_Eu o que?
Clara riu alto deixando Ellen com uma carranca no rosto e o seu pai confuso, lágrimas saíram sem querer e a sua barriga doeu um pouco. Quando ela parou de rir, secou os seus olhos e tomou o seu sorvete.
_ E onde pensa que eu vou aceitar isso?_ ela falou.
_ Disse que me ajudaria e agora está desistindo?_ ela inclinou-se desafiadora sobre a mesa.
Ela piscou os olhos e encarou-os à sua frente, pessoas ricas sempre resolviam os seus problemas de forma suja assim? Ellen nem mesmo parecia sentir remorso em mandar outra pessoa no seu lugar, isso fez o seu sangue ferver.
_ Ao menos sabe quem é seu futuro noivo ou também é outro mistério que você não me disse?
Ellen revirou os olhos irritada, após dizer que a ajudaria, ela estava correndo das suas palavras.
_ Ele nunca se mostrou a ninguém de fora da família, aliás ele deve morrer de vergonha, principalmente por ser cadeirante.
_ Então é por isso que não quer o casamento? Por vergonha da condição dele?_ Clara agora sentia um pouco de compaixão pelo noivo misterioso, não era vergonha usar uma cadeira de rodas.
_ Se está com pena vá no meu lugar, eu prefiro morrer a aceitar isso._ ela cruzou os braços.
_ Não. Resolva você os seus problemas ou lide com as consequências._ Clara falou séria pegando a mulher de surpresa.
Ela pegou as suas coisas e saiu pisando duro, a sua expressão sempre alegre fora substituída por uma careta de raiva. Em casa ela tomou um banho demorado para tirar todo aquele estresse e logo não demorou para seu celular tocar. Antes que ela atendesse viu ser Ellen então deixou até a ligação cair e só atendeu quando a sua mãe a ligou.
_ A sua voz parece irritada, aconteceu algo a minha pequena?_ a sua mãe soou preocupada.
_ Hoje foi um pouco puxado no trabalho, o dono estava lá._ ela falou para aliviar qualquer preocupação dela.
_ Eu entendo, espero que não esteja sobrecarregada nesse trabalho e descanse bastante.
_ Vou sim mãe, assim que eu receber vou mandar uma parte para a senhora, boa noite mãe!_ e desligando ela foi para a cama.
Novamente o seu celular tocou e ela logo viu o nome se irritando, Clara sentiu-se uma idiota por dizer a uma estranha que iria ajudá-la sem saber do que se tratava e agora ela iria lhe perturbar até se cansar. A ligação parou e uma notificação chegou, pegando o aparelho ela observou a mensagem da sua outra eu.
"Ellen: Se você não atender, eu vou chamar a polícia! 22:21"
"Clara: Pode chamar, não sou eu que estou fazendo coisa errada! 22:22"
"Ellen: Você é muito abusada, estou te fazendo um favor de garantir dinheiro fácil. 22:22"
"Clara: Está tão desesperada assim? Olha, eu não vou fazer isso e ponto final. 22:23"
Os minutos se passaram e ela nem sequer recebeu uma resposta, colocando o seu celular na cômoda, ela finalmente pôde dormir. A culpa era sua de ter oferecido ajuda sem saber o real motivo do pedido, e principalmente, por vir de alguém que ela conhecia a dois dias.
Na manhã seguinte ela chegou ao trabalho dando de cara com nada mais que Ellen, batendo o pé enquanto encarava o seu chefe, a sua expressão era uma pessoa preocupada.
_ Minha irmã, está tudo bem? Você não me ligou nem mandou mensagem, deixou-me preocupada!_ Ellen fez beicinho a abraçando _ Que bom que o seu querido chefe me informou que estaria no trabalho hoje.
Ela ainda estava abraçada a ela, Clara se sentia dez passos atrás com a audácia daquela mulher em tentar se aproximar dela. Para não receber perguntas, depois ela riu sem jeito e se soltou devagar do abraço dela, ajeitando o uniforme, ela respondeu.
_ Mas você sabe que não gosto de ser chamada no trabalho...
_ Seu chefe a liberou uns minutos para a gente conversar, obrigada._ Ela falou para ele e foi para fora.
Seguindo-a, Clara fechou a cara assim que saiu da galeria, ela sabia que Ellen não estava ali atoa e tinha alguma carta na manga para convence-la de alguma forma.
_ Eu sei que não te contei tudo e também não era minha obrigação, eu sabia que se falasse tudo de cara negaria a todo custo, mas eu vou te compensar pelo tempo perdido e espero que possa realmente fazer isso por mim.
_ Eu não preciso de nada, já tenho tudo o que gostaria de ter._ ela falou baixo encostando na grade que dava vista para o andar de baixo_ É tão ruim assim para você?
_ Sim, eu não sou nenhuma pobre coitada, mas só aceitei pelo meu pai.
_ Sinto muito, mas eu não posso ser você, de verdade. Tenho a minha vida e a minha família para cuidar, se eu me meter nisso posso acabar comprometendo as pessoas que eu amo, então por esse motivo não posso ajudar-te.
Clara falou sem rodeios, ela entendia que para Ellen aquilo era importante, mas ela não poderia negligenciar o seu lado e fazer o que a outra queria. Vendo ela secar uma lágrima, Clara deu um tapinha no ombro dela e a abraçou.
_ Espero que ache outra solução Ellen.
_ Faltam três dias para o casamento, eu não sei o que poderia fazer para mudar._ ela se afastou devagar e mandou uma mensagem para seu motorista _ Desculpa tomar o seu tempo, adeus.
Indo embora as lágrimas logo voltaram a rolar por sua pele aveludada, Ellen sabia exatamente o que a esperava no final. Todos diziam que a família Soares era temida e ela já havia presenciado a distância alguns parentes do seu futuro marido agirem sobre os outros, era cruel e ela sabia que ele também seria.
Quando o carro chegou ela entrou sem pressa e se ajeitou no assento de trás fechando os olhos com força, ninguém poderia mais vê-la chorando nem mesmo o seu próprio pai. O trânsito pareceu se fechar de propósito e ela ouviu o motorista xingar baixo, enquanto tentava achar uma brecha. Assim que o trânsito abriu, ele acelerou e seguiu viagem, Ellen se encostou no banco olhando a paisagem quando um caminhão surgiu diante dos seus olhos.
_ CUIDADO!
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Rita DE Cassia Gomes
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2024-04-14
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