Dereck dirigiu-se ao seu plantão e atendeu alguns pacientes, notando a ausência de George. Durante uma de suas pausas, percebeu um clima estranho ao seu redor. Seus colegas pareciam olhar para ele de maneira diferente. Tentando ignorar a situação, achou que talvez estivesse pensando demais e retornou ao seu atendimento.
Quando chegou a hora do almoço, a atmosfera continuava a mesma. Pessoas cochichavam e riam quando ele passava, enquanto alguns enfermeiros o observavam com expressões desconfiadas. Diante desse cenário, Dereck não pôde deixar de desconfiar que algo estava acontecendo. No entanto, em nenhum momento passou por sua mente a possibilidade de estar relacionado ao que aconteceu entre ele e George.
Ao retornar, avistou George conversando e sorrindo com outro enfermeiro em um dos corredores. Pensou em chamá-lo para descobrir o que estava acontecendo, talvez ele tivesse ouvido algo. Embora essa ideia cruzasse sua mente, Dereck acabou não o fazendo, decidindo que abordaria a questão mais tarde.
Dereck dirigiu-se à sua sala e começou a revisar alguns prontuários e exames de pacientes internados, quando ouviu alguém bater na porta. Ao permitir a entrada, um enfermeiro entrou na sala visivelmente constrangido.
— Algum problema? — Dereck perguntou, notando a expressão desconcertada do homem.
— Desculpe vir assim, mas acho que precisa saber o que está acontecendo.
Dereck recostou-se na cadeira, preocupado com a seriedade que percebia na situação.
— O que está acontecendo? Pode falar abertamente. Percebi alguns olhares e cochichos, mas não faço ideia do que está acontecendo. É sobre isso que quer falar?
— Aqui. — O enfermeiro entregou o celular para Dereck — Acho melhor você ver por si.
Dereck pegou o celular e iniciou o vídeo, vendo sua imagem surgir na tela. O vídeo mostrava-o ajoelhado, enquanto fazia um boqüete em George, e ele ficou chocado com o que estava vendo. Enquanto assistia ao vídeo, o enfermeiro começou a explicar.
— Esse vídeo está circulando em alguns grupos aqui do hospital. Pelo que entendi, a pessoa que fez o vídeo apostou que iria provar que você era gay. Ele borrou o rosto dele no vídeo, mas algumas pessoas do hospital sabem quem é. Eu não sabia dessa aposta; se eu soubesse, teria te avisado.
O médico ficou pálido e sentiu um nó no estômago. Devolveu o celular ao homem que o havia alertado e, por alguns instantes, ficou sem saber como reagir àquela situação. Percebendo a palidez de Dereck, o homem trouxe um copo com água para ele.
Naquele momento, Dereck se sentia exposto e vulnerável. Sempre manteve sua privacidade e profissionalismo, mas agora estava enfrentando uma violação de sua intimidade de uma maneira que nunca imaginou que pudesse acontecer. Mesmo com seu mundo desmoronando ao seu redor, agradeceu ao homem que o avisou.
— Obrigado por me avisar sobre o que aconteceu. Preciso pensar em como vou agir de agora em diante.
— Sinto muito que isso tenha acontecido. Meu irmão é gay, e eu não gostaria que algo assim acontecesse com ele. Às vezes, não sei como agir com ele. Queria poder protegê-lo, porque sei que coisas assim podem machucá-lo.
— Seu irmão tem muita sorte de ter você como irmão. Você não vai poder protegê-lo de tudo, mas o que pode fazer é ficar ao lado dele. Quando ele precisar, mostre seu amor e companheirismo. Isso é o que vai ajudar nos momentos difíceis.
— Vou fazer isso. Quanto ao que aconteceu, acredito que até possa processá-lo por divulgar esse vídeo, já que imagino que a filmagem tenha sido feita sem o seu consentimento.
— Eu realmente não sabia. Mas vou procurar meu advogado e ver como posso proceder. Obrigado mais uma vez.
Dereck agradeceu, e o homem saiu do consultório. Assim que saiu, encontrou-se com alguns funcionários que o viram sair de lá e ainda teve que ouvir piadas.
— O que estava fazendo lá? Foi pedir uma chupada?
O homem fez a piada e todos sorriram, mas o homem que avisou Dereck deu um passo à frente.
— Vi vocês falando sobre ter nojo dele, mas quer saber, tenho nojo é de vocês. Espero que ele processe todos vocês. Ele sempre foi gentil e amigável com todo mundo aqui. Vocês é que deviam se envergonhar do que estão fazendo — repreendeu a todos e se afastou.
No consultório, Dereck ainda estava com aquele nó no estômago, mas também tinha um aperto na garganta e ainda não parecia acreditar no que estava acontecendo com ele.
Já no quartel, quando Calvin chegou pela manhã, estava feliz e de bom humor, mas também não imaginava que sua felicidade duraria pouco. Ele foi se trocar e, ao chegar perto de seus colegas, viu que estavam conversando animadamente, e Frank estava junto.
O olhar dos dois se cruzou, mas Calvin percebeu que algo estava errado quando Frank não conseguiu manter o contato visual. Sentindo que algo estava acontecendo, Calvin precisava descobrir o que era. No entanto, naquele momento, ele optou por cumprimentar todos.
Assim que terminou, um dos colegas falou animado:
— Frank, não vai contar a novidade para o Calvin? Tenho certeza de que ele vai ficar animado também. Só não vai na ideia dele, ou vai acabar bêbado em algum bar comemorando.
Calvin brincou chutando de leve o homem que falou, ainda sorrindo, mas notou a expressão séria de Frank.
— De que novidade estão falando? Vocês já estão me deixando curioso.
Frank olhou para Calvin, mostrando relutância em dizer o que tinha acontecido, criando um clima estranho entre eles. Até que um dos colegas, incapaz de segurar a informação, interveio.
— Nosso amigo aqui vai se casar. Ele ficou noivo ontem à noite.
O sorriso no rosto de Calvin desapareceu assim que ouviu a notícia. Ele não sabia o que pensar naquele momento. Calvin imaginava que o que tinha acontecido entre eles tinha significado algo para Frank, assim como significou para ele. No entanto, parecia que os momentos de intimidade que tiveram não passaram de uma brincadeira para seu colega.
— Meus parabéns! Na verdade, nem sabia que estava namorando. Fico feliz que tenha decidido se casar com quem você gosta.
Calvin parabenizou Frank, tentando disfarçar como realmente estava se sentindo. Ele instruiu todos a se aquecerem e saiu, dirigindo-se à sua sala. Calvin não conseguia ficar no mesmo ambiente que Frank naquele momento, temendo agir por impulso e fazer algo do qual se arrependeria mais tarde.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Tania Nunes
Eita que o Butantã deixou duas cobras fugirem, que trastes.
2025-02-15
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Yedan Sonaecon
Derick é o nome do meu gato, só que é com i kkkk
2025-02-23
0
Giovanna
obrigada meu anjo
2025-02-11
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