein?”
Ignorei os demais áudios e enviei mensagens para o Dylan. Não tinha conversado com ele depois do acontecido. Pedi que ele me ligasse urgentemente, mas não tinha ânimo para esperar que ele respondesse. Então, liguei, umas três vezes, mas chamou até cair na caixa postal.
Sentei desanimada na cama, o medo de ter perdido meu amigo estava me atormentando muito. Coloquei a mão no meu pescoço, tentando acariciar o pingente de diamante que Dylan me presenteou.
Ao não sentir o pingente, corri para frente do espelho para garantir que ele realmente não estava no meu pescoço. Arregalei os olhos, assustada.
— O pingente do Dylan! — andei até a minha cama e revirei os lençóis, puxando tudo para o chão e sacudindo. Olhei embaixo da cama, fui até o banheiro do meu quarto e procurei até mesmo no ralo do chuveiro, mas nada.
Me desesperei.
Aquele pingente é valioso demais, será que alguém roubou na festa e eu não vi?
Passei pelo corredor, olhando em todos os cantos, e desci as escadas com cuidado e devagar, procurando por um brilho. O pingente era muito delicado e pequeno, podia ter facilmente se perdido nas estampas dos tapetes. Ao chegar na sala, vasculhei o sofá, tirando todas as almofadas, mesmo sabendo que não tinha me sentado ali em nenhum momento.
— Por acaso vocês viram um pingente de diamante jogado por aí? — perguntei à empregada que estava organizando a casa. Claro que eu não encontraria mais o presente do Dylan, mas a esperança é a última que morre.
— Não senhora.
— Tudo bem. — Voltei as almofadas pro lugar.
A empregada respondeu:
— O seu remédio está na cozinha, o senhor Jefferson disse que estava com dor de cabeça.
Agradeci e fui até a cozinha, onde tomei o remédio com um pouco de água.
Escutei a voz do meu pai e do Dominic. Os dois estavam na copa. Aproximei-me e vi meu pai com um braço por cima do ombro do Dominic. Meu pai sempre impecável, usando um terno cinza, mas sem gravata, enquanto Dominic estava todo despojado. Tênis, calça jeans com detalhes em rasgado, e uma camisa manga curta de botões com estampa estilo praiano.
Por que esse inferno de homem tem que ser tão bonito?
O chão estava repleto de embalagens de presentes.
— Sogrão, o combinado era depois do meu campeonato.
— Não podemos adiantar, meu genro? Acha que pode atrapalhar a sua concentração no jogo? Caso contrário...
— Não, claro que não!
— Filha. — Meu pai me viu diante da porta. Não sabia que a conversa era um segredo, então não fiz questão de me esconder. Percebi o olhar de Dominic sobre mim, e ele rapidamente desviou os olhos, algo que nunca havia feito antes.
Aquilo foi o bastante para causar uma dor no peito.
Mark caminhou até mim e me abraçou. Alan, meu irmão, também entrou na copa e se juntou ao meu pai para me dar um abraço coletivo. Mesmo assim, com todo aquele carinho, notei Dominic sentado, pensativo, encarando o chão.
— Alan, que saudade. — Soltei meu pai para falar com meu irmão.
Ele mudou de casa quando nossos pais se separaram, isso faz quatro anos. Agora, aos vinte e sete, ele mora em um apartamento chiquérrimo. Alan é formado, assim como Dominic, mas ao contrário do meu cunhado, ele trabalha na área como engenheiro, e é muito bom no que faz.
— Finalmente dezoito, pensei que nunca ia sair das fraldas. — Dei um tapa no peito dele. O mesmo temperamento do Dominic, dois idiotas, não é à toa que são os melhores amigos. — Pensei em te dar alguma coisa, mas você já tem tudo. — Olhei para Dominic, que ainda encarava o carpete no chão.
— Você que pensa, Alan.
