Alfa Zero

Alfa Zero

Primeiro Contato

A noite costumo me deitar nos jardins da frente da casa da vovó, para ver as estrelas. Nas noites em que a lua está cheia, perto do início da madrugada, costumo fechar os olhos e sentir a brisa da noite, isso acalma a minha mente, abaixa a temperatura do meu corpo (que se eleva constantemente) e me ajuda a esquecer um pouco a vida que eu tinha. 

Os meus pais (Cujo os nomes não importam agora) me enviaram para a cidade de Kinyph (onde mora a minha avó, minha atual casa em menos de dois meses) com a desculpa da faculdade daqui ser a melhor do país (realmente é, mas eu tinha outros planos pessoais, como estudar música ou pintura). Acabei me matriculando no curso de história local, não quero sair daqui (é estranho eu sei) porque sinto algo me chamando para está cidade desde que eu tinha 3 anos de idade e como era o que eu planejava fazer sozinha daqui a um tempo, não questionei os meus pais. Eu… era constantemente observada, tenho 26 anos e ainda havia a necessidade de dizer para onde eu estaria indo, com quem, que horas volto e nunca conseguia ficar mais de 2 horas com os amigos, que logo os meus pais já pegavam o carro e iam atrás de mim. 

Por isso não reclamei, a vovó é bem idosinha já, tem uma cuidadora com ela mas eu nunca falo muito com nenhuma das duas, mas nós vemos a novela das sete todos as noites juntas, é quando ela me pergunta das aulas e do trabalho voluntário que realizo nos fins de semana (os meus ligam toda semana para saber como estou, não falo com eles desde que vim para cá e eles confiam mais na vovó do que em mim). É sempre depois desse horário que venho observar as estrelas, a casa tem cerca branca na frente e cadeiras de Jardim com lugares para as pernas, mas eu sempre me senti melhor na grama e quase todas as noites eu adormeço no relento.

As aulas começaram tem apenas duas semanas, hoje acordei na grama outra vez com a mesma sensação de alívio e libertação (eu praticamente moro sozinha, isso é bom). Tomo café todas as manhãs na Coffee Wolf, nome legal eu acho, tudo nesta cidade tem insinuações de lobos e na internet tem lendas e tudo mais:

Garçonete:

-O mesmo? 

Interrupção momentânea, não fazia nada de diferente ou importante. Baixei o celular o apoiando num guardanapo, tela virada para baixo e concordei sem dizer nada desnecessário, apenas pedindo uma dose extra de café preto. Ela saiu, nunca perguntei o nome dela e nas últimas semanas apenas ela me atende neste horário (6h30), também não importa muito, afinal a garçonete nunca olha para mim(notei que isso é um costume por aqui, a maioria das pessoas não olham diretamente umas para as outras). Pela porta, o som do sininho me chamou a atenção. 

Deixei de observar a garçonete preparando meu café com torradas. Achei estranho a princípio, está cafeteria costuma ser vazia neste horário que tomo café, no decorrer do dia o pessoal de todos os lugares vem aqui em horários avulsos: Os figurões do comitê de política, os estudantes do colegial, os policiais rechonchudos  e um grupo peculiar de garotos (chegam em grupo, comem e vão embora sem se misturar com as pessoas). Sei disso porque sempre volto aqui depois das aulas com uma amiga que fiz quando cheguei aqui.

Ele entrou acompanhado com dois rapazes(andam ao seu lado parecendo guarda-costas) ele cheirou o ar a sua volta com os olhos fechados, parecia apreciar o cheiro de café fresco sendo coado pela única garçonete (deste horário das seis, o outros chegam mais tarde) mas eu estava enganada, ele de alguma forma estava procurando alguém. 

No instante em que ele parecia degustar o cheiro do café, ele olhou diretamente para mim (Como naqueles filmes de terror onde se vira a cabeça tão rápido, que parece que o pescoço foi quebrado) olhos verdes, alto e loiro. Parecia ter saído de um filme Teen, ele congelou assim que o nosso olhar se encontrou. Meus batimentos ficaram compensados e rápidos, tudo foi rápido e ao mesmo tempo intenso.

O ar a minha volta ficou quente (o ar condicionado estava ligado no frio) e o meu corpo começou a quase queimar de calor, meu suor facial escorreu e isso me fez romper o olhar para me refrescar com água. Me levantei com o rapaz ainda me olhando, sinto a energia desse contato dilatar minhas partes sensíveis(acho que dormir no relento não está me fazendo bem) fui ao toalete a poucos passos da minha mesa e me olhei no espelho enquanto secava o rosto com papel. Quando voltei, meu pedido já estava na mesa mais mesmo com fome congelou a poucos passos dela, o rapaz e seus amigos estavam sentados no sofazinho de frente com o meu (na mesma mesa, típico de cafeteria de cidade costeira), fui até a garçonete no balcão (o rapaz bebia algo leve sem ligar para meu incômodo, não prestei atenção ao que seria):

-Com licença, poderia me trazer o café para uma mesa longe daquela? Gosto de ficar sozinha…

E descaradamente ela apenas disse: 

Garçonete: 

-Desculpe, estamos cheios. 

Alem dos rapazes havia apenas eu, percebi que não vai adiantar discutir, então eu tentei conversar:

-Olha, só comer e ir embora. Pq não posso usar outra mesa? Eu peguei aquela e eles simplesmente -

Mas ela me interrompeu e disse, amorosamente: 

-Sinto muito Mia, não posso te ajudar dessa vez. Se sentar em outro lugar, terei que pedir que saia, afinal eu abro 1 hora mais cedo apenas para você tomar café.. vá comer, depois te levo o café extra que pediu.

Suspirei (como ela sab o meu nome?), é cedo demais para isso e não costumo sair sem comer para a aula. Mesmo obstante a isso, caminhei parecendo calma até meu lugar e comecei a tomar meu café. Silêncio, incômodo… quando o rapaz terminou sua água com gelo, pousou o seu copo na mesa calmamente e disse ainda me encarando, parecia que estava sendo despida apenas com a força do olhar dele:

-Saiam.

A garçonete trancou a porta da frente quando eles saíram, foi para os fundos sem nem olhar para mim… eu estava com medo e ao mesmo tempo querendo entender o que está acontecendo… acho que estou por mim mesma agora.

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Comments

Rosaria TagoYokota

Rosaria TagoYokota

que misterio

2024-09-12

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