|09| Conflitos Entre os Vivos e os Mortos

...Pov's Rosa Maria...

A hora do almoço havia chegado eu e Ada conversamos sobre várias coisas e não passou despercebido para minha melhor amiga o meu primeiro dia de trabalho, o qual ela me obrigou a contar tudo.

— Beleza, cuidar de crianças, pá, mas tem algum gostoso lá? — Engasguei com a comida quando o cowboy chegou com sua namorada e sentaram ao lado de Ada, ficando de frente para mim. — Tipo sei lá, o pai dos gêmeos.

— Porra João Pedro, se o homem tem filhos ele deve ser casado. — Maria, uma loira linda com bochechas cheinhas e rosadas repreendeu seu namorado.

Ela era do 1° Colegial, enquanto eu e os meus amigos éramos do terceirão.

— Na verdade, o Anthony Holden tem cinco filhos. Os gêmeos de oito anos e três mais velho, de dezenove a vinte e um por aí. — Comentei e apontei com o garfo para João — E o Sr. Holden é divorciado.

— Hmm. — Meu amigo sorriu de maneira sugestiva mexendo as sobrancelhas e gargalhou logo em seguida.

— E como são os filhos mais velhos, bonitos? — Maria perguntou.

Me perdi nos momentos curtos com cada um dos Holden's. Fiz careta ao lembrar da atitude arrogante de Taylor, sorri ao lembrar do gentil e compreensível Eric. E algo dentro de mim gritou e acelerou quando pensei no Joseph, foi instantâneo o meu sorriso.

Obviamente não passou despercebido pelos amigos tanto os vivos, quanto os mortos.

— São uns gostosos. — Maxwell comentou ironicamente ao meu lado esquerdo.

— Lindos de morrer. — Kayron completou ao meu lado direito.

Obviamente eles era apenas eu que os via e ouvia, mas não me contive a revirar os olhos.

"Cuidem da vida de vocês rapazes"

— Que vida? — Ambos perguntaram e gargalharam logo em seguida.

— Terra chamando Rosa! Uuuhuu! — Maria estalou os dedos na frente de meu rosto.

Neguei com a cabeça e encarei o trio a minha frente, dei de ombros tentando procurar palavras para definir os três irmãos mais velhos:

— São lindos. Os três. Mas Taylor é um babaca, Eric é muito gentil e Joseph... É um cavaleiro.

— E o mais bonito deles é? — João me olhou. — Aquele que você facilmente treparia por uma noite.

— JOÃO PEDRO! — Dessa vez eu e as duas garotas gritamos, elas deram um tapa na nuca do rapaz que riu alto e eu quase ataquei meu prato na cara do moreno.

Maria respirou fundo e fez gestos com a mão perguntando:

— Mudando e deixando de uma maneira mais adequada, com qual deles você acha que viveria um romance?

Joseph Holden.

Nem por uma fração de segundo eu pensei, minha mente voltou diretamente para o rapaz, bonito, elegante, sedutor e cavaleiro. Maxwell gemeu ao meu lado e eu o olhei de canto, ele parecia irritado, Kayron respirou fundo e negou com a cabeça.

— Joseph. — É a única coisa que respondo. — Ele é bonito, gentil, cavaleiro.

As meninas bateram palmas entusiasmada e João apenas me olhou murmurando: "use apenas pra trepar" e recebeu socos e tapas de nós três.

Meus fantasmas ficaram em silêncio o resto do almoço. Eu fui a última a terminar, o trio estava no barzinho da escola comprando doce.

"O que há?"

— Se eu lhe desse o conselho de não se envolver com ninguém daquela família, você me ouviria? — Maxwell perguntou rouco.

"Eu lhe perguntaria o porquê. Você me responderia?"

Um silêncio, Kayron suspirou e disse:

— Aquela família não é boa influência, Rosa. Eu sei o quanto quer esse emprego, mas você é uma garota inteligente e sei que conseguirá outras oportunidades.

Me levantei do banco não dando ouvidos para Kayron, ele se calou no minuto seguinte. Deixei o prato na mesa da cozinha e comecei a caminhar para o pátio de baixo.

"Sem explicações claras eu não irei ouvir nenhum. Não é boa influência? O que isso significa? Vocês não são os primeiros a me falar isso e eu já estou de saco cheio e pelo simples fato que meus amigos estão falando isso para mim, ah, isso está me deixando muito irritada!"

