Capítulo 10

O capitão ainda ficou alguns minutos na sua sala, pensando em como iria proceder naquela situação. Mesmo que soubesse que Calvin era um excelente bombeiro, responsável e um modelo para o quartel, ele ainda havia infringido uma regra, agrediu um companheiro e ele precisava agir de uma maneira imparcial.

Como precisava resolver aquela situação, ele foi atrás de Calvin, porém, o alarme tocou e os bombeiros começaram a se agitarem. Quando o capitão viu que Calvin se aproximava, o impediu de continuar.

— Calvin, preciso que fique, tenho que falar com você.

— Capitão, temos uma emergência agora. Calvin tentou argumentar.

— Eles conseguem lidar com isso sem você — afirmou, lançando um olhar na direção de Eddie. — Você está encarregado desta operação; o Calvin, não participará dessa ocorrência. Delegue as funções conforme treinamos antes — avisou para Eddie.

Calvin não tinha margem para contestar as ordens do capitão e apenas restava obedecer ao que foi determinado.

— Acompanhe-me até minha sala — solicitou o capitão, virando-se e começando a andar.

O olhar de Calvin ainda se dirigiu à sua equipe, observando Frank olhando na sua direção. De alguma forma, ele percebeu que a conversa provavelmente seria sobre a agressão ocorrida mais cedo, o que o deixou ainda mais abatido. Virou-se e dirigiu-se para a sala, enquanto Frank suspirava antes de ajustar seu capacete.

— Não se preocupe, o capitão vai lidar com a situação da agressão do Calvin contra você — assegurou Eddie ao subir no caminhão.

Frank não queria complicar as coisas nem prejudicar Calvin.

— Você informou o capitão sobre o que aconteceu? — perguntou Frank, visivelmente incomodado.

— Sim, informei. Afinal, se nenhuma providência for tomada, isso dará liberdade para que outros façam a mesma coisa.

— Não era necessário; vou resolver com o Calvin pessoalmente. Isso é um assunto particular.

— O que você chama de assunto pessoal aconteceu dentro do quartel, o que significa que se torna um problema que precisa ser tratado pelo capitão. Lá fora, você resolve seus assuntos pessoais.

Frank não proferiu mais palavras, mas era perceptível que Eddie parecia apreciar a situação. Enquanto Frank refletia sobre isso, dentro do quartel, a conversa entre o capitão e Calvin começava.

— Houve uma queixa sobre uma agressão de sua parte a um dos seus colegas. Isso procede? — perguntou o capitão, encarando Calvin.

— Foi o Frank quem fez a queixa? — Calvin buscou confirmar se era ele.

— Não foi o Frank, mas pela sua pergunta, presumo que seja verdade. Vou falar sem formalidades, já que nos conhecemos há muito tempo. Só quero entender o que passou pela sua cabeça para agir assim. Isso nunca aconteceu antes; você sempre canalizou sua raiva nos treinos na academia do quartel. O que levou a esse ato imprudente?

Calvin se perguntava quem teria feito a denúncia, mesmo sabendo que seria inevitável que o capitão ficasse ciente do ocorrido. A pessoa foi rápida em contar o que havia acontecido, e embora Calvin não quisesse expor o assunto, respondeu da melhor forma possível.

— Sinto muito pelo que aconteceu. Sei que fui impulsivo, e garanto que não se repetirá. O motivo é um assunto pessoal entre mim e o Frank, mas asseguro que vou resolver o mais rápido possível.

O capitão, que já estava sentado, levantou-se e foi até onde Calvin estava, colocando a mão em seu ombro.

— Calvin, seu pai teria orgulho do homem que você se tornou. Não sei qual é o problema que você teve com o Frank, mas não pode deixar que isso afete seu trabalho.

Ele soltou o ombro de Calvin e começou a caminhar pela sala.

