A vista do prédio trazia para Ellen um sentimento angustiante, numa semana ela era a jovem Srta. Arruda e na próxima semana se tornaria a Sra. Soares. Enquanto ela pensava nisso, os seus passos se intensificaram e a sua dança era sedutora e melancólica. A única vista que a confortava era o parque estadual, o verde da natureza, o som dos animais, o ar puro, tudo a fazia se sentir melhor. Se não fosse pela dívida do seu pai, ela jamais aceitaria se casar com o herdeiro da família Soares, Marcos.
_ Srta. Ellen, o almoço será servido agora.
_ Obrigado, estou a descer.
O seu pai já se encontrava à mesa quando a jovem sentou-se, ele apenas a olhou sério e começou a comer.
_ Ellen, já fez a prova do vestido?_ o seu tom era casual.
_ Sim, meu pai._ ela respondeu-o.
Ele então assentiu satisfeito e assim que terminou seguiu direto para o escritório, o olhar cansado deixava claro que haviam noites sem dormir. Ellen, no entanto, ainda não queria aceitar esse fato e estava tentando montar um plano de fuga. Depois que assinassem o contrato de casamento, ela só teria a sua liberdade após um ano, esse era o acordo com a família Soares em troca de quitar as dívidas do seu pai e tirá-lo da falência.
Saindo com as suas amigas ela tentou se distrair um pouco e focar no que a fazia bem, enquanto ela tentava esquecer o assunto, a mídia fazia questão de manter todos a par.
_ Quem será a sortuda que vai casar com aquele aleijado da família Soares?_ Rebeca olhou-lhe com pena.
_ Então é mesmo verdade El?_ Amanda arregalou os olhos em surpresa._ Mas há tantos homens ricos e lindos, o que viu nele?
Ellen sabia que a sua situação financeira dependia disso, mas era a única informação que a imprensa não sabia, nem mesmo a sua identidade.
_ Ele é muito mais rico!_ ela falou a rir._ Meu pai quer me casar com ele, mas depois de um ano posso pedir divórcio. Terei direito a tudo que é dele e assim ficarei mais rica.
Ambas ficaram fascinadas com a ambição de Ellen, mas, no fundo, ela queria ter o direito de escolher, de fazer o que quer sem sacrificar a sua vida pelos outros.
Saindo com algumas compras ela avisou o seu motorista que estava a ir embora, mas assim que desligou alguém esbarrou nela.
_Ei, olha por onde anda!_ ela reclamou, mas paralisou assim que observou a garota _ Você... espera!
_ Sinto muito!_ e ela saiu a correr sumindo no meio da multidão.
Ellen não sabia o que dizer, ela era muito parecida com ela, quase idêntica. O vestido florido era meio brega, mas sua aparência era a mesma, com alguns traços diferentes, seria possível?
Chegando tarde em casa, ela deu de cara com o seu pai sentado na poltrona tomando um copo de uísque enquanto lia um jornal, os seus olhos vagavam lentamente cada linha até nota-la parada encarando-o.
_ Sabe que eu não queria que fosse dessa forma, meu bem. Infelizmente dei tudo de mim e sem dinheiro não tive outra opção, espero que me perdoe um dia.
Elias falara francamente sem rodeios, ele não era um homem de mentir e não sentia orgulho nenhum do que estava a fazer.
_ Eu sei, por isso vou te resolver do meu jeito.
Determinada a sair dessa situação, Ellen sabia exatamente o que seria perfeito, uma substituta para casar-se no seu lugar. Mas onde ela conseguiria alguém que aceitasse se passar por ela? Deitada, ela lembrou-se da garota que a esbarrou mais cedo, ela precisava encontrá-la de novo.
Na manhã seguinte, ela saiu cedo indo ao mesmo lugar do dia anterior, mas não havia sinal algum da sua cópia. Então ela foi ao setor de segurança e pediu para olhar as câmeras, inventou haver perdido algo e precisava verificar onde teria perdido. Olhando as câmaras ela vislumbrou a garota saindo da galeria de arte que abrira recentemente no local.
_Te peguei!_ ela sussurrou vitoriosa.
Agradecendo pela autorização, ela seguiu calmamente pelos corredores até o lugar, dando de cara com um rapaz trancando a porta da galeria.
_ Olá, precisa de algo?_ o rapaz olhou a cara de espanto e raiva misturadas da jovem.
_Si-sim._ ela gaguejou após ver o papel de "já volto" pendurado na porta _ Preciso saber se conhece essa pessoa aqui?
Ela mostrou o rosto que aparecia nas câmeras, ele olhou por alguns minutos e a encarou.
_ Não seria a senhorita?_ ele apontou na sua direção.
Respirando fundo ela ajeitou o cabelo e pediu que ele olhasse novamente, de cara fechada ele olhou para a imagem de novo tentando entender o que ela queria de fato.
_Se não é você, então seria sua irmã gêmea perdida. São idênticas, pelo menos para mim, mas ela é um pouco mais baixa e o estilo de roupa diferente do seu_ o seu rosto iluminou-se um pouco ao ouvi-lo falar_, Mas mesmo que eu soubesse a identidade dela, não poderia falar, pois, existe ética entre funcionário e cliente.
Suspirando alto, ela saiu e foi para o estúdio de balé, o único lugar que a relaxava. Quando estava indo para casa, ela avistou o mesmo vestido do dia anterior e então pediu ao seu motorista para segui-la. O seu rosto estava virado para o outro lado, dificultando saber se era a mesma pessoa.
Ellen estava nervosa, mas tinha esperança de descobrir se a sua sósia era mesmo essa pessoa, parando no sinal a garota finalmente virou seu rosto enquanto ajeitava um material de pintura. Olhando pasma, Ellen não tinha palavras para explicar o quão parecida elas eram. Entre tantas pessoas no mundo, ela achara alguém tão parecida com ela e mais, na mesma cidade. Um pouco mais baixa e olhos grandes, ela era como uma irmã mais nova perdida, ela juntou as mãos agradecendo a Deus por esse milagre. Atravessando a rua, ela andava apressada enquanto falava ao telefone parecendo muito feliz com algo. Ellen abriu a janela enquanto passava em frente a garota e como se ela tivesse percebido, seus olhos se cruzaram.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 75
Comments
Jucelia Oliveira
estou gostando muito só falta as fotos deles autora 🥰👏👏👏👏
2025-01-30
1
Jenni Alejandro
Eu só queria voltar no tempo para poder ler este livro pela primeira vez novamente!
2024-01-17
2