Sonho x Realidade

Eu engoli em seco, sentindo um nó se formar em minha garganta quando vi meu pai tirar a cinta.

- Fábio, você sabe que eu não gosto de fazer isso. Mas você precisa entender que suas escolhas têm consequências. Você precisa aprender a lidar com as responsabilidades da vida, filho.

Sua voz era firme, mas também carregada de uma emoção que eu raramente via nele. Eu sabia que ele estava certo, que eu tinha errado e que precisava enfrentar as consequências dos meus atos. Mas ainda assim, a visão da cinta em sua mão me fazia tremer de apreensão.

Sem dizer uma palavra, eu me preparei para o castigo que viria, fechando os olhos e respirando fundo enquanto me preparava para o impacto. Mas para minha surpresa, quando a cinta finalmente veio, não veio com a força e a ferocidade que eu esperava.

Em vez disso, foi um toque suave, quase hesitante, como se meu pai estivesse se segurando, contendo-se para não me machucar. Eu engoli em seco, sentindo um misto de alívio e gratidão se misturar com a dor do castigo, sabendo que, apesar de tudo, meu pai ainda me amava.

Quando finalmente o castigo terminou, eu me vi respirando aliviado, sentindo um peso sendo levantado dos meus ombros enquanto eu me via envolto no abraço reconfortante do meu pai. Não era o perdão que eu esperava, nem a redenção instantânea que eu desejava, mas era o suficiente. Era um sinal de que, apesar dos nossos conflitos e das nossas diferenças, o amor entre nós ainda prevalecia, forte e inabalável.

E assim, enquanto eu me aconchegava nos braços do meu pai, eu me permiti acreditar que, talvez, houvesse esperança. Então, eu acordei.

Meu pai estava no quarto, mas em seu rosto só via autoritarismo e sadismo.

- Isso que é consciência leve. Te deixo por menos de dez minutos e quando volto está dormindo. Mas tudo bem, você não tem consciência do que aconteceu.

Ele tirou a cinta.

- Vamos tirar a heroína do teu organismo e vamos ver se você vai continuar dormindo tão tranquilo. Quem matou o teu amigo? Responde, Fábio.

Foi como se tivesse virado uma chave na minha cabeça e relembrei de tudo. Não fazia horas que tinha acontecido tudo aquilo. Foi naquele dia de manhã. E eu estava entorpecido pela heroína. Mas uma coisa eu sabia. Eu sabia nitidamente quem puxou o gatilho.

- Você. - sussurrei.

Uma cintada que cortou a minha pele.

- Quem foi, Fábio?

- Foi você. Você é um assassino. Ai. - gritei, com mais duas puxadas nas minhas pernas.

- Vamos mudar a pergunta. Por culpa de quem que eu tive que matar o rapaz? Eu não queria ter feito aquilo, mas você não me deu escolha. Então, de quem foi a culpa?

Meu pai tinha razão. E eu conseguia enxergar isso mesmo sob o efeito final da heroína.

- Minha. - sussurrei por fim.

A cinta estava levantada para o impacto, mas ele não veio. Meu pai baixou o braço.

- Eu não ouvi direito, Fábio.

- A culpa foi minha. É por minha culpa que o Henrique está morto.

- Então era Henrique o nome dele?

Assenti, tomado pelo desespero.

Meu pai permaneceu em silêncio por um momento, seu olhar penetrante perfurando minha alma enquanto eu me via enredado em um emaranhado de culpa e desespero. Sua expressão era um misto de desdém e satisfação, como se estivesse se deleitando com minha agonia.

- Você sabe o que isso significa, não é, Fábio? - Ele murmurou, sua voz carregada de uma frieza que me arrepiou até os ossos. - Significa que você tem sangue nas mãos. O sangue do seu amigo, do seu cúmplice. E isso é algo que você nunca vai poder apagar.

As palavras dele cortaram como facas afiadas, cada uma uma acusação que ecoava em minha mente, alimentando o fogo da minha culpa e remorso. Eu sabia que tinha falhado, que tinha sido o responsável pela morte de Henrique, e agora teria que carregar esse fardo pelo resto da minha vida.

Meu pai se aproximou lentamente, sua presença imponente preenchendo o quarto com uma sensação opressiva de medo e ansiedade. Ele se aproximou até estar cara a cara comigo, seu rosto a poucos centímetros do meu, seus olhos ardendo com uma intensidade que me deixava paralisado de terror.

