Capítulo 9

Dereck ficou por mais algum tempo em seu consultório, refletindo sobre o que fazer e como as coisas haviam chegado a esse ponto. Antes, ele não tinha ideia do motivo pelo qual as pessoas o olhavam de maneira estranha, então, era fácil circular pelos corredores. No entanto, agora, ciente de que a maioria das pessoas que trabalhavam ali tinham visto aquele vídeo constrangedor, a situação tornou-se humilhante.

Apesar de não ter certeza de como enfrentaria a todos, Dereck sentia a necessidade de procurar a pessoa responsável pelo problema e confrontar George pelo que ele fez. Além disso, desejava compreender os motivos por trás da situação, pois estava convicto de que nunca tinha ofendido ou maltratado George anteriormente.

Dereck informou que não poderia atender mais pacientes naquele momento e solicitou que os encaminhassem para outro médico, considerando que o assunto não poderia ser adiado. Respirou fundo e deixou seu consultório, percorrendo os corredores do hospital. Apesar dos olhares persistentes, ele tentou ignorar as atenções indesejadas e concentrou-se em seu objetivo.

Após algum tempo de busca, conseguiu localizar George, mesmo que ele não estivesse sozinho, tinha necessidade de abordá-lo e Dereck falou de maneira séria:

— George, precisamos conversar — disse, percebendo que George dirigia seu olhar para a pessoa ao seu lado.

— Estou ocupado agora, doutor. Como pode ver, estou no meu horário de trabalho. Talvez…

— Isso não pode esperar. Você não se preocupou em estar em horário de trabalho para fazer o que fez. — Dereck interrompeu, adotando um tom de voz pouco usual.

A pessoa que estava ao lado de George percebeu que as coisas não estavam boas e ofereceu cobertura, sugerindo que George poderia resolver o assunto com Dereck. Em um gesto compreensivo, ela se afastou, deixando os dois a sós.

— Vem comigo! — Dereck falou, conduzindo George em direção às escadas de emergência.

Uma vez dentro desse espaço mais reservado, o médico foi direto ao ponto, sem rodeios.

— Será que pode me explicar o que pensa que está fazendo, ou melhor, o que fez comigo? — questionou Dereck, sua voz subindo um pouco.

George apertava o maxilar e evitava encará-lo. Por alguns instantes, parecia lutar para encontrar uma resposta, aumentando a tensão entre eles. Finalmente, depois de uma breve hesitação, ele conseguiu pronunciar algumas palavras.

— Não sei como isso aconteceu, alguém pode ter visto no meu celular e espalhado, eu…

— Você realmente acha que sou ingênuo? Eu sei que você fez uma aposta para provar que eu sou gay — afirmou Dereck, com a voz carregada de frustração.

— Eu só… não pensei que… — George não conseguia encontrar as palavras.

— Pensou o que, George? Que seria engraçado me expor desse jeito? Não considerou que isso poderia me prejudicar aqui dentro? Você se aproximou de mim fingindo interesse, gravou um vídeo íntimo meu e expôs para os meus colegas de trabalho. Me diz, valeu a pena? Tem tanta necessidade de aparecer assim, ou você é apenas doente?

Dereck não costumava ficar tão nervoso como estava naquele momento, mas diante do que estava sentindo, não via outra forma de extravasar toda a frustração e decepção que o assolavam naquele momento.

— Você está me ofendendo — reclamou George.

— Ofendendo você? E quanto ao que você fez? Acredita mesmo que o ofendido aqui tem que ser você? Você não teve coragem suficiente para deixar o seu rosto exposto, apenas o meu. Isso só confirma o quão covarde você é.

Dereck deu mais um passo à frente, enquanto George recuou.

— Agora eu queria saber, o que vai mudar na sua vida ou na vida das pessoas desse hospital se eles souberem ou não sobre minha orientação sexual? Ser gay me faz menos competente no que faço? — questionou, tentando entender o que se passava na cabeça dele.

— Quer saber mesmo? Eu sempre te achei arrogante, com uma pose superior, como se fosse perfeito em tudo. Eu queria que as pessoas vissem que você não é tão perfeito assim, que você também comete erros, e assim você iria descer desse pedestal — George respondeu com arrogância.

Dereck sorriu com incredulidade diante do que ouviu. Ele esfregou a testa, continuando a conversa.

— De que erros está falando? Ser gay? Esse é o erro? E quanto à sua desculpa de que sou arrogante, isso não cola. Quando me viu ser arrogante com alguém aqui? Nunca destratei ninguém, sempre cumprimentei e falei com todos. Apenas não sou bom em socializar, sou discreto e sempre fico na minha. Esse é o meu jeito, e não arrogância.

— Você sempre soube que várias meninas se derretem por você, mas nunca disse nada para elas, para que desistissem de você. Por que não disse para elas que era gay? Além de outras pessoas que têm o direito de saber e escolher se querem trabalhar ao seu lado.

Dereck, ouvindo aqueles absurdos, começou a compreender onde ele queria chegar.

— Acho que o problema aqui é o preconceito e a homofobia sua e de outras pessoas, e não minha arrogância. Quanto à minha orientação sexual, não diz respeito a mais ninguém além de mim. Se algum de vocês tivesse me perguntado abertamente, eu teria respondido, mesmo sabendo que existem pessoas como você. Agora, achar que eu deveria sair avisando a todos se gosto ou não de mulher, isso não faz sentido.

Dereck respondeu e respirou fundo, consciente de que estava se exaltando demais. Mesmo que sua vontade fosse dar um soco na cara de George, ele precisava se controlar.

— Sua atitude de merda não vai ficar assim. Você trate de apagar aquele vídeo. Saiba que vou tomar todas as providências cabíveis para fazer você pagar pelo que fez.

Até ouvir essa frase, George permaneceu mais quieto, apenas ouvindo o que Dereck tinha a dizer, reconhecendo, no fundo, que ele tinha o direito de desabafar. No entanto, depois de ouvir aquilo, George revidou.

— Pense bem no que vai fazer, doutor. Eu não sou bobo, eu sabia que isso poderia sair do controle, então acha mesmo que não pensei em me proteger de alguma forma? Por que não vai falar com o diretor primeiro? Acredito que você vai achar interessante a conversa que vocês irão ter. Você é o único que aparece fazendo algo naquele vídeo, sabe quantas histórias poderiam surgir? A parte mais fraca e frágil aqui sou eu.

Dereck teve um mau pressentimento ao ouvir o que ele disse. Antes que pudesse questionar o que ele queria dizer, recebeu uma ligação e viu que era o diretor do hospital. Ao perceber o meio sorriso no rosto de George, soube que não era nada bom.

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Comments

Giovanna

Giovanna

também sou igual Derek e o povo além de me chamar de arrogante ainda me chamam de lésbicas povo véi chato

2025-02-11

0

Expedita Oliveira

Expedita Oliveira

Esse escroto, merece muita porrada e ser prezo...

2024-11-28

2

Eternal Whisper

Eternal Whisper

sim, dereck, ele é doente que quer atenção.

2025-02-09

1

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Atualizado até capítulo 75

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