Meu chefe é meu marido

A música começou a tocar e então Clara deu o primeiro passo, os saltos não eram tão altos, mas eram apertados demais. Com passos lentos, ela segurou-se no senhor Arruda com força e seguiu o seu caminho até o altar. Levantando a cabeça para que todos a vissem, ela viu então o seu futuro marido e também o seu chefe, Marcos. Ela travou por um segundo sentindo o braço do senhor a puxando discretamente para ninguém perceber a sua reação, os seus pés iam ao automático, mas na sua cabeça um alerta em vermelho piscava vivamente.

"Estou enrascada, e agora?", ela mal conhecia a cidade e estava se envolvendo com uma família difícil apenas para substituir a sua outra eu, era demais para uma menina do campo. Ela percebeu que ele a olhava descaradamente com um sorriso aberto, as mãos pousadas sobre as pernas vestindo um smoking cinza com gravata borboleta.

_ Aqui está a minha filha, cuide bem dela por mim senhor Soares!_ ele fez uma reverência com os olhos cheios de água e foi para o seu lugar no altar.

Com um sorriso caloroso, ele segurou a sua mão e então se viraram para o cerimonialista que iniciou a cerimônia, Clara suava como um porco de tão nervosa. Ela olhava para Marcos tentando se acalmar e recebia um olhar curioso da parte dele fazendo os seus dedos tamborilarem na barra do vestido, tão logo começou e os votos já estavam a ser feitos. Cada um repetiu o que foi falado e com um sorriso enorme, o cerimonialista terminou com a frase que ela mais temia ouvir naquele momento.

_ Agora são marido e mulher, podem se beijar!

_O que?_ ela falou tremendo.

_ É só se abaixar e dar-me um beijo, querida._ Marcos falou calmamente.

Ela sentiu a sua cabeça doer e tremendo ela se abaixou devagar até que o seu rosto parasse frente ao dele, antes que ela se aproximasse mais ele lhe deu um beijo suave e todos bateram palmas.

Saindo para o salão de festas, os convidados os parabenizaram e então os fotógrafos tiraram fotos e mais fotos. Quase uma hora depois, eles conseguiram se sentar na mesa, tudo era muito chique e Clara respirou fundo olhando pelo canto do olho as pessoas que estavam ali vendo aquela farsa.

_Tudo bem?_ ela sentiu uma mão sobre a dela vendo Marcos encarar.

_ Sim, está sim!_ ela respondeu tentando parecer casual enquanto começava a comer.

Após a refeição eles foram levados a frente do bolo e tiraram mais fotos cortando antes dos garçons distribuírem aos convidados, Clara estava cansada de tanta coisa e só queria sair logo dali. Quando todos se despediram, a mãe dele se aproximou com um sorriso forçado e a abraçou ternamente sussurrando em seu ouvido.

_ Agora que está na família farei questão de te humilhar até o fim.

Perplexa com as palavras dela, Clara sequer conseguiu dizer algo a não ser encara-la com a cara fechada. Acenando para todos, ela seguiu o seu marido até um luxuoso carro e aguardou ele entrar e acenar para ela entrar também. O motorista lhe deu boa tarde e então seguiu caminho, em um puro e total silêncio.

_ Precisa buscar algo em sua casa?_ Marcos cortou o silêncio.

_ Está tudo na mala, tudo o que tenho._ ela o olhou por alguns segundos.

_ Tudo?_ ele arqueou as sobrancelhas.

_ Tudo._ ela estendeu o seu olhar enquanto ele também a encarava.

Olhando pela janela, a vista lhe era reconfortante e segura, a casa era fora do centro em um condomínio calmo. Clara manteve a expressão tranquila enquanto seguia os dois até a entrada da casa, os seus olhos passearam pelo chafariz em cascata na entrada e se arregalaram quando voltaram os pés dentro da mansão. Tudo era perfeitamente alinhado em tons de branco e terra, os móveis seguiam uma linha artística em padrões retos e em tom branco, um quadro de um anjo tentando alcançar o céu estava no centro da escada que se erguia em duas direções.

_ Onde é o nosso quarto?_ ela perguntou corando.

_ O seu quarto é em frente ao meu, é uma suíte então poderá ficar à vontade.

_ Achei que pessoas casadas dormissem no mesmo quarto...

_ Somos apenas para a família, mas podemos nos dar bem enquanto o contrato se desenrola.

_ Entendi, vou buscar a minha mala senh..._ ela virou-se falando.

_ Já está em seu quarto, governanta Gina, leve-a até o seu quarto por gentileza.

Seguindo a senhora, Clara subiu as escadas com cautela pensando sobre o que ele havia dito de ser um casal para a família, claro. Era um contrato sem sentimento algum, então naturalmente eles não precisariam ter contato íntimo enquanto estivessem em suas bolhas. Aliviada com isso, ela entrou em seu quarto e sentiu o seu coração quentinho com o que viu à sua frente. Uma cama enorme preenchia o quarto que era do tamanho da sua kitnet inteira, uma mesa enorme com um espelho estava a frente repleto de maquiagens. Ela se aproximou e olhou curiosa, tudo ali era tão caro que ela sequer compraria. Abrindo a porta ao lado, ela viu o banheiro todo em mármore com uma banheira branca ao canto, tirando a sua roupa, ela entrou na água e fechou os olhos sentindo o seu corpo relaxar. Era tudo tão aconchegante e agradável que por um instante ela esqueceu a sua função ali, Ellen com toda a certeza teria amado tudo e já teria mexido para usar.

Saindo do banho, ela guardou cuidadosamente o vestido de noiva e todos os itens que a acompanhavam, deixando separados no quarto descendo para o primeiro andar, eram cinco e meia e Marcos estava tomando uma xícara de café enquanto lia o jornal levantando os seus olhos para ela assim que se sentou.

_ Boa tarde senhor._ ela cumprimentou-o sem jeito.

_ Boa tarde Ellen, pode servir à vontade.

_ Ok._ ela pegou uma torrada e pôs um pequeno pedaço de queijo antes de comer.

Ela sentiu os seus olhos virarem com cada coisa que comia, era tudo tão gostoso que ela queria poder dar a sua família, mas antes de tudo ninguém sabia o que ela estava fazendo e deveria ser segredo absoluto até que o contrato terminasse.

_ Está gostoso?_ ele olhou sobre a xícara.

_ Sim, muito gostoso!_ ela falou sorrindo.

_Hum._ ele sorriu e colocou o seu café na mesa_ A propósito leu todas as regras do contrato?

_ Sim._ ela pegou um guardanapo.

_ Bom, agora quero que saiba as minhas regras._ dito isso ele se levantou da cadeira de rodas.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***