Subi as escadas ainda com o coração acelerado, deixando para trás o gigantesco hall e tentando manter o controle do meu corpo, para não deixar transparecer o que está acontecendo para Alana.
Na certa ela vai querer saber o que conversamos, e o que eu vou falar? Que ele pediu para que eu parasse de ignorá-lo?
Entrei no nosso quarto, que agora era só dela. Tirei o chinelo para sentir o tapete branco e felpudo nos meus pés, eu sinto falta disso, já que no quarto do nosso irmão, Alan, não tem.
O chuveiro estava ligado. Aproximei-me da grande janela, abrindo-a para trazer uma corrente de ar para o quarto, e dei uma bela olhada no jardim lá embaixo. A mamãe adorava essas flores.
— Domi, é você? Entra aqui. — Alana chamou lá de dentro.
Revirei os olhos e não respondi. Deitei na minha cama, eram duas de casal, uma ao lado da outra, e esperei ela sair do banheiro, o que demorou apenas alguns segundos. Ela apareceu nua na porta, o corpo já estava seco e esfregava a toalha verde nos seus longos cabelos loiros.
^^^Alana Jefferson^^^
— Cadê o meu namorado? — assustou quando me viu ali.
— Foi embora.
— Não acredito que o Domi tá chateado só por causa daquilo. — resmungou, ao abrir a gaveta e pegar uma calcinha.
— Tava beijando a Kamilla, sua louca? — Essas duas não desgrudam.
Após Alana ingressar na faculdade, nos afastamos como irmãs. Embora fôssemos inseparáveis na infância, a diferença de cinco anos entre nós levou a caminhos distintos. Seus interesses mudaram primeiro, deixando para trás os desenhos que assistíamos juntas para se dedicar a séries e doramas. As preferências estéticas também divergiram: eu queria manter o quarto rosa, enquanto ela desejava pintar de preto e cobrir as paredes com posters de bandas.
Sua personalidade extrovertida a levou para atividades sociais, festas e eventos, enquanto eu permaneci dedicada aos livros e aos estudos. Segundo Alana, sou uma "nerd" que não aprecia festas, baladas, não bebe e é virgem. Em contrapartida, ela se tornou conhecida como a maior pegadora da faculdade antes de namorar com o melhor amigo do nosso irmão: Dominic Sullivan.
— Nem é pelo beijo, Ayla. Domi nunca se preocupou com isso.
— Espera aí. — sentei na cama de uma só vez. — Você já ficou com a Kamilla outras vezes e ele sabe? — Abri bem os olhos. — Você é bi?
Ela olhou para mim enquanto passava a blusa pelo pescoço.
— E você, Ayla. Amanhã faz dezoito anos e nunca namorou. O gato do seu amigo é afinzão de você, até o Domi andou notando.
— Não muda de assunto, Alana. Você fica com a Kamilla também?
— Quer saber? — ela sentou na minha cama, usando apenas a calcinha e a blusa que acabou de vestir. — Nós nunca conversamos sobre homens, de quem você gosta? — Ah, nem vem. —- tentei levantar e sair do quarto, mas ela me impediu, deu um salto e me puxou pelos ombros, acabei caindo sentada na cama.
— Você é a minha maninha e agora tá fazendo dezoito. Se quiser algumas dicas para a sua primeira vez…
— Eu não sou virgem, tá? — menti para que ela parasse de falar sobre isso. Não me sinto confortável, principalmente porque passamos mais tempo com briguinhas do que tendo esse tipo de conversa.
— Você transa com o Dylan?
Suspirei pesadamente. Não dá para mentir. Dylan é o meu melhor amigo, e eu jamais teria algo além disso com ele, mesmo ele sendo um cara atraente. Eu sabia que Alana não desistiria, e se eu dissesse que não era virgem, ela ia querer todos os detalhes.
— Eu ainda sou virgem, ok. Satisfeita?
— Ayla, estamos em 2024 e você e você ainda é virgem?
— Espero pelo homem certo, só isso.
— Não existe homem certo, existe sexo bom. Você está perdendo o melhor dessa vida, garota.
— Você por outro lado, não perde tempo, né? — Lembrei da cena nesse quarto. Alana puxou o meu braço para que eu deitasse ao seu lado na cama.
— Desculpa, maninha. Quando o Domi insistiu para que transássemos na sua cama…
— O quê? — me virei para ela. — Foi o desgraçado do seu namorado que teve a brilhante ideia de te foder na minha cama? Eu mato ele.
— Não conta pra ele, Ayla. Domi me fez jurar que nunca te contaria isso. — deslizou a mão no meu cabelo tirando do rosto e jogando para trás.
— Que ódio dele. — resmunguei. A minha vontade era estapear aquele ordinário. Arranhar aquele maxilar quadrado e bem definido.
— Nós não estamos muito bem. — parei para olhá-la com atenção. — Ele anda enjoado demais de uns dias pra cá. Como por exemplo agora, ele preferiu ir embora.
