|02| Babá de Primeira Viagem

...Pov's Rosa Maria...

Quando o alarma soou por meus ouvidos, pela primeira vez eu não reclamei. Impulsionei meu corpo para frente e fiquei sentada no colchão admirando o quarto de Leandra enquanto ela dormia em um sono profundo ainda. Era o que eu achava.

— Rosa, desliga essa merda. — Resmungou se virando na cama.

Solto uma risada enquanto alcançava meu celular na cômoda, depois de desligar o alarme me levanto e com uma toalha em mãos vou em direto ao banheiro onde tomei uma ducha fria para despertar completamente. Me visto com o uniforme da escola e tomo um café rápido na companhia da minha madrinha.

Quando deu 6h20 eu já estava no ponto de ônibus esperando pacientemente. Quando que ele chegou e eu me acomodei em um lugar fiquei escutando música até chegar no nosso inferno particular. Assim que entrei no colégio vi que já estava bem cheia e fui procurar a minha fiel companheira Ada Monteiro, provavelmente estaria na biblioteca enfiada em algum livro e foi para lá que eu fui.

Eu estava certíssima, de costas para mim com a cara em um dos livros estava ela, sorri travessa e aproveitando que estava distraída me aproximei sorrateiramente dela.

— BOM DIA, ADA! — Falo alegremente segurando em seus ombros fazendo-a dar um pulo pelo susto. — Está um lindo dia, não está?

— Vai. Para. O. Inferno. — Falou respirando fundo e então se virou para mim apontando para a janela — E está nublado.

— Não precisa gritar não viu Rosa, estou velha, mas surda ainda não! Tenho 70% da audição ainda viu. — Nós viramos para a Margarida, a senhora que cuidava da biblioteca.

— Bom dia, Margarida! — Sorrio para ela.

— Ué, porque toda essa animação? — Ada perguntou fechando o livro enquanto me olhava curiosa.

— Eu Rosa Maria, consegui um trabalho! — Minha melhor amiga arregalou os olhos enquanto Margarida me deus os parabéns.

— Me conta tudo agora! — Ada me obrigou a sentar-se e então comecei a falar tudo o que ocorreu ontem.

O sinal bateu e fomos para a sala onde fiquei imaginando como seria minha convivência com aquelas crianças.

Passei o dia todo planejando brincadeiras com os gêmeos, algo para que nós três pudéssemos nos divertir, fui tão idiota que deixei o prato de brigadeiros em casa. Dar doce para criança é um ótimo jeito de fazer amizade, de acordo com Ada. Na hora do almoço mal consegui comer de tanta ansiedade, quando mais as horas passaram, mais perto ficava e dava graças de ter uma amiga do meu lado para me acalmar, apesar de Ada querer me bater em certos momentos.

Finalmente deu 16h00 e me despedi de forma rápida de Ada indo correndo em direção ao ônibus, me sentei e então me deparei com alguém que poderia fazer meus planos ir água abaixo: o garotinho chamado Renan, comecei a amaldiçoar o garoto que morava nas profundezas do inferno. Quando ele voltava conosco no ônibus íamos por um trajeto bem diferente do normal, eu geralmente era a primeira descer no trajeto normal, nesse eu era a última.

Comecei a suar com medo de me atrasar, por esse trajeto mais longo eu costumo chegar quase 17h em casa. Tentei manter a calma enquanto meu olhar percorria pela vista vazia, eram apenas árvores, fazendas e estrada de terra.

Depois de quase meia-hora despejando os alunos em suas residências, foi a vez da Lauani desceu em seu ponto. O ônibus iria virar em uma rua que iria deixar-me mais perto de minha casa, mas fiquei confusa quando ele parou ficando entre dois caminhos: o que me levaria para casa e o caminho de uma fazenda distante que havia sido vendida.

As portas se abriram e um rapaz alto entrou, possuía um ar arrogante e seu olhar percorreu os pouquíssimos alunos que sobraram ali, então sua voz ecoou:

— Aqui tem alguma Rosa Maria?

Eu me levantei imediatamente com minha bolsa, o loiro olhou-me de cima abaixo com aqueles olhos verde água e um sorriso de escárnio formou-se em seus lábios.

— Não vai durar uma semana. — Deduziu — Venha comigo, coisinha.

— Quem é você? E porque eu devo fazer o que diz? — Pergunto de braços cruzados e ele me olhou parecendo irritado.

— Só vamos logo, coisinha.

— Esse não é meu nome! Tem alunos aqui querendo voltar para casa. — Digo e ele sobe os degraus novamente parando diante de mim.

Aquele cara era um poste, faltava pouco para bater no teto.

