Capítulo 20

Calvin concluiu sua corrida e retornou ao seu apartamento. Pediu comida e, enquanto se alimentava, recebeu uma mensagem de Frank, solicitando uma conversa após o expediente. Ele bloqueou a tela do celular, virando-a para baixo, concentrando-se em sua refeição.

A ideia de falar com Frank ainda não lhe agradava, especialmente porque sabia que Frank conhecia seu endereço. Temendo que Frank pudesse aparecer em seu apartamento, Calvin decidiu sair, optando por passar alguns dias em outro lugar.

Após o almoço, Calvin arrumou uma mochila, pegou sua moto e partiu em direção à casa de sua mãe. Depois da morte de seu pai, ela não quis mais permanecer no apartamento em que moravam, optando por retornar à cidade onde Calvin cresceu.

Calvin escolheu estudar em Chicago, seguindo os passos do pai, enquanto sua mãe insistia em permanecer na cidade natal. Apesar dessa escolha, ele estava a algumas horas de distância e planejava estar com ela para o jantar.

Por outro lado, Dereck decidiu passar o restante do dia em casa e aproveitou para conversar com seu advogado sobre a questão em que estava envolvido. O conselho do advogado apenas reforçou a decisão que Dereck já havia tomado. Ele teria que provar de alguma forma que a acusação de George era falsa, uma tarefa desafiadora, considerando que ninguém poderia confirmar que o enfermeiro foi quem deu em cima dele, e não o contrário.

Após resolver essa questão, Dereck optou por ler um livro, assistir filmes e se dedicar a atividades típicas de alguém que aprecia a solidão em seus momentos de folga. Ele decidiu não sair, principalmente após a experiência da noite anterior, que só confirmou que ele não era uma pessoa sociável.

Dereck não tinha mais ninguém, ao contrário de Calvin, que ainda contava com a presença de sua mãe. Foi a ela que Calvin recorreu naquele dia. Ele chegou algumas horas depois na casa de sua mãe, que não escondeu a surpresa e felicidade ao ver seu filho ali.

— Que surpresa é essa? Por que não avisou que estava vindo? — perguntou ela, abraçando seu filho, que precisou se abaixar um pouco.

— Se eu avisasse, não seria mais surpresa. — respondeu Calvin, apontando para o nariz de sua mãe com um sorriso.

— Foi uma surpresa maravilhosa. Já fazia algum tempo que não vinha me ver. Você chegou um pouco tarde dessa vez, vai dormir aqui, não é? Sabe que não gosto que dirija à noite.

— Vou dormir aqui. Estou de folga, por isso aproveitei para te ver e sair um pouco da movimentada Chicago — explicou Calvin, enquanto se acomodava.

— Não me lembre disso. Prefiro a tranquilidade da nossa cidade, mesmo não sendo tão pequena, ainda é melhor que aquele lugar.

Calvin não argumentou, pois entendia o motivo que levou sua mãe a desgostar de Chicago. Ela sempre dizia que, se seu pai não tivesse insistido em ir para lá, talvez ainda estivesse vivo e trabalhando no que gostava.

— Vou aproveitar que está aqui e que meu filho tem esses braços enormes para me ajudar com o mercado. Ainda não fiz compras esta semana, e as coisas que você gosta estão em falta aqui em casa.

A mãe de Calvin o levantou, pegou sua sacola de compras, e saíram de casa. Ela ainda tinha o velho carro de seu pai, que ela insistia em não trocar. Calvin dirigia pelas ruas que conhecia bem, até chegarem ao mercado. As pessoas olhavam para Calvin com certo olhar de curiosidade e admiração. Algumas que o conheciam vinham falar com ele e sua mãe, às vezes o deixando constrangido diante de tantos olhares em sua direção.

— Mãe, quem não me conhece até pode pensar que sou uma celebridade, com esse tanto de gente que chama para falar comigo.

— Que culpa eu tenho por você ser bonito e chamar a atenção? — ela deu de ombros, e ele sorriu, seguindo sua mãe novamente.

Eles terminaram as compras, e a atendente do caixa sorria com um olhar de flerte para ele, fazendo a língua de sua mãe coçar para dizer algumas coisas. Ao chegarem ao carro e enquanto ele colocava as compras no porta-malas, ele a provocou.

— Já estava vendo você dizer para ela tirar os olhos, que você já tem um genro, como sempre faz quando não vai com a cara de alguém.

— Estava mesmo. Apesar de não ser verdade, ainda gosto da expressão que elas fazem. Por falar em genro, quando terei o prazer ou desprazer de conhecer algum? — Ela perguntou, percebendo que a expressão do filho havia mudado.

— Quando eu tiver um namorado, aí vou trazer alguém para te conhecer. — Calvin respondeu, enquanto guardava o carrinho de compras.

Ela sabia que algo estava acontecendo com seu filho e optou por não tocar mais no assunto, pelo menos até chegarem em casa, pois percebia que aquele assunto deveria ser tratado com calma e em um ambiente mais tranquilo. Assim que Calvin guardou as compras, ela segurou em sua mão, o conduziu até o sofá e sentou-se de frente para ele.

— As compras já estão guardadas. Agora quero que me diga exatamente o que aconteceu. Sei que tem algo te incomodando e te deixando triste, então fale. Estou te ouvindo. Não comece com “não tem nada acontecendo”. Sou sua mãe e sei que tem algo errado.

Calvin olhou para sua mãe e deu um leve sorriso, consciente de que não seria fácil esconder as coisas dela.

— Aconteceu uma coisa no quartel, e estou preocupado e triste por pensar que talvez eu tenha que deixar aquele lugar.

A mãe de Calvin percebeu que não era algo tão simples e pediu que ele continuasse a contar. Ela queria entender o que se passava. Calvin relatou como Frank flertou com ele por algum tempo, falou de suas expectativas e de como veio a decepção, além da agressão contra Frank.

Sua mãe ouviu tudo atentamente e ficou pensando em qual conselho dar ao filho.

— Você conversou com ele? Deu a chance para que ele se explicasse? Que motivo ele deu para agir dessa forma?

— Não deixei ele falar, acho que não tem muito o que explicar.

— Deve aprender a ouvir os motivos da pessoa, mesmo que isso não vá mudar nada. Ele pode ter medo de se assumir por causa da família. — Sua mãe tentou encontrar uma explicação.

— Eu sei como é ter medo de contar e desapontar quem amamos. Foi assim que me senti antes de contar para a senhora. Por ser seu único filho, tive medo de que se sentisse decepcionada, mas isso não é motivo para ele fazer o que fez. Se ele tivesse me contado, poderíamos sair escondidos. Ninguém do quartel precisava saber, assim como eu tentei evitar que soubessem de mim, mas foi em vão. Todos já sabem.

Ela também entendia o lado do filho, sabia que ele estava magoado. Mesmo que sua aparência demonstrasse o contrário, sabia que seu filho era sensível, que tinha um bom coração e sempre esperava o melhor das pessoas. Como mãe, precisava pensar no que seria melhor para o seu filho.

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Comments

Edna Nogueira

Edna Nogueira

também tenho dois filhos homem são gay assumido e a minha Caçula que é uma menina ela já é assumida bissexual

2025-04-10

0

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

eu sou desse jeito com meus filhos...🥰🥰🥰🥰

2024-11-18

1

Expedita Oliveira

Expedita Oliveira

Simplesmente encantada com essa mãe 👏👏

2024-11-29

2

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Atualizado até capítulo 75

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