Senti uma pressão no peito ao ver Alana entrar com Samantha. Elas conversavam descontraídas e sorriam. Alana usava um vestido curto, muito bonito, enquanto Samantha, fazia jus à sua profissão, com uma saia lápis preta e justa, uma blusa social branca e um scarpin bege.
— Quanto presente. — Samantha também me abraçou, desejando feliz aniversário. Alana foi direto para o namorado, me ignorando.
— Não sabia que tinha ganhado tantos presentes. — Conversava, tentando mostrar alegria e descontração. Era inevitável lançar olhares para os dois no sofá. Dominic parecia repreender Alana por alguma coisa.
— Vamos abrir, Ayla. Não acredito que não esteja empolgada, na sua idade eu adorava abrir os presentes. — Eu gostava muito da Samantha, os dois namoram há apenas alguns meses. Se conheceram no mesmo tribunal em que o papai trabalha, ela é uma oficial de justiça.
— Vamos abrir. — Mesmo que não estivesse animada, estava curiosa para saber o que me deram. Alana levantou e veio direto até mim.
— Ayla, podemos conversar?
— Eu vou separar os presentes. — Samantha disse, enquanto Alana segurou o meu ombro e me afastou. Papai, Alan e Dominic passarem por nós, saindo da copa, então Alana iniciou a conversa.
— Desculpa? — dei um suspiro. — Desculpa pelo vexame que fiz você passar? Eu não deveria ter dito aquelas coisas, bebi demais.
— Tranquilo, Alana. Também fiz muita besteira.
— Só não conta pro nosso pai? — fez cara de preocupação.
— Está com medo, só por isso veio falar comigo?
— Claro que não, louca. — me abraçou. Um abraço tão demorado que acabei fechando os olhos e lembrando que tudo que aconteceu, nesta madrugada.
— Te perdoo, só se você me perdoar. — O meu pedido de desculpas era tão superficial. Se Alana soubesse o que realmente aconteceu, nunca mais olharia na minha cara.
— Eu não tenho nada que perdoar, mana. Agora vamos, quero abrir os presentes com vocês duas.
Juntamos as três na copa e começamos a rasgar as embalagens. O cheiro do almoço sendo preparado pelas cozinheiras estava abrindo o meu estômago, já que não tomei café da manhã.
— Olha isso! — Samantha levantou uma fantasia íntima de policial, tinha até um chicote. Caí na gargalhada junto com as duas. Na certa, a pessoa quis me zoar pelo meu pai ser Juiz ou até mesmo pela minha faculdade de direito.
— Se você não for usar, eu quero, Ayla.
— Vou pensar no seu caso, Alana.
— Aaah, meu Deus. — foi a vez da Alana gritar. Ela segurava um estojo de maquiagem. — Alguém te deu um “MAC cosmetics”, simplesmente amo essa marca. Olha as cores vibrantes, a qualidade. — cheirou a maquiagem. — E o cheiro.
Tomei das mãos dela e já avisei que não emprestaria. Abrimos vários presentes, tinha chinelos, blusas, vestidos. Até mesmo urso de pelúcia. A maioria dos presentes eu ia doar. Tinha coisa que eu nunca usaria, como exemplo: a fantasia de policial.
— A minha caçula não esqueceu de nada? — Papai surgiu por trás do sofá em que estávamos sentadas e cobriu meus olhos com uma venda.
— Não, pai. Odeio surpresas.
— Mas dessa você vai curtir.
— Curtir? — ouvi Alana zombar, enquanto ele me puxava com cuidado pelo braço para algum lugar. Pelo cheiro e o som do mar, parecia que eu estava sendo levada para fora.
— Pai.
— Quase lá. — ele me parou. — Está pronta? — eu já estava a ponto de desmaiar de tanta ansiedade.
— Pronto, tira logo. — ele abriu a minha mão e depositou algo que parecia ser uma chave. Logo depois tirou a venda dos meus olhos.
