Clara se sentia aliviada por ter se passado um mês, ela conseguiu esconder a sua identidade e ainda fazer as suas coisas normalmente. Marcos a surpreendeu não proibindo de trabalhar e nem lhe perguntando coisas particulares, mas todos os dias ele fazia perguntas aleatórias, era como se estivesse a entrevistando para um emprego.
_ Bom dia, esposa!_ ele a saldou como fazia todas as manhãs.
_ Bom dia marido!_ ela sorriu para ele.
Agora os dois tomavam café da manhã juntos todos os dias, era um pouco estranho, na verdade, ele sempre a estava observando e isso a deixava envergonhada. Clara tentava não transparecer e fingia não perceber as suas olhadas curiosas, mas ela também o olhava em momentos que ele estava distraído. Marcos era um homem muito bonito e mesmo em sua atual condição ele exalava imponência, certamente ele era a cara do pai, cabelos pretos e olhos verdes penetrantes, o rosto comprido o deixava ainda mais novo.
_ Está tudo bem?_ ela piscou rápido percebendo que ele notara.
_ Sim, estava distraída, desculpa._ ela limpou a sua boca e se levantou _ Até mais tarde marido.
Saindo de casa, ela correu até o ponto e logo que entrou no ônibus viu o segurança dele saindo de carro. Que estranho ele sair assim cedo sem Marcos, ela observou ele ultrapassar o ônibus e sumir pela estrada. Quando ela chegou em frente ao shopping, observou o carro do segurança estacionado na esquina e isso a fez ter dúvidas se de fato Marcos não a estava vigiando. Agora ela se sentia desconfortável, se ele a visse entrando na galeria antes de botar a máscara ele descobriria a sua identidade e então todo o plano de Ellen iria por água abaixo. Entrando em um outro banheiro observando se ele estava por ali, ela se trocou e então subiu de elevador para o andar de cima.
_ Bom dia chefe!_ ela cumprimentou Victor que estava com cara de quem havia acordado com o pé esquerdo.
_ Bom dia Clara, olha eu vou ser bem direto..._ ele a puxou para um canto da galeria onde tinha quadros enormes _ Quem é você, de verdade?
_ Que?_ ela ficou confusa _ Do que você tá falando? Eu sou a Clara, quer olhar a minha identidade?
_ Hoje em dia pode-se falsificar uma identidade. Você é a Clara ou a Ellen? Estou te perguntando, por que você sempre me pareceu muito sincera e eu espero de verdade que continue assim.
Então ela sentiu o seu mundo encolher para dentro de si, como ele sabia disso? Em que momento ela havia se descuidado ao ponto dele saber? Será que Marcos já sabia o tempo todo e a estava testando?
_ Eu sou a Clara..., mas estou fingindo ser a Ellen._ os seus olhos encheram-se de água.
_ Me explique tudo.
Com a deixa dele, Clara abriu a boca e ficou quase uma hora contando tudo, desde o encontro com a sua outra eu até o casamento e toda a situação no decorrer do caminho. Parecia que haviam se passado anos, mas tudo fora em questão de um mês e para ela era demais.
_ Ele sabe sobre isso?_ Victor falou calmo vendo o estado em que ela estava.
_ Não, todos os dias ele me pergunta várias coisas e eu tenho que responder como se fosse ela. Eu odeio mentir para os outros, a minha mãe me ensinou a ser uma pessoa justa e honesta, mas Ellen está morta e eu era a única pessoa capaz de ajudá-la...
Ela enxugou as lágrimas que não paravam de descer e respirou devagar tentando se acalmar, tudo o que ela mais queria era liberdade. Um lugar novo, pessoas novas, um bom trabalho e a garantia de poder correr atrás dos seus sonhos sem atrapalhar ninguém.
_ Vai contar a ele? É o certo a se fazer, afinal vocês são amigos.
_ É sim, o certo é contarmos a verdade._ ele falava mais para ele_ Mas você não escolheu estar no lugar em que está agora e ele não escolheu a esposa._ ele ajudou-a a se levantar lhe dando uns tapinhas no ombro_ Eu espero que você continue tentando esconder a sua identidade, mas em algum momento deve contar a verdade ao Marcos.
_ Então...
_ Eu não vou contar, mas saiba que ele acha que você veio a loja ver itens, então se ele perguntar sobre tenha uma boa conversa para convencê-lo.
_ Obrigada!_ ela se curvou aliviada_ Eu nunca vou esquecer a sua gentileza.
_ Não precisa disso tudo não poxa_ ele riu sem graça _, mas saiba que ele não aceita mentiras, somos amigos desde a infância e eu o conheço muito bem.
Acenando, ela então focou em seu trabalho e quando o expediente terminou ela foi a outro banheiro olhando em volta para ter certeza de que o segurança não estaria por perto. Chegando em casa Marcos não se encontrava na sala de jantar como de costume, subindo até o seu quarto ela tomou seu banho e conversou um pouco com a sua mãe sobre o dia, omitindo as partes importantes.
Quando desceu para o jantar, a mesa estava feita, mas ele também não estava lá. Comendo silenciosamente, Clara pensou sobre tudo o que acontecera até ali. Marcos não tinha culpa e se descobrisse a mentira era só mandar ela embora sem nada nas mãos direto para a cadeia.
_ Eu queria poder ser sincera ..._ ela suspirou enquanto olhava para o teto do quarto.
No dia seguinte ele já havia saído de casa quando ela se sentou para comer, curiosamente parecia que ele estava a evitando. No trabalho ela era o mais eficiente possível e Victor apenas observava e passava alguma novidade para ela. Marcos de novo não estava em casa e de alguma forma ela se sentiu estranha, ele era uma boa companhia e mesmo com as perguntas sem sentido era bom conversar.
Comendo devagar ela ouviu o carro chegar, automaticamente os seus olhos seguiram para a porta para vê-lo, mas assim que entrou ele não estava sozinho. Uma mulher com longos cabelos vermelhos estava sentada no seu colo, ela sorria enquanto passeava a mão no seu peito.
_ Sua casa parece tão aconchegante, acredito que virei mais vezes aqui!_ com uma risada aguda ela deu um beijo nele.
Clara sentiu uma leve pontada no peito, como uma dolorosa facada. A marca de um crime que ela nunca conseguiria deixar em alguém. Enquanto o casal sumia de sua vista seu rosto, sua expressão vacilou e no último instante ela viu olhos verdes brilhando para ela antes de sumirem.
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Atualizado até capítulo 75
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