Calvin permaneceu por um tempo à porta da cabine. Em alguns momentos, ele suavemente acariciou as costas do homem que não estava se sentindo bem, aguardando pacientemente até que a indisposição passasse antes de ajudá-lo a se levantar.
— Vamos lá, lave o rosto. Talvez se sinta melhor depois. — Calvin guiou-o até a pia.
A influência da tequila deixava Calvin um pouco alterado, mas ele estava em melhor estado do que o homem diante dele, então não hesitou em prestar assistência. Estendeu uma toalha de papel para que o homem pudesse secar o rosto e a boca.
— Agora, vamos até o balcão. Você precisa tomar um pouco de água, e depois eu te ajudo a pegar um táxi — sugeriu Calvin, segurando-o mais uma vez.
Ao saírem do espaço, Dereck ainda visivelmente embriagado, virou-se, ficando de frente para o homem que o estava auxiliando, quase perdendo o equilíbrio novamente. Colocou a mão no peito de Calvin e, com alguma dificuldade, expressou-se:
— Você é muito gentil, obrigado por me ajudar — agradeceu, quase não conseguindo manter os olhos abertos.
Calvin ainda não tinha tido uma visão clara do rosto do homem à sua frente, mas no curto momento em que este ergueu a cabeça, teve a sensação de que o reconhecia.
— Será que já nos vimos antes? — Calvin perguntou, na esperança de que o homem talvez o reconhecesse.
As luzes dançantes e a escassa luminosidade não estavam facilitando a situação, mesmo assim, Dereck ergueu um pouco a cabeça, esforçando-se para focar e tentar reconhecer Calvin.
— Sou médico, talvez já tenha atendido você. — Dereck respondeu, mantendo a mão no peito de Calvin. — Caramba, bem durinho aqui — comentou, tentando apertar um pouco.
Calvin sorriu e continuou levando-o até o bar para pedir uma água. De cima, Hector avistou o amigo e, ao perceber que ele estava apoiando um homem, decidiu descer para ver o que estava acontecendo. Assim que Calvin se aproximou do balcão, solicitou uma água, que foi prontamente entregue a Dereck, que bebeu um pouco.
Hector chegou logo em seguida e, ao observar cuidadosamente o homem, o reconheceu.
— Esse é o cara com quem eu esbarrei, você o conhece? — perguntou a Calvin, visivelmente curioso.
— Não, ele estava passando mal no banheiro. Apenas ajudei e peguei uma água para ele — explicou Calvin para o amigo.
Enquanto aguardava o homem se recuperar, Calvin dirigiu o olhar para a pista de dança, mas logo se arrependeu. Aparentemente, Frank e sua noiva estavam chegando naquele exato momento, e Calvin estava começando a se sentir azarado.
— Está de brincadeira! — Calvin falou com desgosto.
Ao perceber a expressão do amigo, Hector seguiu o olhar de Calvin, compreendendo a razão de seu descontentamento.
— Ele está nos seguindo? — Hector perguntou, também demonstrando surpresa.
Calvin virou-se na direção do balcão, na tentativa de evitar que Frank o visse, e Hector percebeu.
— O que você quer fazer? Quer ficar no andar de cima? — Hector sugeriu, oferecendo uma alternativa para evitar um possível confronto com Frank. Calvin observou o homem debruçado no balcão e decidiu que era melhor não permanecer ali.
— Vou colocar esse cara no táxi e vou embora, não pretendo ficar aqui — respondeu, sem nem olhar para Hector.
— Tem certeza? Vai deixar ele estragar sua noite? — questionou Hector, preocupado.
— Hector, a intenção de vir aqui era distrair e esquecer toda essa confusão envolvendo o Frank. Não faz sentido eu ficar aqui vendo ele dançar e se divertir com a noiva — explicou Calvin, e, de certa forma, Hector sabia que ele estava certo.
Não estava claro até que ponto Calvin ainda nutria sentimentos por Frank, e testemunhar a alegria dele com a noiva só o deixaria mais desanimado.
— Então, também não faz nenhum sentido eu ficar aqui. Eu te chamei para que você se distraísse e relaxasse, mas depois de ver ele aqui, nem toda tequila do mundo te deixa animado.
Calvin pagou pela água e segurou novamente o desconhecido que estava ajudando, com a intenção de sair dali. Os dois amigos avançaram entre as pessoas na pista de dança, mas para a infelicidade de Calvin, Frank notou os dois bombeiros.
Frank, tentando evitar o contato visual, dirigiu-se na direção deles com sua noiva, até esbarrar em Dereck, que estava sendo amparado por Calvin, quase fazendo-o cair. Para evitar isso, Calvin teve que aconchegar Dereck mais perto de seu corpo.
— Vocês também não são do quartel? — A noiva de Frank perguntou, mostrando surpresa ao encontrar outros bombeiros ali.
— Somos. Que coincidência encontrar vocês aqui. — Hector respondeu, tentando manter a naturalidade.
Enquanto Hector desempenhava o papel simpático, Calvin e Frank trocavam olhares intensos. Em alguns momentos, o olhar de Frank desviava para Dereck, que estava nos braços do grandão.
— Esse aí não parece estar bem, quem é? — Frank perguntou, aparentando fazer uma pergunta inofensiva.
Hector olhou na direção do amigo e teve uma ideia que não sabia se seria arriscada, mas não queria ver Calvin sair em desvantagem.
— Esse é o futuro namorado do Calvin. Ele apenas exagerou na dose. Na verdade, já estávamos de saída. Calvin precisa levá-lo para casa, sabem como é, dar um banho para aliviar o porre, e quem sabe até ter que cuidar dele a noite toda — falou, gesticulando com a cabeça em negativa, desempenhando o papel de ator profissional.
Calvin olhou de lado para Hector, que naquele momento fingiu demência, se divertindo com a expressão que Frank fazia.
— Se me derem licença, temos que ir embora. Tenho que cuidar desse cara aqui. Divirtam-se, e mais uma vez, parabéns pelo noivado — disse Calvin, e ouviu a noiva de Frank agradecer com um sorriso, segurando o braço de seu noivo.
Frank não conseguiu disfarçar sua expressão enquanto encarava Calvin, mesmo depois que eles se afastaram.
— Não sabia que você tinha um colega gay, você nunca disse nada. Achei fofo a forma como ele segurou o outro cara. Mesmo daquele tamanho e com uma expressão que dá medo, ele parece ser carinhoso. Achei que formam um belo par.
A noiva de Frank fez o comentário, olhando na direção em que eles saíram, e ele não gostou nada de ouvir. Fez questão de mudar de assunto, dirigindo-se ao bar. Frank sabia bem que Calvin era carinhoso e se preocupava com os outros, desejando o bem-estar deles.
Muitas vezes, percebeu que as pessoas interpretavam erroneamente Calvin, julgando-o pelo rosto sério e pela aparência musculosa. Contudo, Frank, com a experiência de conviver com Calvin, sabia que por trás da expressão austera havia alguém carinhoso e de coração mole. Imaginar esse carinho direcionado ao homem que Calvin segurava com cuidado, estragou totalmente o humor de Frank.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Clesiane Paulino
vc não tem que se sentir incomodado a quem Calvin direciona seu afeto, você escolheu se enganar e enganar Calvin, agora aguenta🤬🤬🤬🤬
2024-11-18
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Clau Soares
Ata ele vai casar e ainda quem quer ficar de mal humor por que noutro está abraçando outro cara. Até parece que tem esse direto
2025-02-12
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Joselia Freitas
Que cara egoísta ele quer casar, e ter o doutor também cretino 😡
2025-02-26
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