Os dois permaneceram por algum tempo lá em cima, trocando algumas palavras sobre a situação atual e também sobre o irmão do enfermeiro, antes que a necessidade de descer se impusesse.
— Você mencionou que amanhã é o seu dia de folga. Que tal sair um pouco hoje? Nada de ficar em casa se entregando à tristeza. Dê um passeio, relaxe um pouco.
O enfermeiro aconselhou o médico e partiu, deixando Dereck sozinho naquele lugar. Após ponderar um pouco sobre o conselho recebido, o Dr. Clark também desceu, concluindo que era melhor ir embora. Ele sabia que não conseguiria continuar no hospital.
Enquanto se encaminhava para a saída do hospital, Dereck avistou George, que imediatamente tentou disfarçar e se retirou. A situação era frustrante e constrangedora, e enquanto caminhava em direção ao seu carro, ele ponderava sobre como seria difícil ter que encontrar George diariamente, conhecendo suas ações e, pior ainda, sabendo que ele não sofreu nenhuma punição.
Considerando essa perspectiva, a ideia de mudar de hospital parecia cada vez mais atraente. Pelo menos assim, ele não teria que lidar com olhares julgadores e evitaria o desconforto de encontrar George e outros que o tratavam dessa maneira.
Ao chegar em casa, foi recebido por Teddy, que começou a miar e esfregar-se em suas pernas.
— Oi, garoto, estava com saudades também — disse, acariciando seu gato.
Ele seguiu sua rotina habitual, colocou comida para o gato, pegou uma taça de vinho e foi até a janela do seu apartamento, contemplando a cidade lá embaixo. Teddy se aproximou novamente após comer, sentou-se e o encarou atentamente.
— O que foi? Também acha esse humano aqui patético? — perguntou, olhando para o gato, que moveu a cabeça uma vez e miou novamente.
Dereck sorriu, sentou-se de costas para o vidro, chamou seu gato, acariciou-o e começou a conversar com ele.
— Então, você acha que eu deveria seguir o conselho do cara do hospital? Minha única companhia tem sido você. Será que eu deveria ser mais sociável?
Teddy se movia e miava no colo de Dereck. Após tomar mais um gole de vinho, Dereck começou a sorrir de si mesmo.
— Minha nossa! A que ponto chegamos, discutindo com o gato sobre o que fazer da vida. Será que isso é o que chamam de fundo do poço?
Teddy olhou para ele e miou mais uma vez, depois se levantou e foi na direção do quarto. Dereck amava seu gato e queria acreditar que ele estava o ajudando, então decidiu colocar em prática o conselho recebido. Em vez de ficar em casa esperando que seu gato lhe desse uma resposta, ele resolveu se arrumar e sair.
Enquanto Dereck decidia não permitir que a tristeza e a autocompaixão tomassem conta dele, no quartel, Frank e o capitão estavam tendo uma conversa séria.
— Frank, vou ser direto no que tenho para dizer e perguntar. Você já deve saber que te chamei aqui para falar sobre o incidente entre você e o Calvin. Não vou perguntar o motivo que o levou a te agredir; acredito que seja algo particular. No entanto, preciso saber se vai apresentar queixa contra ele.
O olhar de Frank foi em direção ao chão após aquela pergunta, mas em seguida ele ergueu novamente o olhar, encarando com firmeza o capitão.
— Como o senhor disse, esse assunto é algo particular. Fui eu quem deixou o Calvin irritado, e não vou ser hipócrita em dizer que não mereci. Quanto à queixa, não quero prosseguir com isso; não quero prejudicá-lo.
O capitão se sentia aliviado com aquela resposta, pois assim poderia aplicar apenas uma correção mínima para Calvin.
— Ele ainda vai receber alguma punição? — perguntou, preocupado que aquilo pudesse causar algum transtorno.
— Sim, ele será suspenso por três dias. Quanto ao assunto que levou a tudo isso, sugiro que resolvam o mais rápido possível, para evitar que isso prejudique vocês dois.
Frank agradeceu e saiu da sala do capitão. Ele sabia que seu superior estava certo e, assim como Hector havia sugerido, era melhor que resolvessem a questão fora do quartel. Dessa forma, se Calvin não se controlasse e o confrontasse novamente, pelo menos não estariam no ambiente de trabalho.
Frank percebeu que havia esquecido algo em seu armário e voltou para pegar. Calvin viu quando ele saiu da sala do capitão e o seguiu imediatamente, ansioso para saber qual seria sua punição. Ao ouvir o que seu chefe havia decidido, Calvin ficou surpreso por saber que Frank não prestou queixa contra sua agressão.
Calvin assinou sua suspensão e saiu da sala, dirigindo-se à saída do quartel, evitando prestar atenção nos homens que sorriam e conversavam enquanto o observavam. Antes de chegar à sua moto, uma mulher apareceu no pátio e falou com ele.
— Me desculpe! Poderia me dizer se o bombeiro Frank ainda está aqui?
Ao ouvir essa pergunta, o semblante de Calvin mudou. Ele olhou para a mão dela, notando a aliança, e deduziu que era a noiva de Frank.
— Sim, ele ainda está aqui. Você é a noiva dele? — perguntou, querendo confirmar, mesmo que a resposta o irritasse ainda mais.
— Sou eu mesma. Eu estava por perto e decidi passar aqui para fazer uma surpresa.
— Acredito que vai conseguir deixá-lo surpreso. Ele já deve estar vindo. — Calvin respondeu e olhou em direção aos caminhões, vendo que Frank se aproximava deles. — Lá está ele, como eu disse.
Frank estava com o coração acelerado, não pela surpresa, mas ao perceber que Calvin falava com sua noiva e ambos ainda o observavam. Ele não havia explicado a situação para seu colega, e temia que Calvin acabasse falando demais.
Frank notou que Calvin parecia se despedir de sua noiva, que sorriu para ele antes que ele se dirigisse à sua moto. Assim que subiu, foi parado mais uma vez, mas desta vez por Hector, que chegou correndo.
— Para onde você está indo? — perguntou com um pouco de euforia.
— Vou para casa, esse dia já foi o suficiente — respondeu, olhando na direção de Frank.
A cena que Calvin presenciou foi Frank se aproximando de sua noiva, que o beijou carinhosamente, fazendo Calvin travar o maxilar. Antes de deixar o pátio, Frank também olhou para Calvin com uma expressão indecifrável. Hector, ao lado dele, testemunhou tudo e falou sem hesitar.
— Não vai não. Quer saber, vamos sair esta noite. Amanhã vou entrar mais tarde, e imagino que você tenha tomado alguma suspensão. Então, vamos esquecer toda essa merda: que você pisou na bola em não me contar, que foi suspenso e que pegou o cara errado. Calvin, algumas tequilas podem resolver, pelo menos por esta noite, o problema.
Calvin pensou um pouco e, no final, concordou. Ele não ia deixar de se divertir e viver por causa de Frank. Mesmo que ainda estivesse chateado, teria que seguir em frente, e como Hector disse, a tequila ajudaria.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Josanice Vanderlei
Ja pensou se Dereck e o Calvin se encontrarem 😊😊😊😊😊😊
2024-12-02
0
Clesiane Paulino
tantas pessoas deixam de ser felizes por medo da opinião alheia😮💨😮💨😮💨😮💨
2024-11-18
0
Expedita Oliveira
Esse Frank é um babaca
2024-11-29
0