— E estão sendo impedidos de chegar em suas residências porque você está fazendo birra como uma criancinha. Se fosse mesmo uma pessoa preocupada com tal assunto, desceria desse ônibus como uma jovem civilizada. — Zombou e então revirou os olhos descendo do ônibus — Anthony Holden me mandou vir aqui te buscar. Você vai ser a babá dos meus irmãos Louis e Lavínia de acordo com ele.

Agora sim aquela conversa fazia mais sentindo para mim, suspirei segurando a alça de minha bolsa descendo do ônibus.

— Rosa, tem certeza que irá com ele? — Perguntou a monitora.

— Tenho sim Jess, esse cara arrogante é irmão das crianças que eu vou cuidar a partir de hoje. — Respondi — Tchau!

— Cara arrogante?! Quem você pensa—

O ônibus foi embora levantando poeira e eu me virei para o loiro que me matava com os olhos, ele deu as costas para mim resmungando algumas coisas e então notei um carro parado ali perto. Sem rodeios ele entrou e eu fiz o mesmo, me ajeitei no banco e ele logo deu partida.

— Aconteceu alguma coisa? Era para o Anthony estar me esperando aqui. — Resolvo quebrar o gelo que estava entre a gente.

— Anthony, aquele velho desgraçado. — Murmurou e eu o olhei de olhos arregalados.

Família unida né...

Não demorou muito para que chegar a fazenda, quando um garoto do meu ônibus e sua família moravam por esses lados, eu via a fazenda apenas dos portões. Agora estes estavam abertos para a passagem do carro.

Assim que estacionou de frente com a porta dupla, o loiro saiu do carro parecendo irritado e entrou em sua casa, eu sai devagar do automóvel e não sabia muito bem o que fazer. Eu deveria entrar ou esperar do lado de fora? Assim que me aproximei, pelas portas escancaradas pude ver uma enorme escada na entrada que dividia em dois corredores.

Olhei ao redor vendo dois corredores, porém fiquei esperando ali no hall, estava nervosa e segurava firmemente a alça de minha mochila.

— Quem é você? — Me viro rapidamente notando um rapaz descendo as escadas. Ele possuía uma expressão curiosa, era tão lindo quanto o loiro arrogante, porém este possuía um aura de gentileza, bem ao contrário do outro.

— TAYLOR! ONDE ESTÁ A BABÁ DOS SEUS IRMÃOS?! — Dou um pulo ao ouvir o grito. Meu coração disparou e me surpreendi quando o rapaz com olhar gentil parou em minha frente, eu nem sequer o vi se aproximar.

O loiro que eu descobri chamar Taylor atravessou o hall em passos firmes e começou a subir as escadas.

— Está aí a coisinha da Lavínia e do Louis, mas você sabe que isso não vai dar certo, ela não vai sobreviver nem uma semana. — Disse exasperado sumindo dali.

Não fazia a mínima ideia do porque dele me tratar daquela forma, não fazia nem uma hora que nós conhecemos. Anthony apareceu no hall e sua expressão irritada, mudou-se para um sorriso gentil assim que me viu.

— Rosa querida! Seja bem-vinda. — Disse ele de forma acolhedora. Devia ter colocado a máscara de bom samaritano antes, porque eu ouvi tudo velhote! — Deixe-me apresentar, meu filho, este é Eric Holden! — O mais velho colocou a mão no ombro do rapaz parado a minha frente.

Tal ato fez a expressão do garoto se fechar por segundos, mas logo um sorriso gentil surgiu e ele falou:

— Seja bem-vinda, Rosa. É um prazer te conhecer.

— O prazer é todo meu, Eric. — Digo em tom baixo, pela vergonha.

— Peço perdão pelos modos do Taylor, ele não costuma ser muito amigável com pessoas novas. — Voltei minha atenção para Anthony. Então o garoto de cabelos loiros realmente se chamava Taylor. — Louis, um dos gêmeos saiu com o meu filho mais velho, eles vão demorar um pouco para chegar então você ficará responsável pela Lavínia. Eric, você pode acompanhar Rosa até o quarto da sua irmã?

— Claro... Pai. — O rapaz deu um sorriso forçado.

Mais forçado que isso, era apenas aquela relação de pai e filho, mas me mantive de boca fechada. Anthony saiu do hall e ouvi Eric me chamar.

— Me desculpe, podemos ir. — Peço e ele sorriu novamente.

Subimos as escadas e viramos para a esquerda onde demos de cara com um corredor extenso e com várias portas. Paramos em frente a uma com algumas flores vermelhas e vejo Eric bater e logo ouço uma voz doce dando permissão.

— Ficamos por aqui, agora é minha vez. — Digo sorrindo e ele fez o mesmo.

— Boa sorte. — Desejou ele.

Eric saiu de perto de mim entrando em uma porta no fim do corredor.

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Comments

Katia Mendes

Katia Mendes

FAMÍLIA MISTERIOSA 👀😁

2024-02-20

1

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