- Você acha que merece misericórdia, Fábio? - Ele sussurrou, sua respiração quente contra minha pele arrepiada. - Acha que merece ser perdoado por suas falhas, por suas transgressões? Acha que merece uma segunda chance?

Eu engoli em seco, lutando para encontrar as palavras que me permitiriam escapar da ira do meu pai, mas tudo o que encontrei foi o vazio oco da minha própria culpa. Eu sabia que não merecia perdão, que não merecia nada além do castigo que estava por vir.

Com um gesto rápido, meu pai agarrou meu braço com uma força brutal, seus dedos cavando minha pele com uma intensidade que me fez gritar de dor. Ele me puxou para cima, obrigando-me a ficar de pé diante dele, meu corpo tenso com a expectativa do que estava por vir.

- Você acha que pode escapar das consequências dos seus atos, Fábio? Acha que pode simplesmente se desculpar e tudo ficará bem? - Ele rosnou, seus olhos faiscando com uma ferocidade que me deixava gelado até os ossos.

Eu sabia que não havia como escapar do destino que me aguardava, do castigo que meu pai tinha reservado para mim. Eu sabia que teria que enfrentar as consequências dos meus atos, que teria que pagar o preço pelo sangue derramado.

E assim, enquanto meu pai me arrastava para longe do quarto, eu me vi mergulhado em um abismo de dor e desespero, sabendo que o pior ainda estava por vir. Eu tinha desencadeado uma tempestade que agora ameaçava me consumir, e não havia nada que eu pudesse fazer para impedir sua fúria implacável.

À medida que meu pai me arrastava pelo corredor, cada passo parecia ecoar como um eco ensurdecedor da minha própria culpa e fracasso. Meus pés arrastavam-se pelo chão frio, meu corpo tenso com a antecipação do que estava por vir. Eu sabia que não havia como escapar do castigo que me aguardava, que teria que enfrentar a ira implacável do meu pai até o último suspiro.

Finalmente, chegamos à sala de estar, onde minha mãe nos esperava, seu olhar carregado de tristeza e preocupação. Ela sabia o que estava prestes a acontecer, sabia que seu filho mais novo seria submetido a um castigo severo, e tudo o que podia fazer era observar em silêncio, impotente diante da crueldade do meu pai.

Meu pai me empurrou com brutalidade para o centro da sala, seu rosto contorcido em uma máscara de fúria e determinação. Ele me encarou com uma intensidade que me fez tremer de medo, seus olhos faiscando com uma ferocidade que me deixava gelado até os ossos.

- Você sabe o que acontece agora, não é, Fábio? - Ele rosnou, sua voz cortante como uma lâmina afiada. - Você sabe o que acontece quando se cruza o limite . Você sabe o preço que terá que pagar.

Eu engoli em seco, lutando para encontrar as palavras que me permitiriam escapar do castigo iminente, mas tudo o que encontrei foi o silêncio opressivo da minha própria culpa. Eu sabia que não havia desculpa para o que eu tinha feito, que teria que enfrentar as consequências dos meus atos, não importasse o quão terríveis fossem.

Com um gesto rápido, meu pai agarrou o chicote de couro que estava pendurado na parede, sua mão cerrada em torno dele com uma ferocidade que me fez tremer de apreensão. Ele me encarou com um olhar duro e implacável, sua expressão uma mistura de raiva e desdém.

- Você merece isso, Fábio. Merece cada golpe, cada ferida que vou infligir em você. Porque você escolheu o caminho errado, escolheu a companhia errada, e agora terá que pagar o preço. - Ele rosnou, sua voz carregada de uma amargura que me cortou até a alma.

Sem dizer uma palavra, meu pai começou a desferir os golpes, cada um deixando uma marca indelével na minha pele. Eu gritei de dor, cada grito uma expressão do tormento que me consumia, mas não havia piedade para ser encontrada naqueles olhos implacáveis.

Quando finalmente o castigo terminou, eu me vi caído no chão, meu corpo dolorido e marcado pelos golpes brutais do meu pai. Enquanto eu me arrastava para longe da sala de estar, deixando para trás a crueldade do meu pai, eu me vi consumido pela dor e pelo remorso, sabendo que a tempestade que eu tinha desencadeado estava longe de terminar.

Capítulos
Capítulos

Atualizado até capítulo 65

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!