Um carro elegante, branco pérola, estacionado na areia da praia e um laço vermelho, impecavelmente amarrado, adorna o capô. Os detalhes cromados reluzem sob o sol, complementando o interior de couro creme.
Sem acreditar, chocada fiquei olhando para aquele espetáculo de carro que era a minha cara. Todos estavam ao nosso lado e o meu pai sorria com orgulho.
— Você merece muito, Ayla. — Deu um beijo na minha cabeça e sussurrou: — Só me dá alegrias.
Corri em direção ao carro, abri a porta e me acomodei no banco do motorista, segurando firme o volante. Um suspiro escapou enquanto sentia o aroma fresco do couro e do carro novo. Fechei os olhos, permitindo-me absorver a emoção que percorria meu corpo. Mark havia prometido me dar um carro ao obter minha habilitação, pensei que levaria anos, mas ali estava, tornando-se realidade muito mais rápido do que eu imaginava.
Pus a chave na ignição e a girei. O rugido do motor fez meu coração saltar de alegria. Mal podia acreditar que não precisaria mais esperar pela preguiçosa da Alana, que sempre demorava para acordar. Chega de pedir táxis sempre que ela se atrasava.
Saí do carro e corri para os braços do meu pai, enchendo seu rosto de beijos em agradecimento. Os outros começaram a bater palmas.
— Não é justo, pai. Por que eu só ganhei o meu quando fiz vinte e Alana ganha no aniversário de dezoito?
— Com quantos anos você tirou a sua carteira, Alana? — todos riram, inclusive eu, que estava feliz demais para me importar com os ciúmes dela.
— Obrigada, papai. Juro que não irá se arrepender disso. Te amo muito. — Dei mais um beijo em sua barba branca.
— Tem mais. — Meu pai ergueu o dedo, pedindo atenção. — Não sou o único com surpresas aqui.
O meu sorriso desfez quando vi o Alan jogar o braço por cima do ombro do Dominic e dar um tapa em seu peito. Dominic estava pálido, praticamente da cor do meu carro, e parecia desconfortável demais. Todos olharam em sua direção, inclusive Alana:
— O que está acontecendo, pai?
— Vamos em frente, meu genro. — Mark encorajou.
Dominic olhou para mim brevemente, desviou os olhos como fez mais cedo e os depositou na namorada. Enfiou a mão no bolso da calça e tirou uma caixinha vermelha.
Não consegui esconder meu desespero. Cruzei os braços, sentindo meus olhos arderem. Dominic abriu a caixa e retirou um anel. O êxtase de alegria que experimentava há meros segundos se transformou em um sofrimento profundo.
Ele ajoelhou diante dos pés de Alana e levantou o anel de brilhante:
— Alana, aceita…
— Vamos, Dominic. — empolgada, Samantha insistiu para que ele prosseguisse. Seus olhos novamente buscaram os meus, quando Alana deu pulinhos de alegria, chamando a atenção para si, Domi voltou a perguntar.
— Aceita ser a minha noiva?
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Atualizado até capítulo 111
Comments
Maria Pinheiro
Eu já o achava um babaca agora acho um babaca ao cubo .
Depois de tudo que rolou na festa e pior na madrugada na praia ele pede a irmã dela em noivado no dia seguinte !!! 🙄😮
Não podia esperar pelo menos umas duas semanas para tudo isso se acalmar ?? tinha que ser no dia seguinte !? 😡 se eu fosse Ayla me sentiria um lixo perder a virgindade com um cara que no dia seguinte fica noivo da sua irmã é o fim . Ele foi atrás dela na praia com champagne , sabia que ela estava alterada com a bebida seduziu ela de tidas as formas e agora fica noivo!!? CANALHA 😡
2025-01-22
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Takina Inoue
caramba depois que possivelmente Ayla se entregou pra ele,aí ele faz isso!? que patifaria 😵
2024-12-29
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Maria Do Carmo Silva
isso está ficando cansativo, que cara mais idiota
2025-02-06
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