Clara passou o dia todo limpando, organizando e aprendendo técnicas de venda com o seu superior que se apresentou como Victor, a galeria era um local que atraia curiosos, mas também poucos compradores.
_ Porque tantas pessoas não se interessam por arte? É um mundo tão vasto, podemos viajar pelas infinitas formas criadas na pintura!_ ela rodou com a sua vassoura.
_ Acho que nem todos entendem a mensagem por trás da obra._ ele disse calmamente._ Bem, o seu horário já terminou, para um primeiro dia você foi muito bem, te vejo amanhã.
Agradecendo pelo elogio, Clara então se trocou e seguiu para casa levando o seu material de pintura, o cabelo solto com um arco no topo. Ainda lhe era estranha toda a agitação da cidade, mas para quem cresceu no campo isso era como uma festa.
Quando o sinal fechou ela ajeitou os materiais e atravessou rapidamente enquanto o seu celular começava a tocar.
_Oi!
_ Esqueci de dizer a você, hoje mais cedo uma moça veio a sua procura, pensei que fosse sua irmã._ Victor respondeu.
_ Seria coincidência demais ter alguém que se parecesse comigo por aqui, preciso desligar._ guardando o celular na bolsa ela olhou para o trânsito e como que sentindo que alguém a encarava e ela olhou para olhos afiados antes do carro sumir com os outros. O seu coração acelerou quando ela percebeu que quem a olhava era parecida com ela, quase um clone.
Seria a mesma pessoa a quem Victor lhe falara a pouco? Balançando a cabeça ela foi para casa, tomou um banho quente e preparou uma comida rápida. Pondo o seu pijama, ela olhou pela janela e só viu prédios iluminados à distância, aquela mulher poderia facilmente ser sua irmã mais velha. Recebendo uma mensagem da sua mãe, ela tranquilizou-a sobre o trabalho, contando como havia sido seu primeiro dia.
Na manhã seguinte, Clara arrumou-se e saiu mais cedo um pouco passando pelo parque por alguns minutos. Chegando na galeria, ela vestiu-se e botou a sua máscara começando o trabalho.
_ Hoje o dono virá para ver como estão as coisas, esse mês foi um pouco mais baixo as vendas.
Victor a informou e seguiu a organizar os quadros no estoque, Clara então fez a limpeza do estabelecimento e limpou as vidraças da frente da loja quando um homem a abordou.
_Bom dia, senhorita, trabalha por aqui.
_Sim senhor, bem-vindo à galeria._ Clara o cumprimentou a abrir a porta para ele passar.
O homem que deveria ter por volta de 25 anos empurrou a sua cadeira de rodas para dentro e olhou os quadros próximos à recepção, ele tinha o porte atlético apesar da condição, cabelos penteados de forma alinhada e olhos verdes que destacavam o seu rosto comprido.
_ O senhor precisa de algo? Posso mostrá-lo as peças novas que chegaram ontem a tarde.
Olhando-lhe, ele seguiu-a e observou os quadros coloridos e gritantes a sua frente, a jovem explicou sobre eles e também indicou outros mais simples com uma pegada mais reflexiva em traços finos e delicados.
_ A quanto tempo trabalha nesta loja, senhorita?
_ Hoje é meu segundo dia, senhor. Desculpe se eu lhe disser algo errado._ ela baixou os seus olhos.
_ Está fazendo um bom trabalho, vejo que gosta de arte também, penso que escolheu o emprego certo._ ele sorriu gentilmente.
Clara então sorriu contente com o comentário dele, no seu coração ela sempre soube que arte era o seu dom, o ar que ela respirava. Ajudando-o a ir até o balcão, Victor apareceu e assim que o viu a sua postura ficou rígida e ele curvou-se diante do homem na cadeia de rodas.
_ Bem-vindo senhor, é uma honra tê-lo no nosso estabelecimento.
_ Não há necessidade de formalidades meu amigo, podemos?
_ Sim, pode ir almoçar senhorita, a vejo numa hora.
Saindo para a cantina, Clara tirou a sua máscara e comprou a sua refeição, o homem que ela atendera havia sido tão educado que ela mal notou que ele era dono do lugar. Pelo menos ela mostrou ser competente, Clara sorriu ao pensar no elogio dele. Um homem educado e justo com certeza era um homem que as mulheres valorizavam de verdade, infelizmente homens assim já estavam destinados a alguém. Pensativa, ela não percebera que alguém a vigiava pelos corredores do ‘shopping’, ela retornou ao trabalho normalmente e como esperado, o seu chefe confirmou que aquele homem era dono do lugar, não só daquela galeria como de quase todas na cidade toda.
_ Ele me parece tão novo..._ ela divagou enquanto acompanhava Victor na separação de peças para entrega.
_ Marcos tem a minha idade e está para casar._ ele fez um sinal de uma aliança caindo no anelar.
_ Isso é legal, estamos convidados?_ ela perguntou curiosamente.
_ Ah não, é somente a família mesmo, uma pena de verdade._ ele deu de ombros.
Terminando de separar os quadros ele liberou-a para ir. Indo até o banheiro, ela então se trocou e guardou a máscara. Enquanto algumas meninas fofocavam indo embora, ela saiu para lavar as mãos.
_ Finalmente nos encontramos.
Clara ouviu a voz aguda de uma mulher e levantou os seus olhos para o espelho, vendo a si mesma encara-la de volta. Se virando assustada, ela paralisou ao reconhecer os mesmos olhos afiados do dia anterior.
_ Quem é você?_ ela quase gritou.
_ Eu sou você, uma versão melhor, é claro._ Ela sorriu_ Já nos conhecemos há uns dias, não se lembra?
Clara não sentiu nenhum perigo vindo dela, mas também não sentiu segurança alguma na sua postura. Ela era como um gato, silenciosa e perigosa, e para alguém que era de fora, ela não iria abusar da sorte.
_ Eu não sei quem você é, mas se tentar algo eu vou chamar a polícia!
_ Sério isso?_ ela revirou os olhos e foi se aproximando dela_ Se eu quisesse acabar com você não precisaria sujar as minhas mãos.
Ela olhou para as unhas longas enquanto olhava para a jovem mais de perto, se passaria facilmente por ela numa versão mais delicada, estendendo as mãos ela chamou-a.
_ Venha, precisamos conversar.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
lyPoppy
Hey autora, não nos deixe na curiosidade! Atualiza logo! 😩
2024-01-23
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