Comecei a caminhar em sua frente, mas ele segurou a alça de minha bolsa e me puxou para o outro lado. Nem tive tempo de protestar antes de chegarmos ao lado de um carro esportivo. Taylor me girou e arrancou a mochila de minhas costas jogando-a no banco de trás.
— Agora sim, vamos! E não caminhe na minha frente, não sabe aonde vamos. — Murmurou ele irritado.
— Não sou um cachorrinho na coleira que espera suas ordens. — Resmungo irritada vendo-o dobrar um papel, parecia uma lista. — E só há um mercado aqui perto, caso contrário creio eu que você não deseja andar dois quilômetros até o Adélio Supermercados. — Era um outro mercado que ficava perto da rodoviária.
Atravessei a rua com Taylor ao meu encalço, com um sorriso de canto ele murmurou:
— De qualquer forma não há porque segurar os cachorros na coleira, eles sabem onde seus donos vão e marcham na frente.
Parei no mesmo instante e me virei para o loiro que ainda continua o olhar irônico e divertido. Que vontade de arrancar-lhe os olhos e aquele sorriso patético.
— Você não usa shorts por baixo, não é coisinha? — Ele tomba a cabeça me olhando de baixo a cima — É claro que não, quando anda eu consigo ver sua calcinha de vovó. — Arregalo os olhos e me afasto dele puxando o vestido para baixo o máximo que posso.
Sinto o mais alto enroscar seu braço no meu e me virar para ele. A expressão do loiro agora era uma careta, ele tirou a jaqueta com qual estava ficando com uma regata preta que exibia seus músculos muito bem trabalhado. E que músculos...
Nego com a cabeça quando Taylor envolve sua jaqueta em minha cintura amarrando-a a minha frente, e quando ele refez o nó, apertou me fazendo dar um passo a frente. Minhas mãos tocaram seus ombros nu e vi seu olhar mudar para algo mais intenso, aquelas íris azuladas tinham um toque de maldade agora.
— Prontinho, coisinha linda. — Ele ajeitou minha tiara mais para trás.
Taylor se afastou de repente e caminhou para dentro do mercado, para não parecer mais sonsa do que estava o segui. Pegamos um carrinho e a cada prateleira que passávamos ele colocava algo a mais no carrinho.
Em menos de dez minutos ele já estava quase cheio.
— O que mais falta? — Pergunto.
— Pão, margarina, arroz, feijão, alface, tomate, carne moída, frango, café, chocolate, biscoito... — Ele lia a lista que parecia não ter fim.
— Bolacha. — Corrijo o mais velho e ele me olha — O correto é bolacha.
— No pacote tá escrito biscoito. — Ele pega um de forma aleatória e a ponta. — Tá vendo?
— Foda-se. É bolacha. — Ele apenas riu e jogou o pacote de bolacha de morango no carrinho. — E só pra constar, carne moída é ruim.
Ouço um clique e me viro vendo Taylor com uma caneta sabe se lá de onde tirou riscar algo na lista.
— Sem carne moída, talvez salsicha? — Ele me olhou como se pedisse minha opinião.
— Serve. — Murmuro — Taylor, quanto foi a última compra do mês na sua casa? Esse carrinho tá lotado e me parece que a lista tá longe de acabar.
— Essa comida é todinha pra você coisinha. — Paro no lugar e me viro para ele. Taylor empurrava o carrinho e me olhou de forma confusa e suspirou. — Anthony fez a lista, eu faço as compras, Eric e Joseph que se virem nós trinta para fazer algo de útil com isso aqui. Esse é o ruim da sua comida, se não o fizer estraga.
Eu definitivamente não conseguia entender o que ele queria dizer. A minha comida? Minha?! Do que ele e a família dele se alimentavam então?
— Ora essa, não me digam que por serem muito ricos vocês comem ouro? Diamante? — Questiono e ele solta uma gargalhada.
— Algo mais criativo, coisinha? — Desafiou-me.
— Bolo de diamante? Bolacha de ouro? Água de rubi? — Os olhos dele brilharam.
Abandonando nosso carrinho, o loiro se aproximou sorrateiramente de mim como um caçador atrás de sua presa. Deu um largo sorriso aproximando sua boca da minha orelha:
— O que é, o que é coisinha... É vermelho e não é água de rubi e todos possuem dentro de si, movidos por milhares de caminhos chamados de veias. — Seus olhos brilharam intensamente assim que encarou os meus.
Não, não era possível! Mexi minha cabeça em negação, tirando a ideia louca da cabeça. Aquele desgraçado devia estar tirando com a minha cara novamente. Me afastei de Taylor, mas ele segurou meu braço, minha respiração pesou.
— Vamos coisinha, se acertar, vai ganhar um beijo. Vamos, eu sei que você sabe que é. — Sugeriu o mais velho que eu dissesse a palavra.
— AGORA JÁ CHEGA! — O grito me assustou, mas eu o reconheci.
Olhei para o lado vendo Maxwell que carregava um olhar de ódio. Uma corrente de ar passou pelo corredor fazendo todos ali inclusive o loiro se entreolharem, o fantasma visto apenas por mim segurou meu braço me puxando para outro corredor.
Assim que distantes me soltei do espírito, ele estava irritado.
— Que porra foi essa, Maxwell?! — Soltei irritada. O mesmo olhou para o lado e assim eu fiz vendo dois pré-adolescentes me encarando.
Que beleza agora vou virar piada. Para disfarçar me virei para a prateleira de macarrão, fingindo escolher algo.
— Rosa. — Maxwell falou baixo.
"Não precisa se dar ao trabalho de diminuir o tom de voz, eles não vão te ouvir."
— Eu não gosto dele! Nem da família dele! Rosa por favor me escute. — Implorou.
Apertei o pacote de macarrão e era possível ouvir o barulho deles quebrando.
"ESSE É ÚNICO PROBLEMA?! COMO DIABOS VOCÊ ENCOSTOU EM MIM MAXWELL?! ACHEI QUE EU PUDESSE DECIDIR."
— Eu posso toca-la desde o momento que você me libertou, eu também posso escolher quando isso vai ou não acontecer. Não demonstrei antes porque não queria te assustar. — Explicou.
— Nisso você tinha razão, Maxwell. Eu estou assustada agora. — Falei baixinho.
— Essa família é perigosa, Rosa, por favor, saía de lá o quanto antes. Ou o próximo espírito a vagar nessa cidade será o seu. — Aquilo me arrepiou por completo, olhei para o fantasma que despareceu no ar.
— Rosa. — Me virei rapidamente vendo Taylor com o carrinho. A expressão debochada dele tinha ido embora. — O que foi isso?
— Como assim? Não está acostumado com rajadas de vento, Holden babaca? — A expressão do loiro se fechou ainda mais, deixei o pacote moído ali e peguei outro jogando no carrinho. — Vamos logo! Eu sou paga para cuidar dos gêmeos, não para fazer compras com os mais velhos.
Depois de rodarmos mais um pouco finalmente fomos pagar, ele foi pagar. A compra deu mais de R$1700,00 e eu tinha na cabeça que até o papel para limpar a bunda era cédula de dinheiro. Taylor mandou eu esperar lá fora com o carrinho enquanto ele ia buscar o carro.
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Atualizado até capítulo 26
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