— A vida não é só sexo, Alana. Vocês conversam? Sabe quais são os planos de futuro dele, os sonhos dele? — ela ficou calada. — Vocês namoram há um ano, e posso apostar que ainda não sabe qual é o sonho dele, o que ele mais almeja na vida.
— Deixa eu te contar um segredinho, Ayla. O que deixa a mulher inesquecivel para um homem, é um bom sexo.
O meu medo é perguntar se ela o ama. Isso ia me ferir. Fiquei olhando para a minha irmã por um tempo, e me achando a pior pessoa do mundo. Dando conselhos quando, na verdade, sempre que penso nele sinto o meu corpo arder.
— Já convidei todo mundo da faculdade para o seu aniversário. — ela mesma cortou o assunto.
Alana vem insistindo com o nosso pai, para fazer uma festa de arromba na nossa casa de praia. Ela não está fazendo isso para mim, e sim para benefício próprio. Já que ela e suas amigas adoram esse tipo de festa, regada de bebida e música.
Já que ela gosta, deixei que cuidasse disso pessoalmente. Por mim, passava o meu aniversário de dezoito anos dentro do quarto lendo os meus livros.
— Amanhã você vai perder a sua virgindade. — ela interrompeu o meu silêncio ao anunciar essa barbaridade. Não tive tempo de me impor contra isso, o papai nos gritou do corredor. — Calma aí, pai. Tô pelada. — levantou da cama para trancar a porta. Tirou um short da gaveta e vestiu.
Ouvi um som de mensagem no meu celular quando o papai bateu na porta.
— As duas não estão brigando, né? — Mark perguntou ao se aproximar.
Quando vi que era uma mensagem do "Domi", mais precisamente uma imagem, olhei imediatamente para Alana, constatando que ela não veria a mensagem do namorado para mim.
Isso me assustou um pouco, o namorado dela nunca me enviava mensagens, nem com a nossa discussão de dias atrás ele enviou sequer um pedido de desculpas.
Alana abriu a porta para o nosso pai, então aproveitei para bloquear a tela do celular e sair dali.
— Voltou pro seu quarto, meu amor?
— Não papai, ainda vou ficar no quarto do Alan. — aproximei dele para um abraço. O nosso pai sempre bem vestido, o seu cabelo grisalho, o terno sob medida e os sapatos de grife, transmite perfeitamente o seu status profissional e a figura respeitável e proeminente que é nessa cidade.
— Se quiser voltar, o quarto é seu, maninha. — Alana concluiu.
— Não, obrigada. — Dei um beijo no papai e saí em direção ao quarto do Alan.
— Desçam para o jantar, hein? Trouxe pizza. — ouvi ele gritar.
Se o senhor Mark Jefferson desconfiar do motivo pelo qual saí do quarto, vai dar problema para o lado dela. Tive que inventar uma desculpa, dizendo que a Alana dormia muito tarde e atrapalhava meus estudos, o que não é uma total mentira.
Fechei a porta e caí na cama. Aflita para ver o que ele acabou de me mandar. Eu deveria ignorar e guardar o meu telefone.
Mas…
Abri a mensagem e dei de cara com a foto do seu abdômen definido, com algumas manchas vermelhas.
“Olha o que essa bebezinha brava fez. Tá precisando de uns tapas, cunhadinha preferida.”
Fiquei olhando aquilo e deixei que um maldito sorriso escapasse do meu rosto.
O que tá acontecendo com você, Ayla Jefferson? Dominic é o namorado da sua irmã, droga!
Ele viu que eu abri a mensagem e não respondi, então mandou outra mensagem.
“Já que você tem uma foto do meu peito, para ficarmos quites, nada melhor que mandar uma também, né?”
Sem pensar, mandei uma resposta de imediato.
“Que tal eu mostrar para a sua namorada as suas mensagens? Seu safado, cretino.”
A sua resposta chegou segundos depois:
“Vai em frente, a sua irmã está passando dos limites, Ayla.”
Outra mensagem:
“Eu posso te ligar?”
Sentia o meu coração batendo forte, forte demais. Alana reclamou do namorado. Dominic, reclamando da Alana, e agora ele quer me ligar? O que quer falar comigo?
“Quer chorar as pitangas? Procure seus amigos para desabafar.” — enviei para ele.
Recebi a resposta dele dizendo que queria falar sobre algo diferente. Mencionou que não era de ficar se lamentando ou buscando respostas em outras pessoas. Não soube como reagir a essa mensagem.
O celular começou a tocar, e o nome dele piscou grande na tela. Quase deixei meu dedo escorregar até o ícone vermelho para ignorar a ligação. Tudo o que eu queria era esquecer esse homem, mas parece que tudo está indo contra o meu desejo, inclusive Dominic.
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Atualizado até capítulo 111
Comments
Maria Do Carmo Silva
eu tenho certeza kkkkk/Chuckle/
2025-02-06
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Maria Do Carmo Silva
vergonha alheia 😅😝
2025-02-06
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Maria Do Carmo Silva
porque será hein 🤭
2025-02-06
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