Um começo diferente

Ellen parecia mais receptiva depois do leilão, comendo com ele quase diariamente, o seu sorriso deixava tudo mais iluminado. Lucy, no entanto, parecia estar ansiosa.

_ Fico muito feliz que esteja se dando melhor com a sua mãe, Marcos!_ Lucy falava entre uma garfada e outra._ Mas quando irá nos apresentar?

_ Estou estudando a possibilidade.

_ Não é legal enrolar a sua namorada, além disso, já tem semana que eu sequer fico em casa com você. O que está acontecendo?

_ Nós não temos um relacionamento sério, ou agora você está querendo algo sério?_ ele encarou-a sério.

_ Bem, disse que daria uma segunda oportunidade para nós._ ela falou sem jeito.

_ Mas nunca usei o termo namoro. Luciana, eu gosto de você, mas não dessa forma. O que temos é algo mais para amizade.

Ela o olhou chocada com as suas palavras, Marcos não era nenhum rei do romance e Lucy não era a mulher que ele queria ao seu lado, agora ele percebia isso. Se levantando da cadeira ele viu quando os seus olhos mudaram de choque para espanto antes de migrarem para raiva.

_ A quanto tempo está andando e não me disse?

_ Desde que o meu melhor amigo me alertou sobre você._ ele lembrou-se das palavras breves de Victor "Lucy ama o seu dinheiro, não você."

_ O que? E a nossa história, o nosso passado?

_ Como você mesma disse, é passado.

_ Desse jeito nunca vai ter direito a sua parte da empresa, eu posso ajudar._ ela passou as mãos pelos seus ombros, nessa hora Ellen chegou e disse boa tarde.

_ Ellen, espere!_ ele se soltou das garras de Lucy e se aproximou da jovem.

_ Vai pedir para sua irmã me expulsar?_ ela riu.

_ Irmã?_ ele olhou sem entender _ Ellen é minha esposa!

Ellen o olhou sem jeito, mas ele segurou a sua mão e caminhou devagar até a outra. Marcos não gostava de mentiras e Lucy havia sido gentil em aceitar uma oportunidade, mas não como casal e agora que a sua ficha estava caindo sua expressão sempre doce estava azeda.

_ Esposa? Você disse que nunca se casaria Marcos, você...

_ As pessoas mudam Luciana, se ainda quiser frequentar essa casa espero que entenda que tenho uma esposa._ ele segurou os ombros de Ellen junto a ele.

Se levantando da cadeira, Lucy se curvou e arrumou as suas coisas, parecia que ela pensava no que dizer enquanto tentava adiar a sua saída.

_ Sinto muito se te ofendi e Ellen... Eu não sabia que eram casados, espero que não fique com raiva de mim.

Pondo a bolsa no ombro, ela saiu da casa, Marcos a observou sumir no carro antes de soltar os ombros de Ellen e se sentar à mesa.

_ Sinto muito por isso esposa, sente-se.

Olhando-o por alguns segundos ela se sentou e pegou uma xícara de café, o silêncio ensurdecedor se instaurou nos cinco minutos seguintes sendo cortados apenas pelos sons dos talheres.

_ Vocês... eram tipo um casal?_ ela perguntou e apressou-se em corrigir _ Eu digo isso, porque ela já o beijou na minha presença, apenas por isso.

_ Já fomos há muito tempo atrás._ ele mastigou devagar a sua torrada _ Eu sinceramente só queria apoio da parte dela, acredito que dei espaço demais, mas um amigo meu deu-me alguns conselhos.

_ Que sorte a sua ter um amigo sincero!_ ela exclamou com um sorriso_ Hoje em dia é raro pessoas que não estejam cercadas de pessoas interessadas em algo.

_ De fato, Lucy deixou-me dúvidas e Victor conversou comigo._ Ele encarou-a por alguns minutos _ Julgo que preciso rever quem são as pessoas a quem deposito a minha confiança.

_ Sim, é importante.

Lucy sequer o ligou após aquele dia, mas ele sabia que ela não estava satisfeita com o ocorrido. Ellen comia com ele e apesar de não falar muito, Marcos sentia os seus olhos sobre ele quando estava olhando para outro lugar. Ela parecia estar querendo algo, mas sempre tímida, nunca o diria de fato os seus desejos.

_ Sim, estou ciente._ ele falava ao telefone com um cliente _ É claro que daremos conta, somos os melhores de todo o estado, não se preocupe, até breve.

Desligando ele respirou fundo e conversou com os acionistas, a demanda era dez vezes a quantidade de produtos que eles produziam na semana, mas com as novas contratações era certo que daria tudo no prazo combinado.

Olhando a hora, Marcos pensou em Ellen. Mesmo que não dissesse em palavras, ela sentia algo por ele e isso dava-lhe uma sensação estranhamente boa. O beijo que ele lhe dera na outra vez era só uma provocação, mas aqueles lábios doces invadiam a sua mente todas as vezes que pensava nela.

Chegando em casa ele subiu e arrumou-se, quando Ellen chegou ele a aguardava no sofá.

_ Aconteceu alguma coisa?_ ela o olhou curiosa.

_ Sim, precisamos sair.

_ Sair?_ ela arqueou as sobrancelhas.

_ Sim, nós dois juntos._ ele pigarreou e continuou_ Vou espera-la aqui embaixo.

Com um sorriso ela subiu até o seu quarto e quarenta minutos depois já desceu, com um vestido verde de alças ela parecia uma adolescente, jovem e inocente. Lhe oferecendo o braço eles saíram, Marcos reservou num restaurante badalado e quando ela entrou, os seus olhos passearam por cada parte do lugar.

_ É tão... Maravilhoso!_ os seus olhos brilhavam como de uma criança._ É a primeira vez que entro em um restaurante desses.

_ Então temos que aproveitar cada segundo.

Entre risadas e mordidas, Marcos viu um lado dela que ainda não tinha visto. Uma mulher feliz e contagiante que não tinha medo de dizer os seus pensamentos em voz alta, apesar da timidez, e também alguém que sentia prazer em acompanha-lo sem hesitar.

_ Quer ir a algum lugar?_ ele a perguntou na saída.

_ Eu posso escolher?_ ela então riu e a sua resposta o surpreendeu _ Vamos ao parque do centro.

_ Sério?_ ele coçou a cabeça sem entender a simplicidade do pedido _ Tem tantos lugares maravilhosos e você quer ir ao parque que é de graça?

_ Sim! Lá é um bom lugar para apreciar a vista.

Com isso os dois foram até lál

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