Capítulo 2

Aquele plantão para Dereck estava sendo extremamente cansativo. Com um grave acidente ocorrido no centro da cidade, a maioria dos pacientes estavam sendo encaminhados para aquele hospital, e os médicos encontravam-se todos ocupados. Dereck, alto, de pele clara, olhos verdes e covinhas que o tornavam ainda mais encantador, era motivo de muitos suspiros pelos corredores. Alguns chegavam a afirmar que, se ele se cansasse da vida de médico, poderia facilmente se tornar um modelo.

No entanto, Dereck amava ser médico, apesar de saber que a profissão muitas vezes era desgastante e consumia grande parte do seu tempo. Ele quase não tinha tempo para si, e muito menos para se dedicar a um relacionamento. Seus envolvimentos amorosos sempre chegavam ao fim por esse motivo; a falta de tempo que ele podia dedicar a outra pessoa.

Dereck havia acabado de atender mais um ferido, quando recebeu a informação de que alguns bombeiros aguardavam atendimento devido a ferimentos em uma ocorrência. Ele se dirigiu para encontrar os bombeiros, mas teve que mudar seu trajeto.

— Doutor, tem uma criança na emergência, o estado dela é mais grave — informou uma enfermeira.

— Peça a algum interno que atenda os bombeiros, já que não parece ser grave o estado deles — solicitou, enquanto corria em direção à emergência.

A criança estava presa nas ferragens de um veículo envolvido no acidente no centro da cidade e apresentava dificuldades para respirar. Dereck iniciou os primeiros procedimentos, conseguindo melhorar sua respiração.

— Leve-a para a pediatria e faça um raio-x do tórax. Informe ao pediatra o que foi feito aqui — ordenou Dereck, sem tempo para sequer beber um pouco d'água.

 Logo ele foi informado de que um paciente com parada cardíaca estava chegando. Ele correu para a entrada, e assim que o paciente foi retirado da ambulância, Dereck subiu na maca, iniciando imediatamente a massagem cardíaca. A maca era empurrada, mas Dereck continuou seu procedimento, esforçando-se ao máximo para evitar a perda de um paciente, esgotando seus últimos recursos.

Ao entrarem em uma das salas de emergência, Dereck desceu da maca, abrindo rapidamente a camisa do homem e pegando um desfibrilador.

— Se afastem — Dereck deu a ordem e iniciou o procedimento.

Ele repetiu as manobras várias vezes, aumentou a carga do desfibrilador, mas não obteve resposta. Só parou quando um enfermeiro colocou a mão em seu braço e balançou a cabeça.

— O senhor fez tudo o que era possível, doutor — afirmou o enfermeiro.

Dereck suspirou e olhou para o relógio na parede, registrando a hora da morte do paciente. Após não conseguir salvar o homem, Dereck pediu alguns minutos e saiu da sala de emergência, dirigindo-se a uma área reservada para médicos e enfermeiros.

Sentado, ele tomava um copo d'água quando um enfermeiro entrou no ambiente. Este também se serviu de água e, aproveitando a ausência de outras pessoas, aproximou-se de Dereck.

— Está tudo bem, doutor? Você parece bem cansado.

— Esse não está sendo um plantão fácil. — Dereck respondeu de maneira simpática.

— Daqui a pouco nosso plantão termina. Poderíamos sair e tomar alguma coisa se você quiser. Acho que está precisando relaxar um pouco. Conheço um ótimo bar aqui perto.

Por um momento, Dereck ficou olhando para o enfermeiro, ponderando se deveria aceitar a proposta. Ele nunca havia falado sobre sua orientação sexual no hospital, mas sempre achou aquele enfermeiro em específico muito bonito. Contudo, não sabia se o convite era apenas uma gentileza ou se havia alguma intenção mais profunda por trás.

— Acho que não vou recusar. Faz tempo que não saio para beber, e realmente preciso relaxar um pouco.

— Ótimo! Então vou ficar te esperando.

O enfermeiro chamava-se George e exibiu um largo sorriso antes de deixar a sala. Dereck não queria criar expectativas, mas por alguns instantes pensou que, se encontrasse alguém da mesma área, talvez as coisas entre eles pudessem dar certo.

Terminando sua água, Dereck saiu da sala e voltou à sua rotina agitada daquele dia. George, ao sair da sala, procurou por um colega do hospital e compartilhou a novidade.

— Presta atenção, o Dereck aceitou sair para beber comigo. Hoje eu vou tirar a prova se ele é ou não é gay. Eu aposto que ele é, então o que acha de fazermos uma aposta e ainda conseguir uma grana? A maioria das pessoas deste hospital quer saber essa resposta.

Dereck, sem saber da conversa de George, continuou seu plantão, focando nas urgências e nos pacientes que necessitavam de cuidados.

A ideia de George era criar uma aposta com algumas pessoas do hospital, buscando não só descobrir a verdade, mas também ganhar um dinheiro extra. Ele e seu amigo começaram a espalhar a informação de forma discreta, falando apenas com as pessoas certas para evitar que a notícia chegasse aos ouvidos do médico.

Quando chegou a troca de turnos, as coisas já estavam mais calmas no hospital e Dereck conseguiu descansar um pouco. Em dias como aquele, ele se convencia de que precisava de férias urgentemente.

Conforme combinado, George aguardou Dereck no estacionamento, e decidiram que era melhor pegar um táxi, já que planejavam beber naquela noite. Dereck concordou, deixando seu carro no estacionamento do hospital. O local escolhido foi um bar próximo, frequentado por alguns internos e enfermeiros.

Sentados à mesa em um local ainda não muito cheio, eles pediram suas bebidas, e George começou a puxar assunto.

— Você não costuma se enturmar muito no hospital, mesmo sendo simpático com todos, ainda assim não é íntimo de ninguém.

— Sinto que as pessoas parecem ter medo de se aproximar de mim. Não sou uma pessoa complicada de se conviver — Dereck respondeu com um sorriso tímido.

— Você chama a atenção de muita gente no hospital. Talvez eles pensem que você tem uma namorada ciumenta ou tenham receio de se apaixonarem ainda mais por você — George começou a jogar seu charme para Dereck.

— Você está exagerando, não é para tanto. Não tenho namorada, e não acho que tenha alguém interessado em mim — Dereck respondeu um pouco sem graça.

— Não precisa ser modesto, imagino que já tenha percebido os olhares que recebe, tanto das meninas quanto dos meninos. Você é muito bonito e chama a atenção, isso é inegável.

— Também chamei sua atenção?

Dereck fez uma pergunta direta, querendo saber o que George pensava, já que este o estava elogiando demais.

— E se eu disser que sim? — respondeu George, com um ar provocativo, bebendo em seguida.

George observou o leve sorriso que Dereck esboçou, percebendo que seu plano estava indo muito bem. Ele sabia que, assim que o médico estivesse um pouco mais descontraído devido à bebida, seria mais fácil conseguir o que queria.

Mais populares

Comments

Eternal Whisper

Eternal Whisper

eu ia chorar no bar com. a consciência pesada da perda slk

2025-02-09

1

Sueli Parajara Bento

Sueli Parajara Bento

já no segundo capítulo já começa a covardia com o coitado.
como pode isso?

2025-03-18

0

Eternal Whisper

Eternal Whisper

que poc nojenta, vai trabalhar desempregado

2025-02-09

1

Ver todos
Capítulos
Capítulos

Atualizado até capítulo 75

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!