No meio do caminho parei. Uma risada cruel tomou conta de meus ouvidos, me virei para o lado, ao lado da cerca estava aquela aura negra me encarando. O espírito sombrio do meu pesadelo, era real... Estava próximo a Bianca que conversava com suas amigas.

A garota ao me ver deu um sorriso e acenou, eu fiz o mesmo e a sombra se dissipou no minuto seguinte. Continuei meu trajeto normalmente, tentando parecer normal.

Kayron estava encostado no pilar no pátio de baixo, senti a presença de Maxwell ao meu lado.

— Max, o que é essa coisa? — Perguntei em um tom baixo.

— Eu não sei, mas não se preocupe, ele não vai te fazer mal. — Garantiu meu amigo — E há outra coisa... Ele está preso aqui, não consegue sair além dos muros dessa escola.

Meus amigos fantasmas sumiram e me juntei a Ada tomando um juju, ficamos conversando sobre qualquer coisa, até dar a hora de voltarmos para a classe.

Finalmente o sinal bateu, havíamos sido liberados dez minutos antes como sempre e estávamos esperando os portões abrirem. Meu celular tocou e achei estranho o número desconhecido, me afastei de Ada que me olhou curiosa e atendi.

— Que coisinha lerda para atender a porcaria de um celular. — Reconheci a voz que reclamará e não escondi minha surpresa, nem minha decepção.

— Taylor, como você conseguiu meu número? — Perguntei olhando minha amiga que estava confusa.

— Isso importa? — Retrucou e eu revirei os olhos — Escute se tiver alguma roupa para o trabalho coloque-a agora porque você vai vir comigo, mas antes preciso passar no mercado.

— O que?! Nem em sonho que vou com você. — Respondi.

— Ah... Não sei se meu pai vai gostar disso, foi ele que pediu.

— Ah que obediente, você é um garotinho fofo e leal que obedece as ordens do papai e quando não ocorre, vai dedurar para ele... Que filho exemplar você é Taylor Holden. — Respondi irritada.

— Escuta aqui sua coisa malcriada, você vai comigo nem que eu te arraste, então coloque uma roupa ou vá com seu uniforme, tanto faz. Vou estar te esperando na praça ao lado de sua escola. — Ele disse grosso.

A chamada se encerrou. Comecei a subir para o pátio de cima irritada, Ada estava em meu encalço tentando entender o que tinha acontecido. Entrei no banheiro e bati com força a cabine.

— Rosa... Tá tudo bem? — Ada perguntou preocupada.

— Acho que não, talvez ela precise de ajude para tirar a roupa... — Kayron murmurou em tom de humor do lado de fora.

Bati na porta da cabine com força e não me importei em gritar:

— KAYRON, SE VOCÊ OUSAR ME ESPIAR VOU FAZER VOCÊ ARREPENDER!

Logo após obtive silêncio. Peguei um vestido verde musgo solto e não tão curto e coloquei, guardei o resto das roupas na bolsa e retirei meu tênis colocando o chinelo havaianas.

Assim que sai do banheiro não vi minha amiga e desci o pátio rapidamente vendo o portão ser aberto. Ada estava ao lado do cowboy e de Maria.

— Tudo bem? — Perguntei, ela deu um pulo e se virou em minha direção.

— Sim.

Ada saiu na frente e soltei um longo suspiro, era tudo o que eu mais precisava no momento... Minha melhor amiga achando que eu era uma louca, eu não a julgava, se eu fosse ela acharia a mesma coisa.

Meu ônibus não havia chegado, mas vi Gabriel, um menino baixinho que ia com o mesmo transporte, me aproximei e pedi:

— Hey Gabriel, pode avisar a Jéssica que eu não irei voltar com o busão?

— Claro! Tenha uma boa tarde Rosa!

Sorri e desejei o mesmo, atravessei a praça segurando firmemente a alça da mochila. O desgraçado do Holden não havia dado sinal de vida, caminhei até a fonte dando um giro, mas nada.

O ônibus chegou e eu fiquei tentada a tacar o foda-se e ir.

— Eu não gosto disso. — Maxwell disse atrás de mim.

Me virei para meu amigo e perguntei em tom baixo:

— Max, cadê esse desgraçado?

O olhar do mesmo voltou-se para algo atrás de mim, antes de sumir completamente.

— Desgraçado?! Que boca suja! E quem é Max? — Dei um salto me virando no mesmo instante e ali estava o loiro babaca.

— Aí está você. — Murmurei — Vamos logo.

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