— Todos aqui já sabem que te conheço há muito tempo, que trabalhei com o seu pai. O que aconteceu requer correção, e se eu não tomar alguma medida disciplinar, vão dizer que você tem privilégios aqui devido à minha amizade com seu pai. — O capitão tentou explicar.

— Entendo, e não esperava que passasse a mão na minha cabeça. Meu pai e o senhor me ensinaram a ser responsável por minhas ações e a aceitar as consequências dos meus atos. Seja qual for a punição, estou pronto para recebê-la.

O capitão olhou para as costas de Calvin e esboçou um sorriso de orgulho pela atitude do bombeiro. Talvez outra pessoa no lugar dele quisesse questionar ou até colocar a culpa na outra parte, mas ele sabia que Calvin faria diferente.

— Se o Frank não apresentar uma queixa contra você, você será suspenso por três dias, sem remuneração, já que ele não ficou gravemente ferido com o soco que levou. Se ele apresentar queixa, isso pode aumentar para semanas ou até um mês; isso vai depender dele. Assim que ele voltar, vou falar com ele, e dependendo do que ele disser, sua punição será decidida.

Calvin se levantou e ficou frente a frente com o capitão.

— Obrigado. Como já disse uma vez e repito, o senhor foi como um pai para mim depois que o meu pai se foi, sendo meu segundo modelo de homem. Agradeço por me apoiar, mas também por me repreender quando necessário.

Calvin estava sendo sincero, e após suas palavras, abraçou o capitão.

— Vamos parar com sentimentalismos, já estou velho para isso. Hoje, cumpra o dia normalmente. Se houver outra emergência, você irá com a equipe reserva, e no final do seu expediente, veremos como ficará sua situação.

O capitão informou, e Calvin agradeceu mais uma vez antes de sair da sala. A ideia de que toda aquela confusão era resultado de uma escolha errada na pessoa com quem se envolveu o deixava ainda mais frustrado. Sentia-se culpado por ter se deixado levar pelos olhares e sorrisos de Frank, e agora se via como um verdadeiro idiota por começar a se apaixonar por ele.

A equipe em que Calvin estava também teve uma emergência e, quando chegaram, Frank e os outros já haviam retornado. Calvin, ao encerrar seu expediente, dirigiu-se ao vestiário para tomar um banho.

Ao despir-se e enrolar-se em uma toalha, dirigiu-se ao chuveiro. Frank estava entre os que estavam lá, então Calvin passou por trás dele, evitando olhar na sua direção para não relembrar o que haviam feito, as sensações da pele de Frank em sua mão e os gemidos do colega.

Calvin não sabia se o capitão já havia falado com Frank ou qual seria a punição, já que basicamente isso dependeria da pessoa que imaginava que estava com raiva dele pelo soco. Ele começou seu banho, mantendo sua atenção em Frank pelo canto do olho.

Calvin percebeu quando Frank saiu do chuveiro, enrolou-se na toalha e se aproximou, mesmo ciente dos olhares curiosos sobre eles.

— Será que agora pode me escutar? — Frank pediu, embora Calvin ainda não o estivesse olhando.

Calvin terminou de enxaguar o sabonete do corpo, desligou o chuveiro e pegou sua toalha. Ao se enrolar, ficou de frente para Frank, mas não proferiu palavra alguma. Outros que ainda estavam no banho começaram a observar, inclusive um amigo de Calvin, que ficou em alerta, pronto para intervir caso o amigo perdesse a calma e agisse de forma imprudente como antes.

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Comments

Clesiane Paulino

Clesiane Paulino

vc tem que chamar ele pra conversar fora do trabalho Frank... apesar de vc não merecer😤😤😤

2024-11-17

0

Expedita Oliveira

Expedita Oliveira

Sem comentários ...

2024-11-28

0

Maria Pinheiro

Maria Pinheiro

Frank é muito sem noção conversar o que ? na frente de todo mundo ?
O que eles tem pra conversar tem que ser fora dali .

2024-10-20

0

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Atualizado até capítulo 75

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