|14| A Cruel Decisão

...Pov's Rosa Maria...

O trajeto até minha casa foi rápido e assim que pude ver o portão da minha residência, havia alguém ali e quando reconheci meu sorriso morreu aos poucos, comecei a suar frio e o homem do meu lado percebeu isso.

Sai do carro primeiro e fitei Bruna que possuía um olhar rígido, o maldito olhar que me perseguia desde o acontecimento de alguns anos.

— Onde está a...

— Ela está dormindo. — Bruna cortou. — Onde você estava?

— Minha madrinha não contou que eu estou...—

— Trabalhando? — Ela me interrompeu novamente e sua voz estava em tom irônico — Por favor, você é uma preguiçosa que não faz nada, nem estuda direito, agora quer vir me falar que está trabalhando? Isso é desculpa para se encontrar com macho?

— Bruna. — Digo sentindo meu nervosismo aumentar. Anthony Holden estava atrás de mim, ouvindo cada palavra e eu tinha medo o que ele iria pensar de mim. — E-esse é Anthony Holden, ele é dono da fazenda onde eu trabalho, eu sou babá dos filhos dele. Senhor Holden, essa é a minha mãe biológica Bruna.

— É um prazer senhora. — Anthony estendeu a mão para Bruna que desconfiada apertou de volta.

— Mas ainda sim, você não faz nada direito, não é? — Encaro Bruna. — Se ele está aqui, você deve ter feito alguma merda, até porque você sempre erra! Nasceu um erro e não faz nada certo nessa sua vida boa que sua avó banca pra você.

Por favor, pare, somente pare com isso.

— Senhora, sua filha não fez nada de errado. — Anthony tomou a palavra. A essa altura eu já estava encolhida. — Ao contrário, de tantas babás que já tive para meus gêmeos, ela foi a que melhor de adaptou, Lavínia e Louis adoram ela. Acontece que sua filha é menor de idade ainda e eu vim aqui justamente para falar com a senhora para saber se tem a sua permissão para ela continuar como babá, claro que ela terá um salário bom e continuará seus estudos.

— Infelizmente senhor Anthony, não será possível porque essa daí não tem como ir até sua fazenda todo santo dia e voltar, nem para aprender a andar de moto ela serve. — Ela disse com um tom de desgosto.

Por favor mãe, para, pare com isso...

— Isso não é problema, o ônibus de sua filha passa por perto de minha fazenda e um dos meus filhos mais velhos pode buscá-la e outro trazê-la. — Ele disse e eu sinto a falta de ar se apossar.

Não, isso não, por favor senhor Holden, não diga isso a ela.

— Possui filhos mais velho? — Bruna pergunta e eu sinto vontade de sumir.

— Sim, eu tenho cinco filhos. O mais velho tem 21, o do meio 20 e o outro 19. E claro, os gêmeos de 8 anos. — Senhor Anthony explicou.

— Então nunca foi o dinheiro ou as crianças, claro que não foi as crianças. — Bruna disse entre dentes e deu passos em minha direção e de repente eu sinto um ardor no meu rosto. — Você continua sendo uma piranha! Sua prima tinha razão!

— Senhora?! — Senhor Anthony me segurou pelos ombros totalmente pasmo com a situação, ele apertou de leve meus ombros como se quisesse me proteger e eu senti outra coisa vindo de seu tom surpreso: raiva.

Se ele pudesse sentir o que sentia, saberia que seria medo, dor e vergonha.

— Sua prima viu você se esfregando com um cara loiro na rua e nem teve a cara de pau de colocar uma roupa descente, foi com aquele vestido de puta! — Ela fala.

— SENHORA!? — Anthony agora não estava espantado e sim com raiva.

— Não, por favor, não diga nada... Por favor, me perdoa, me perdoa. Me perdoa por ser um erro e errar de novo, não diga nada. Por favor. — Sussurro em um tom quase mudo, mas ele me ouve.

Anthony Holden me ouve e para. Eu continuo implorando e ele alivia o aperto em meus ombros, seu olhar está em mim e o meu no chão, minhas lágrimas rolam por meu rosto pela vergonha.

— Se deixar minha filha na sua casa, ela trará só desgraça! Além de dormir com cada um dos seus filhos igual uma meretriz, ela poderá causar algum acidente nos seus filhos menores. — Bruna foi curta e direta, eu só queria sumir.

— Senhora Bruna, ela—

— Não é não. Eu sou a mãe dela, você veio pedir a minha permissão e eu não permito! — Bruna cortou o Sr. Holden.

