Fazia um mês desde que a sua família havia feito um contrato com o Sr. Arruda sem ao menos consultar a sua opinião, Marcos apesar do temperamento impulsivo não se atreveu a fazer ou dizer algo, pois sabia que a sua mãe estava a fazer isso por causa da sua condição. Desde o acidente de carro ele vinha lutando para voltar a andar e depois de três anos tentando ele finalmente conseguia ficar em pé e já estava evoluindo muito, mas essa parte ele omitiu da família quando perguntaram do seu progresso. Tirando o dia para resolver pendências da empresa, ele avisou que passaria na galeria para ver como estavam as vendas, vendo uma moça limpando ele dirigiu a sua cadeira até ela.
_ Bom dia senhorita, trabalha por aqui?
Ela respondeu-o educadamente deixando Marcos curioso com a sua reação, entrando na galeria a moça se mostrou muito prestativa e em momento nenhum fez careta ou qualquer menção a sua condição, fazendo Marcos ficar intrigado. Quando Victor apareceu e fez uma reverência, ele ri, o seu amigo era o mesmo desde a infância.
_ Não há necessidade de formalidades, podemos?
Liberando a moça, eles entraram e Victor passou-lhe toda a situação do último mês sem nenhuma melhora.
_ Acredito que sua mãe não é muito a favor dos seus negócios "extras".
Ele fez aspas com os dedos fechando o caderno onde manualmente ele anotava tudo que entrava e saía do estabelecimento.
_ Ela sabe que sou dono de todas as galerias dessa região, não me admira querer atrapalhar os meus negócios.
_ Marcos, gosta de provocar ela? A sua mãe sente isso, ela faz questão de demonstrar em todas as vezes que vem com alguma amiga dela o nojo que sente deste lugar.
Rindo ele pegou um quadro pequeno de um garoto voando com uma pipa por um mar de lava.
_ O que eu gosto é de dar oportunidade para aqueles que precisam, jovens pintores não se tornam grandes sem oportunidades._ pondo de volta no lugar ele empurrou a sua cadeira de rodas até a saída _ Bem, preciso ir agora, vou fazer os últimos retoques do smoking para o casamento e a propósito, boa escolha de funcionária.
_Obrigado! Clara é uma jovem pintora, sabia?
Acenando ele saiu sem responder, então o nome dela era Clara. Entrando no carro ele saiu da cadeira devagar e se sentou no banco esticando as pernas aos poucos. Mesmo estando andando, era impossível fazer isso o dia todo como antes, a cadeira ainda era seu apoio. Chegando ao lugar, sua mãe o esperava já batendo o pé ligeiramente, irritada.
_ Não tenho o dia todo o meu filho, meus compromissos têm hora marcada.
_ O chá com as suas amigas velhas, sessões de massagem, ioga e deixe-me ver... A fofoca diária, realmente os seus compromissos são formidáveis.
Vendo que o seu comentário fez efeito, o seu motorista o ajudou a entrar na loja e a experimentar as peças rapidamente, em meia hora ele já havia decidido a sua vestimenta.
_ Está tudo combinado conforme a senhora queria?_ ele perguntou-a.
_ É claro que sim, vejo você domingo meu filho.
Acelerando o carro, o motorista arrancou para longe deixando os vidros abertos para seu chefe. Marcos o viu sorrindo e entendeu o motivo, a sua mãe sempre conseguia o que queria, mas ele sabia que o casamento era só uma desculpa para prende-lo ainda mais a ela, já que ele o dono de toda a empresa de seu falecido pai nada a impedia de usar o problema do filho para estar a frente.
_ Ela já descobriu senhor?
_ Vou contar em breve, quero saber até onde ela vai continuar com isso. Além disso, preciso estar andando sozinho 100% sem depender mais dessa cadeira.
_ O senhor consegue, já está na fisioterapia a um bom tempo._ Roger, o seu motorista falou confiante.
Em sua mansão, Marcos fez a sua refeição para a noite e então subiu para seu quarto, cada passo era mais doloroso que o outro, mas ele forçou-se a continuar para enfim poder andar sozinho. No quarto ele se sentou e respirou pesado por um tempo, levantou de novo e foi para o banho. Sob a água morna os seus músculos queimavam de dor, desde o acidente de carro que quase o tirara a vida tudo mudou, a sua família se intrometeu em seus negócios e os seus sócios se afastaram. Quando ele voltou para a empresa, novos funcionários estavam lá e novos sócios, foi preciso mais de um ano para trazer os antigos de volta sem a sua mãe atrapalhar. Recebendo uma mensagem de Victor, ele então saiu e se secou, estaria na sua galeria cedo para cobrir o seu amigo e também para observar um pouco mais a nova funcionária.
Bem cedo, Marcos foi levado até o lugar pelo motorista e logo chegou vendo a jovem sentada perto da entrada distraída com um caderno. Aproximando silenciosamente, ele viu ela desenhando e não conseguindo esconder sua satisfação elogiou -a.
_ É um belo desenho, você tem o dom para isso!
_O-obrigada!_ ela falou fechando o caderno rapidamente e se levantou.
_ Victor precisou ir ao médico, então vim no lugar dele._ ele ajeitou o cabelo_ Não precisa ter vergonha em perguntar nada se precisar.
Ela acenou e entrou assim que ele abriu, mesmo com a máscara ele viu nas suas rubor em suas bochechas semiescondidas, rindo foi para o balcão e analisou os pedidos já feitos e o que faltava. Clara limpava o lugar como se não houvesse amanhã sobre o olhar dele e em todas as vezes que ele percebia ela olhando-o, a jovem logo sumia em meio aos produtos.
_ Interessante!_ ele coçou o queixo sorrindo para a jovem perdida de vergonha.
Quando o expediente terminou, ele a liberou e foi embora, uma garota jovem como ela daria uma ótima esposa, mas seria antiético para os negócios. Se não fosse por sua mãe, ele não se casaria tão cedo, muito menos com alguém que ele nem conhecia. O dia do casamento já estava perto e era só aguentar um ano ou fazer com que ela desistisse no meio do caminho.
Marcos sabia que teria que seguir adiante com o seu plano, então tentaria um método diferente para tirar a sua mãe do caminho. O domingo chegou e logo cedo, ele se preparou calmamente e quando deu o horário foi para a cerimônia o seu motorista o levou até a área.
_ Está lindo o meu filho, vamos!_ a sua mãe beijou-lhe a testa e delicadamente foi empurrando a sua cadeira até o altar.
Apenas alguns parentes próximos estavam lá, era simples porém muito bem ornamentado o lugar que sua mãe escolhera. Sorrindo forçado, ele aguardou o momento em que a música começou a tocar e a noiva começou a entrar. Suspiros foram ouvidos, então Marcos levantou a cabeça para olhar e sentiu seu peito subir e descer rapidamente com sua respiração. O ser que vinha em sua direção, apesar de pequeno, era como um ponto brilhante no universo, um pequeno anjo caminhando em sua direção.
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Atualizado até capítulo 75
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