Clara quase cuspiu o seu café quando viu o homem se levantar da cadeira de rodas bem na sua frente, os seus olhos se arregalaram e ela abriu a boca para gritar, mas a fechou na mesma velocidade. Os seus olhos mudaram de gentis para frios e ele foi indo devagar até ela, quando chegou em sua cadeira ele pôs as mãos em seus ombros falando:
_ As minhas regras são simples, mas quero que as siga sem reclamar, entendido?_ ela acenou paralisada _ Primeiro, só me chame pelo meu primeiro nome quando estivermos em público para mostrar afeto, segundo, deve estar presente comigo em todas as reuniões e eventos da família como a minha esposa sem exceções e terceiro, só demonstraremos afeto na presença dessas pessoas, em casa cada um segue a sua vida.
_ Sim senhor._ ela quase sussurrou nervosa.
_ Se não seguir essas regras, nos separamos e então terá que pagar a multa do contrato._ ela ouvia tremendo _ E se estiver mentindo já sabe, está nas regras como você mesma viu.
Clara sentiu ele tirar as mãos de seus ombros e o observou voltar para a cadeira de rodas, mesmo andando parecia que ele fazia um certo esforço para se manter de pé. Agora ela deveria seguir milhares de regras pelas duas partes e tentar manter a sua identidade em sigilo ao mesmo tempo, a sua cabeça girava e ela estava casada somente algumas horas.
_ Não comente a ninguém sobre eu estar andando, estou tentando surpreender a minha mãe._ ele piscou voltando com o seu olhar gentil novamente.
_ Tudo bem senhor._ ela se levantou e fez uma reverência indo para o seu quarto.
Deitada olhando para o teto, ela avaliava o quão ferrada estava com tanta informação e ação. Não existia uma saída segura e ela ainda teria 365 duas à frente para ocultar qualquer coisa da sua vida de verdade. Quando o seu telefone tocou, ela o pegou pulando na hora quando viu ser sua mãe, correndo para o banheiro ela atendeu:
_ Oi mãe, aconteceu alguma coisa?
_ Oh não meu amor, só queria saber como você está?_ ela falou rindo do outro lado da tela.
_ Ah sim, eu estou bem. Na verdade estou terminando de arrumar a casa neste exato momento...
_ Desculpa filha, mas está descansando também não é mesmo?_ ela falou preocupada.
_Sim mãe,estou descansando também._ ela trancou a porta devagar._ Na próxima semana vou receber o meu salário então vou te mandar uma parte para ajudar nas despesas da casa.
_ Sempre foi muito esforçada Clara querida, apenas se cuide. Beijos meu amor, mamãe te ama muito.
_ Eu também amo a senhora e o meu maninho, beijos mãe._ ela sussurrou e desligou.
Saindo do quarto, ela desceu para o jantar. Ambos comeram em silêncio e após terminar, Marcos saiu acompanhado de um segurança até o seu quarto deixando a moça sozinha apenas com a empregada em pé aguardando para levar os pratos para a cozinha. Antes que ela tivesse tempo de pegar os seus pratos para levar até a pia, a empregada que estava lá observando juntou tudo num carrinho rapidamente e sumiu da sua vista. Sem entender nada ela foi atrás da mulher e a viu lavando tudo silenciosamente, tudo era tão organizado e limpo que um grão de poeira seria visto facilmente se houvesse algum. Voltando para o seu quarto ela observou a porta a sua frente, ali era o quarto dele e por um instante ela ficou curiosa em saber como era lá, mas logo tirou essa ideia da cabeça e entrou. Deixando tudo preparado para o dia seguinte ela dormiu cedo, já que o trabalho agora seria um pouco mais longe do que o habitual e, finalmente deitada Clara olhou para o anel em seu anelar e se sentiu culpada por ser ela e não Ellen a estar usando-o.
Acordando assustada, ela percebeu que dormira e já eram cinco e meia da manhã, colocando uma calça preta e uma blusa de frio fina, Clara desceu as escadas silenciosamente e olhou o que tinha na geladeira. Montando um sanduíche, ela colocou em um pote e foi embora olhando o GPS descobrindo que um ônibus passava próximo ao lugar.
Confiante ela correu até o ponto e não tardou a chegar a sua condução, como ele havia dito só teria que agir como esposa na presença dos outros então ela poderia fazer o que já fazia sem precisar se justificar com ele. Chegando no trabalho, aguardou o horário para abrir e viu um Victor cansado lhe dar bom dia.
_ O que houve?_ ela perguntou a rir.
_ Noite difícil, nem queira saber._ ele coçou a cabeça e então entrou.
Para sua surpresa, o dia correu tranquilamente, as vendas estavam boas e o almoço havia sido tranquilo. Na parte da tarde, ele saiu para depositar parte da venda e pediu para que ela o ligasse caso fosse preciso. Acenando, ele saiu e deixou tudo por sua conta, separando novas peças do estoque ela as pendurou nas paredes recém vazias.
_ Está perfeito!_ Clara falou para si.
Até o último horário mais algumas vendas foram feitas e logo que deu o seu horário, Victor ficou contente ao se deparar com os resultados do dia. Clara não demorou a sair para não perder o ônibus de volta e assim que chegou em casa, Marcos estava a mesa tomando o seu café enquanto a olhava friamente.
_ Boa tarde esposa!_ ele falou mudando a expressão para gentil.
_Boa tarde marido!_ ela falou educadamente e subiu para o seu quarto.
Que homem mais confuso, ele transmitia gentileza e frieza de forma mútua, quando ela o viu na galeria parecia um homem bondoso e justo, mas agora que estava sob o mesmo teto, ela o via como um completo mandão logo lhe impondo regras e mudando o tempo inteiro a forma de tratamento.
Mesmo que isso não fosse motivo para ela se incomodar, era confuso alguém agir com dupla personalidade, mas isso também era julgar a si mesma por assumir o lugar de outra pessoa na vida de alguém sem ao menos a outra parte ter ciência disso. Quando deu a hora do jantar, ela desceu e comeu a sua refeição silenciosamente se retirando para seu quarto em seguida. De banho tomado e pronta para dormir ela deu boa noite a sua mãe e procurou pensar em coisas leves para relaxar, já que a semana só estava começando.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 75
Comments