Naquele instante tudo o que eu queria era sumir, não, era correr para minha mãe de verdade. Mas um ser incompetente como eu não tenho o direito de atrapalhar o sono dela.

Sem me despedir e só querendo desaparecer dos olhos de ambos adultos eu corro para a casa e me escondo em meu quarto chorando baixinho.

Um tempo se passa. Tempo necessário para que Bruna pudesse envenenar Anthony de todas as formas possíveis contra mim e então ouço alguém bater a minha porta o que me fez me encolher mais.

— Rosa? — A voz suave ecoou. — Posso entrar?

Me aproximei da ponta da cama e destranquei a porta onde tive a visão de Anthony entrar calmamente, eu nem ao menos me importei com o caos em meu quarto.

— Me desculpe Senhor Holden. — Minha voz saiu quase inaudível, mas ele me escutava.

— Eu... Eu peço desculpas. — Anthony respirou fundo. — Bruna não permitiu, eu tentei Rosa, mas ela não permitiu.

Eu sei.

Ela jamais permitiria.

Se Bruna pudesse simplesmente me fazer desaparecer de sua vida, ela o faria, sem nem pensar. Pois eu era o erro dela, o peso morto que foi fardada um erro desde o momento em que seu ventre se formou.

— Quanto tempo falta para o seu aniversário? — A pergunta me surpreendeu, mas eu entendi rapidamente o intuito dela. Mas eu não tinha voz ou coragem de dizer uma palavra. — Eu sinto muito Rosa.

— Eu sou a única que devo me desculpar Anthony. — Digo e então me viro para ele. Minha situação era lamentável: olhos vermelhos e minhas lágrimas nem sequer haviam aliviado. — Ela têm razão, Bruna tem razão quando diz que eu sou uma desgraça... Não quero que por minha culpa aconteça algo a seus filhos.

— Rosa Maria não repita isso! Você não é uma desgraça, não acho isso e eles te adoram! Como você acha que Lavínia e Louis vão ficar depois de eu contar que a babá que eles mais gostaram nesses últimos tempos simplesmente não vai mais cuidar deles?

— Me desculpa. — Me encolho mais na cama.

Anthony suspirou e então perguntou:

— Me desculpe me intrometer, mas porque não chama a Bruna de mãe?

Eu respirei fundo e olhei para o mais velho respondendo-o:

— Porque ela não é. Ela apenas me carregou em seu ventre, mas nunca foi minha mãe. Nunca será, a minha mãe Sr Holden, a mulher que cuidou de mim e me deu amor materno está dormindo nesse momento. Bruna é só minha progenitora e para ela, eu sou só um... Erro do destino.

Ficamos em silêncio, mas ambos saberíamos que Bruna invadiria meu quarto a qualquer momento. Anthony então suspirou e disse uma única coisa antes de partir:

— Você não é um erro Rosa.

Eu não conseguia parar de chorar. Estava soluçando e então abracei minha mochila com força, até sentir um cheiro familiar, abri a bolsa onde vi o moletom de Joseph.

Abracei aquela peça de roupa com força e não demorou muito para eu ouvir a porta de casa sendo fechada e os passos firmes de Bruna em direção a meu quarto:

— Não chore como se fosse uma coitadinha! Você é uma puta descarada! Natália viu você com um rapaz loiro no centro! Estavam se agarrando no meio da rua! Você é uma piranha, mal deu dois dias de trabalho e se entregou para um dos filhos de seu empregador como uma prostituta, mas agora Anthony saber bem o tipo de mulher que tinha colocado sobre o mesmo teto. Achou que ia enganar por quanto tempo com essa cara de boa moça? Você é a pior coisa que já aconteceu na minha vida, lembre-se disso Rosa: sua existência está destinada a trazer desgraça na vida de quem entra!

E então ela saiu se retirou e eu fechei minha porta. Me deitei na cama encolhida abraçada ao moletom de Joseph Holden, a única coisa que eu tinha daquela família.

— Eu sinto muito pequena. — Ouvi a voz de Kayron e senti um peso no colchão, mas eu não respondi ou me virei, apenas encarava a parede. — Você é uma garota inteligente, vai conseguir algo muito melhor, eu sei disso.

Kayron despareceu. Maxwell também estava ali, em silêncio até determinado momento.

— Rosa, está doendo eu sei. — Ele murmurou em tom baixo. — Mas é para seu próprio bem. — Logo mais, Max despareceu e eu adormeci em seguida em meio as minhas lágrimas.

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