|17| Uma Nova Chance

...Pov's Rosa Maria

...

Noto que na porta de casa Bruna estava conversando animadamente com a minha prima Natália, ela lhe fazia elogios dizendo o quão bela estava e o quanto era o inteligente.

Meu tio passou do meu lado e eu lhe cumprimentei. Olhei para o terreno do lado de nossa casa onde cuidamos e lá estava ela, a minha mãe.

Os cabelos estavam totalmente brancos e isso dava um realce ainda mais belo para seus olhos verdes, iguais os meus. Caminhei até lá apressadamente e ela se levantou sorrindo para mim.

— Oi querida. — Sorriu.

— Mamãe. — Não controlo minhas lágrimas.

Ela era mais baixa que eu, então quando a abraçava era visível a diferença. Eu chorei.

Eu e mamãe nós sentamos no banco e eu me encostei no pilar encarando-a. Mesmo com 70 anos ela era linda e eu costumava passar horas guardando cada detalhe de seu rosto.

— Me diga, como são as crianças? — Ela pergunta de repente e me surpreendo. — Você sabe, as crianças que cuida.

No caso, que eu cuidava. Dei um sorriso fraco antes de responder:

— Os gêmeos eles... São idênticos de aparência mesmo sendo um menino e uma menina, mas de personalidade são totalmente diferentes. — Rio lembrando dos pequenos momentos. — Louis é calmo e quieto, ele costuma ficar bastante na dele, gosta de brincadeiras que dá para brincar só. Lavínia é o oposto, ela gosta de falar e interagir, gosta de ser notada pelos demais e é bastante ciumenta.

— Até parece alguém que eu conheço. — Ela riu enquanto me encarava.

— Ei! Eu não gosto de ser o centro das atenções mãe. — Murmuro e ela ri ainda mais.

— Não, você é calma e quieta, mas é ciumenta demais minha menininha. — Finjo estar ofendida, mas ela não mentiu. Com aqueles que eu amo as vezes me torno possessiva demais. — Eu quero conhecê-lo.

— As crianças? — Encaro-a surpresa. Mamãe apenas ri e nega.

— Quem sabe um dia, mas agora eu quero conhecer o seu empregador. Anthony Holden, não é? — Mamãe se sentou. — Sua madrinha conversou comigo e quero conhecer de perto esse homem.

— Mãe... — Chamo-a em tom baixo evitando seu olhar. — A Bruna ela...

— A Bruna que vá plantar mandioca no asfalto. — Mamãe me interrompeu e eu gargalhei da sua frase rotineira, em algum momento do dia ela tem o habito de mandar alguém ir a merda de uma maneira fofa, eu diria. — Eu sou sua mãe Rosa Maria e sua responsável, vamos, ligue para o Sr. Holden, quero conversar certinho com ele.

Sorri com um pouco mais de esperança e enxuguei as lágrimas enquanto me afasto um pouco de minha mãe, pego meu celular na bolsa e meu coração aperta ao lembrar que não tenho o número do Sr. Holden.

A ligação de mais cedo invade meus pensamentos e procuro o número desconhecido pertencente a Eric e com uma ansiedade maior que posso aguentar faço a chamada.

Toca por alguns segundos, mas logo ouço a voz melodiosa do Holden:

— Alô?

— Eric, oi, sou eu a Rosa. — Digo um tanto alvoroçada.

— Rosa? Como conseguiu meu número? — Ele pergunta surpreso e eu fico confusa.

— Hoje cedo eu recebi uma ligação da Lavínia, ela disse que havia pegado o celular emprestado com você.

O outro lado da linha fica silencioso e eu tenho que olhar para saber se o Holden não desligou na minha cara por querer. Entretanto após conferir eu ouço a risada leve do mesmo que diz:

— Foi por isso que aquela pestinha sumiu e eu nem notei que estava sem meu celular.

— Olha é surpreendente um jovem não notar o desaparecimento do celular hoje em dia. — Digo e ouço novamente uma risada.

— Enfim, porque me ligou Rosa? Aconteceu algo? — Seu tom mudou para algo preocupado.

Por alguns segundos eu tinha até mesmo esquecido o assunto, mas dei um sorriso instantâneo.

— Eric, poderia passar o telefone para o seu pai? — Pergunto um tanto alvoroçada e antes que ele pudesse questionar, eu continuo: — Tem uma mínima chance Eric, de eu voltar a cuidar das crianças.

O rapaz não me respondeu, mas consegui ouvir seus passos apressados. Ouvi-o o bater na porta e também a dizer algo a Anthony, meu coração acelerou enquanto eu olhava minha mãe que encarava o horizonte distraída.

— Alô, Rosa está ai? — Sorrio com a voz do Sr. Holden.

— Boa tarde Sr. Holden. — Cumprimento. — A minha mãe voltou da viagem dela, teria como o senhor vir aqui na minha casa? Ela gostaria de conhecer o senhor para falar sobre o meu trabalho.

Um silêncio se instalou na chamada.

— Rosa... Mas esse assunto não foi encerrado na semana passada? — Anthony pareceu procurar as palavras certas. — Achei que a—

— Sr. Anthony, Bruna não é minha mãe. — Interrompo-o. — Quem quer falar com o senhor é a minha mãe e responsável legal. Andrina é o nome dela e... — Paro de falar no mesmo momento quando um pensamento surge. — O senhor já conseguiu outra pessoa? — Pergunto. — Tem outra pessoa que irá cuidar dos gêmeos?

Um silêncio se instala novamente e começo a temer a resposta que virá a seguir, entretanto o tom de Anthony continua calmo quando ele finalmente me responde:

— Mesmo se eu me desse o luxo de ter conseguido uma nova babá, sei que não seria capaz de ter a mesma relação de afeto que você teve com eles. Posso ir falar com a senhora Andrina em que horário?

— Na verdade o senhor pode estar vindo agora se quiser. — Respondo.

Ouço sussurros do outro lado e então Anthony me responde:

— Daqui vinte minutos estarei aí senhorita. Até logo.

A chamada se encerra e então volto o olhar para minha mãe que me fitava há um tempo corro até ela abraçando-a ouvindo sua risada e digo:

— Ele está vindo mamãe, daqui a vinte minutos estará aqui.

— Então minha princesa trate de tomar um banho e ficar bonita! — Mamãe fala e eu assenti.

Pego minha mochila e corro para casa sem se importar com Natália ou Bruna. Entro em meu quarto e faço um leve carinho em Kitty que lambia seus filhotes recém nascido, ela havia dado cria há uma semana e a família ganhou mais três miniaturas felinas.

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