Durante a semana Clara não conseguia mais olhar na cara de Marcos sem se lembrar do maldito beijo, o café da manhã era uma correria. Ele sempre a observava descaradamente e isso a deixava envergonhada, tentando ser o mais rasa possível, ela só respondia às perguntas dele com sim ou não.
_ Parece de mau humor esses dias, aconteceu algo?_ Victor tentava segurar a risada.
_ Não aconteceu nada!_ bufou Clara.
_ Calma ai mocinha, eu conheço esse olhar._ ele saiu do balcão e deu-lhe uns tapinhas no ombro_ Você tá apaixonada pelo Marcos e para de ficar negando.
_ Ele é só um cara estúpido...e-ele está com a Lucy e está flertando comigo._ ela gaguejou se entregando.
_ Lucy? Ai meu Deus, ela não!_ ele coçou a cabeça _ Ela era uma paixonite da adolescência dele, mas eles namoraram uns anos atrás.
_ Sério?_ Clara ouviu atentamente._ Pensei que fosse um caso qualquer.
_ Não, mas ele não devia estar com ela. Aquela mulher é uma sanguessuga e vai fazer de tudo para conseguir o dinheiro dele.
Clara estava chocada com esse fato, ela parecia ser uma pessoa legal, mas ouvindo de outra pessoa parecia um monstro. Mas, ao mesmo tempo, Marcos estava se aproveitando da situação e estando com ela enquanto mantinha contato com Lucy.
_ Olha, eu não tenho como competir com ela. Além disso, estou mentindo desde o início e pelo menos eles se conhecem.
_ Casos de família?_ uma voz grossa soou na porta da galeria fazendo Clara congelar.
_ Meu patrão querido!_ Victor brincou despistando da conversa_ Não pensa que está sumido, meu amigo?
_ Tive os meus problemas para resolver..._ ele olhou para Clara a fazendo desviar os seus olhos e caçar o que fazer.
_ Então, quais as novidades para nós?_ ele chamou a atenção para ele o convidando até o depósito.
Respirando aliviada, ela focou em seus afazeres e só percebeu que já tinha feito tudo quando Victor a chamou.
_ Se continuar nesse ritmo, vai acabar limpando o shopping inteiro.
_ Ele saiu?_ acenando ela secou a testa e guardou os materiais de limpeza_ Desculpa, tive medo que ele ouvisse a conversa.
_ Tudo bem, mas ele estava curioso com o que disse e me perguntou._ ela o encarou_ Não se preocupa, falei que tinha um namorado que estava com outra, mas ele parecia muito interessado na conversa, então cuidado!
Saindo da galeria ela foi até o banheiro se trocar, saindo do shopping ela separava o dinheiro quando um homem puxou a sua bolsa e saiu correndo.
_ Ei!_ ela correu atrás.
O homem era rápido, mas Clara estava acostumada a correr desde criança, morar no campo te ajudava a resistir a longas distâncias a pé. Atravessando o sinal, ela foi parar no parque e arrancando os sapatos ela acelerou até alcançá-lo.
_ Devolve a minha bolsa!_ ela pulou nas costas dele o fazendo se desequilibrar e cair_ Da próxima vez vê se mexe com alguém do seu tamanho!
Algumas pessoas vaiaram o homem enquanto a polícia chegava e o levava, Clara ficou sem jeito, percebendo haver causado comoção então deu um jeito de sair logo dali. "Eu só espero que ninguém tenha visto a minha calcinha!", pensou ela ajeitando o vestido. Pegando outro ônibus, ela foi para casa, a bolsa estava suja de terra então ela sacudiu-a e verificou se estava tudo ali.
Com o joelho ralado, ela bateu o vestido antes de entrar. Ouvindo a risada de Lucy, ela passou direto tentando não ser percebida, mas Marcos a viu e logo chamou.
_ Ellen, está atrasada._ ele bateu os dedos na cadeira de rodas_ Aconteceu algo?
_ Não, só perdi o meu ônibus._ se virando ela dava o primeiro passo quando ele perguntou.
_ Como se machucou?_ saindo do lugar, ele aproximou-se dela.
_ Nada demais, vou subir._ e correndo Clara apressou-se nas escadas.
No quarto ela se despiu e entrou na banheira, o joelho ardia, mas em alguns dias não haveria mais nada ali. Fechando os olhos ela ignorou qualquer som ao seu redor e relaxou o seu corpo por inteiro. Depois de quase meia hora no banho, ela saiu para o quarto e procurou algo quentinho para vestir.
_ Poderia me explicar o que aconteceu?_ Clara ficou paralisada segurando a toalha enquanto a sua cara esquentava vendo Marcos na porta.
_ Você não sabe bater antes de entrar?_ ela segurou firme a toalha.
Olhando para trás ele se levantou da cadeira e foi até ela, Clara automaticamente foi para o banheiro, mas não antes dele puxá-la com força fazendo com que a sua toalha caísse.
_ SAI DAQUI, AGORA!_ ela chorou se enrolando na toalha.
_ Me desculpa querida, eu..._ ele tentou conforta-la, mas ela o afastou, o rosto vermelho com as lágrimas_ Sinto muito, eu vou sair.
Se levantando ele se sentou de volta na cadeira e saiu, Clara soluçava continuamente. Ele não era dono dela, muito menos tinha o direito de tocá-la sem o seu consentimento. Naquela noite ela não desceu para jantar e nem pediu para levarem algo até o quarto, se sentindo um lixo ela colocou a sua roupa mais quentinha possível e se enroscou nas cobertas adormecendo.
Acordando com algumas batidas na porta, ela avisou que podia entrar, Marcos entrou e fechou em seguida. Percebendo que ela já estava deitada ele ficou parado aguardando algum sinal da sua parte, então se sentando na cama ela o encarou.
_ Precisa de algo?
_ Preciso me desculpar com você._ ele se aproximou com cuidado_ Eu não queria deixá-la envergonhada, não foi intencional, mas eu queria que pudesse me contar quando acontecesse algo.
Olhando para as pernas dela, Marcos aguardou a sua reação, então Clara dobrou a calça até o joelho e deixou-o examinar.
_ Não é nada demais, foi só um arranhão._ ela sussurrou.
Sentindo o toque quente de sua mão, Clara observou ele segurar a sua perna cuidadosamente analisando a ferida, os seus olhos nem tremiam e isso a deixava ainda mais confusa.
_ Passou alguma pomada?_ ela negou então ele continuou_ Vou deixar uma com você, use todos os dias.
Saindo do quarto, ele retornou com o remédio e ficou observando ela passar, Clara sentia que ele estava preocupado e com o seu pedido sincero de desculpas era difícil não lhe dar oportunidade.
_ Eu não quero que haja ressentimento entre a gente, espero que você me veja mais do que só o cara com quem você se casou por contrato.
_ É um pouco difícil com ela o tempo todo aqui..._ Clara soltou.
_ Lucy é uma amiga._ Ela levantou as sobrancelhas incrédula _ Tá bem, mais que isso, mas não se preocupe.
_ Você precisa tomar cuidado, não sinto confiança vindo dela, principalmente por você ser rico as pessoas se aproximam por interesse.
_ Ela não é assim, mas vou aceitar o seu conselho._ ele riu_ Estamos bem?
Ela encarou a sua mão estendida, apertar aquela mão significava aceitar que ela estava aceitando esse fardo, mas também que ele entendia que ela era alguém que tinha direitos. Apertando a sua mão ela olhou-o com um sorriso tímido:
_ Estamos.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Rita DE Cassia Gomes
atualiza +++++±
2024-04-15
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